terça-feira, 30 de agosto de 2011

MANUEL SÉRGIO fala de JOSÉ MOURINHO

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Geração da Coragem de Parabéns! Afinal o que é Nacional é Bom!

Apesar de não terem conseguido alcançar o primeiro lugar, no Mundial de Futebol sub 20 da FIFA/Colômbia 2011, os jogadores, equipa técnica e todo o staff, dignificaram o nosso país, o nosso desporto, o nosso futebol e a nossa formação. Há quem diga para aí, que a nossa formação está a perder qualidade, que os jogadores já não têm a mesma atitude que tinham outrora! Aqui está a clara evidência que ainda se faz formação de qualidade, condimentada com valores que levam ao sucesso competitivo das equipas do futebol dos escalões mais novos. Em sete jogos disputados, ficou evidente que os jogadores portugueses quiseram demonstrar aos senhores das decisões do futebol, que têm qualidade para assinar contratos profissionais, em equipas de patamar superior. Dos vinte e um jogadores presentes nesta prova, apenas oito estarão, esta época, a consolidar as suas carreiras na Primeira Liga Portuguesa. Este número ainda poderá ser alterado, pois existem decisões pendentes, das políticas de empréstimo dos clubes. Talvez seja melhor caçar talentos estrangeiros, dando oportunidade de realizar a tão rentável movimentação de capital, que enche bolsos mas não alimenta, nem dá continuidade à formação portuguesa. Até ao momento, dos clubes de referência nacional, só o Sport Lisboa e Benfica tem inscrito, na sua equipa profissional, jogadores sub 20, que representaram a equipa das quinas neste mundial. Estaremos atentos para saber se é uma decisão definitiva.
O que é certo é que deste plantel representativo da Geração da Coragem, oito estarão a dar continuidade ao trabalho maturacional que se segue à formação, em clubes estrangeiros. Seis deles em primeiras ligas (Suíça, Bélgica, Espanha, Itália), talvez o campeonato português, não possua aquele “efeito estufa” que permite amadurecer tanto jogador de futebol. Por aquilo que já se viu deste arranque da Liga Zon Sagres, arrisco-me a opinar, que muitos destes jogadores sub 20, fariam bem melhor, que alguns dos estrangeiros contratados. Digo isto com todo o respeito pelos estrangeiros, salvaguardando que devem ter todas as oportunidades de empregabilidade no nosso país, mas apenas quando é mais rentável do que contratar os jovens portugueses. E quando falo em rentabilidade, refiro-me à relação entre preço e qualidade desportiva. Neste sentido, se dessem as devidas oportunidades a estes jovens, teríamos, mais Valor, mais Coragem, mais Qualidade e por ventura menos Dinheiro gasto. Ups! Talvez seja o facto de não se gastar tanto dinheiro que bloqueie a permanência destes jovens em Portugal! É que este leva e trás de jogadores dá cá uma “Comichão” a alguns senhores!
Bem, ignorando estas doenças financeiras que parecem não ter fim à vista, como a maioria das pessoas o faz, fiquemos contentes pelo nosso honroso segundo lugar e pela associada distinção de três jogadores pela FIFA: Mika (melhor guarda-redes), Nélson Oliveira (segundo melhor jogador) e Danilo (terceiro melhor jogador do Mundial).
Finalizo este artigo com as palavras reiteradas pelo nosso seleccionador Ilídio Vale: “Este Mundial permitiu revelar vários jogadores portugueses, como foram os casos do Mika, Danilo e Nélson Oliveira. É a prova que Portugal tem excelentes jogadores para o futuro”.
Compreender as entrelinhas do discurso de alguém, é o caminho para a compreender!

                                           Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 23.08.2011

sábado, 20 de agosto de 2011

Mika foi o herói… mas não só!!!

A Selecção Nacional de Sub 20 despoletou um surpreendente “milagre”!  Pois é… o desporto tem destas coisas! Depois de um jogo altamente emocionante, disputado entre Portugal e Argentina, partida que dava acesso aos quartos de final do Campeonato do Mundo de Sub 20, as duas equipas foram obrigadas a discutir o jogo através das marcas de grande penalidade, devido ao facto de terem chegado ao final dos 90 minutos e prolongamento empatadas. Nos três primeiros penaltis marcados, Portugal já tinha falhado dois, sem que a selecção da Argentina tivesse falhado algum. Conhecendo o que normalmente sucede nestas formas de desempate, poucas pessoas acreditariam que seria possível, a Selecção Portuguesa dar a volta ao resultado. Até que surgem as duas surpreendentes defesas de Mika, guarda-redes da nossa Selecção. Na verdade o que aconteceu não foi um milagre, ou um adivinhar das trajectórias da bola. Foi sim, um comportamento previsto pelo guarda-redes, depois de uma alta especialização da tarefa de defender grandes penalidades. Foi uma sensibilidade desenvolvida pelo guarda-redes ao longo da sua carreira, proporcionando a optimização da capacidade de recolher informação do jogador que marca, tratar essa mesma informação recolhida e realizar uma resposta em função do contexto com que se depara… é sem dúvida uma capacidade de tomar decisões altamente especializada para a função que desempenha.

Se estudarmos as imagens, recorrendo a alguns programas de análise de performance, conseguimos perceber que nas duas grandes penalidades defendidas por Mika, o guarda redes da Selecção Portuguesa, iniciou o seu deslocamento em “direcção à defesa”, alguns décimos de segundo antes do jogador que marcou o penalti, tocar na bola. Mika tomou a sua decisão depois do pé de apoio do marcador da grande penalidade estar seguramente fixo no solo e o  membro inferior que vai rematar a bola estar em clara aceleração. Neste movimento de remate, o guarda-redes realizou uma previsão dos locais onde a bola poderia ser tocada pelo jogador, e das trajectórias que a mesma pode percorrer. É sem dúvida surpreendente que isto possa ser realizado num curtíssimo espaço de tempo, mas é realmente possível com um treino premeditado para o efeito, ou uma sensibilidade desenvolvida pela prática. Veja na figura apresentada.

Mika realizou um feito notável! Sendo a figura mediática do jogo, teve a oportunidade de se vanglorias das suas defesas. Mas não foi o que aconteceu! Foi humilde, mostrando pelas suas palavras à comunicação social, que a vitória foi da equipa e não apenas dele. “Heróis foram todos os jogadores, que lutaram durante os 120 minutos. Não me sinto herói por ter defendido, porque os meus colegas também marcaram”.

Na verdade apenas cumpriu a sua tarefa, e só o conseguiu porque o contexto envolvente lhe proporcionou um ambiente que lhe permitiu realizar a sua tarefa na melhor da sua performance. Foi humildemente justo, e para além de ser determinante para Portugal chegar às meias-finais deste Campeonato do Mundo, patamar que não alcançava desde 1995, foi determinante para aumentar a coesão do grupo de trabalho.
Espero que consigamos ir ainda mais longe…
Compreender as entrelinhas do discurso de alguém, é o caminho para a compreender!

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 17.08.2011

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Pré época em acção! Da Mata ao Campo de Futebol!...

Antes de iniciar a abordagem ao tema que esta semana vos apresento, gostaria de saudar todos os leitores da Tribuna Desportiva, esperando que tenham tido umas boas férias, suficientes para repor os níveis óptimos de energia, para mais um ano de árduo trabalho.

Relativamente ao tema que hoje vos trago, quando menciono o termo pré época, refiro-me ao período de preparação posterior às férias e que antecede as competições oficiais.
Com a evolução das metodologias de treino, a forma de planificar a fase pré competitiva tem sofrido modificações significativas. Há uns anos atrás via-se com mais regularidade, equipas de futebol a prepararem-se para as competições em espaços como praias, matas, campos de golfe, etc. Estas actividades tinham como principal objectivo preparar fisicamente os seus jogadores, no sentido de desenvolverem as suas capacidades motoras (força, resistência, velocidade…). Actualmente, devido aos estudos realizados e decorrente evolução das metodologias de treino, sabe-se que capacidades motoras como a resistência, quando desenvolvidas numa corrida realizada numa mata, nada têm a ver com a resistência necessária para um jogo de futebol. Pois, no jogo, o praticante para além da resistência à fadiga, proveniente da deslocação pelo terreno de jogo, necessita simultaneamente de passar a bola, rematar, tomar decisões em função da posição de adversários e colegas de equipa, etc. Esta relação, de acções técnico-tácticas, vista de uma forma inseparável das capacidades motoras, está ligada ao princípio da especificidade que abordei por diversas vezes em artigos anteriores.
 
 
Assim, a pré época deverá preparar a equipa, para que seja capaz de adoptar os comportamentos, que retratam a forma de jogar, idealizada pelo seu treinador, e isto só se poderá concretizar através de exercícios contextualizados, que retratem o jogo formal ou uma fase deste. Quando me refiro a retratar o jogo, incluo o ritmo, a intensidade, as distâncias, os tempos em que as acções técnico-tácticas acontecem, etc. Se o exercício retratar as condições do jogo, automaticamente as “capacidades motoras” que ele exige, vão ser desenvolvidas de uma forma rentável, sem que haja percas de tempo com exercícios que pouco contribuem, para o desenvolvimento da identidade retratada pelo modelo de jogo idealizado pelo treinador.
Neste sentido deixo-vos algumas declarações de Mourinho que li à uns anos atrás no marcante livro Porquê Tantas Vitórias (2006), opiniões que subscrevo na integra:
 
 
Quando vejo referência às pré-temporadas das nossas equipas e me mostram imagens de atletas a correr, a trabalhar no espaço que não é o campo de futebol, da praia ao campo de golfe, dou comigo a pensar que são métodos ultrapassados, para não dizer arcaicos.
 
 
A forma não é física. A forma é muito mais do que isso. O físico é menos importante na abrangência da forma desportiva.
 
 
Não sei onde começa o físico e acaba o psicológico e o táctico. Para mim, o futebol é globalidade, o jogador também, e não consigo fazer a divisão.
 
 
Eu não faço trabalho físico. E quando dizem que o Porto está muito bem preparado fisicamente refuto isso totalmente. O Porto utiliza uma metodologia que rompe com todos os conceitos tradicionais de treino analítico.
 
 
Não acredito, no futebol de hoje, em equipas bem fisicamente e outras mal. […] Há equipas adaptadas, ou não, à forma de jogar do seu treinador. O que nós procuramos é que a equipa se consiga adaptar ao tipo de esforço que a nossa forma de jogar exige.
 
 
Hoje, na minha metodologia, não há espaço para o preparador físico tradicional.”
 
 
Que depois deste período de férias, a actividade desportiva seja uma constante nas vossas vidas! De preferência com a especificidade necessária para os objectivos que se propõem alcançar, sejam atingidos de uma forma rentável. Isto só se torna possível, com uma planificação rigorosa e precisa, alicerçada no domínio de conceitos inovadores, operacionalizados de uma forma profissional.
 
 
Compreender as entrelinhas do discurso de alguém, é o caminho para a compreender!