sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Feliz Natal e um Próspero 2012

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

FINANCIAL FAIR PLAY ANTÍDOTO PARA A CRISE NO FUTEBOL!

Num período em que a maior parte das pessoas pensam no espírito natalício, as mais altas estruturas do mundo do futebol, pensam seriamente nos mercados de transferências, no sentido de equilibrarem as finanças dos seus clubes ou aumentar o potencial desportivo, através da aquisição de novos jogadores. São grandes contas que têm de fazer, equacionando se o mais importante é realizar encaixes financeiros, ou se por outro lado, soltar os cordões à bolsa para aumentar a qualidade dos recursos humanos que integram a equipa, aumentando simultaneamente a capacidade da mesma responder às exigências das competições em que participam. É realmente uma gestão fácil de comentar ou opinar, mas na prática são tomadas decisões de grande complexidade e responsabilidade, ou pelo menos deveriam ser! Sabendo que financeiramente, os clubes atravessam algumas dificuldades, decorrentes de “gestões” menos eficazes, à semelhança das irresponsabilidades de liderança cometidas com a economia do país, as contas devem ser feitas de forma ainda mais responsável, no que diz respeito à compra e venda de activos.
Segundo o site Futebol Finance, a Europa do futebol está a implementar um sistema de controlo de finanças dos clubes, não permitindo que equipas com dívidas avultadas, possam fazer frente a equipas cumpridoras dos seus compromissos financeiros pois, se estes fatos continuam a verificar-se, a competitividade desportiva tornar-se-á ainda mais desleal. Este programa FFP – Financial Fair Play, cujas regras são estabelecidas pela UEFA, apenas terão aplicabilidade prática na época desportiva 2013/2014, mas a análise financeira dos clubes, será tida em conta desde 2009 até 2012. Os incumpridores terão severas sanções, o que me parece uma boa medida.
FUNCIONAMENTO DO FINANCIAL FAIR PLAY
1. O Financial Fair Play é um sistema de controlo das finanças, que tem como objectivo o saneamento financeiro dos clubes que participam nas provas organizadas pela Uefa.
2. O Financial Fair Play pretende obrigar os clubes a não terem despesas superiores às receitas no conjunto das últimas 3 temporadas. Gastando apenas o que têm e não o que podem vir a ter.
3. Os cálculos do Financial Fair Play incidem principalmente nas receitas de direitos tv, bilheteira, publicidade, patrocínios e transferências de jogadores. As despesas incluem, os custos operacionais, custos com pessoal, transferências de jogadores e amortizações dos seus passes. Não estão incluídas as actividades do futebol de formação e actividades extra futebol.
4. O Financial Fair Play entra em vigor na temporada de 2013/14, no entanto já serão levados em conta os exercícios dos clubes correspondentes às temporadas de 2011/12 e 2012/13.
5. Na inicio da avaliação (em 2013/14), os clubes não podem registar perdas superiores a 45 milhões de Euros no conjunto das duas temporadas anteriores (2011/12 e 2012/13). Em 2014/15 os clubes não podem registar perdas superiores a 45 milhões de Euros nas 3 temporadas anteriores (2011/12, 2012/13 e 2013/14). De 2015/16 a 2017/18 as perdas não podem ser superiores a 30 milhões de Euros.
6. Sempre que um clube apresentar perdas superiores a 5 milhões de Euros, passa a estar sob avaliação do Painel de Controlo das Finanças dos Clubes da UEFA. É então obrigado a apresentar relatórios trimestrais e planos para solucionar o problema. Se o clube ultrapassar os limites previstos nos pontos anteriores é aberto um processo disciplinar pela Uefa.
7. As sanções disciplinares são avaliadas individualmente levando em conta a situação do clube e podem passar pela (a) suspensão da actividade desportiva, (b) exclusão da competição, (c) retirada de pontos nas competições europeias, (d) proibição de inscrição de jogadores.” (in http://www.futebolfinance.com)

Este apertado controlo financeiro aos clubes que participam nas competições organizadas pela UEFA, deveria servir seriamente de exemplo, às organizações máximas que gerem as ligas de cada país.
Se o leitor vê estas medidas como uma forte ameaça à competitividade das grandes equipas, pela incapacidade de contratar melhores jogadores, poderá também ver estas medidas como uma oportunidade que obrigará os clubes a reestruturarem-se, de forma a apostarem seriamente na formação dos seus jovens jogadores, no desenvolvimento e rentabilização das suas infra-estruturas, terminando com as especulações de mercado que se verificam a nível mundial, optimizando assim, a justiça desportiva e social.

REMATE DA SEMANA: “Não devemos ter medo dos confrontos, pois até os planetas se chocam, e do caos nascem as estrelas.” Charles Chaplin

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 13.12.2011

domingo, 11 de dezembro de 2011

Vitória ou Derrota: atribuímos as culpas a quem?

No sentido de avaliar as causas do sucesso ou insucesso desportivo, desde o jogador ao espetador, todos tentam perceber quais as causas que proporcionaram o resultado desportivo alcançado. Expressões como “não tivemos a sorte do jogo”, “a equipa de arbitragem prejudicou-nos”, “fomos muito organizados”, etc., são reações habituais dos elementos das respetivas equipas, que se apresentam nas conferências de imprensa, flash interview e outros momentos de comunicação. No meio desportivo, todos procuram incansavelmente explicações para os acontecimentos competitivos, no sentido de realizar uma avaliação de desempenho dos diferentes intervenientes. Estas justificações são tão variáveis, subjetivas e suscetíveis de cunhos pessoais, que para o mesmo acontecimento poderemos ter justificações diferentes, para o rendimento desportivo. Para o mesmo acontecimento, se consultar-mos diferentes pessoas, iremos obter distintas opiniões acerca do mesmo. Na área da psicologia, existem inúmeros estudos sobre esta temática denominada Atribuição Causal.

Segundo Sousa P. (2008), a atribuição causal assume-se como a evidência da forma como os atletas percepcionam e explicam os seus resultados desportivos. Estas explicações dadas pelos desportistas, apresentam uma relação com os seus comportamentos futuros, influenciando, consequentemente, as suas expetativas e motivações. Neste sentido, é importante que saibamos que algumas palavras depois de um jogo, podem dar importantes indicadores do estado psicológico de um desportista e/ou equipa, nomeadamente a sua motivação/desmotivação, sentimento de sucesso/fracasso, expetativa e aspirações, etc.
Muitos investigadores, estudaram a atribuição na vitória e na derrota, concluindo que existe uma evidente tendência para atribuir à vitória causas internas como o esforço, a dedicação, a organização, o espírito de equipa… e à derrota atribuir fatores externos como a falta de sorte, dificuldade da tarefa, o estado do terreno de jogo, etc.

Torna-se importante reter a importância das atribuições. O treinador deve condicionar através dos feedbacks que vai dando, nos momentos de comunicação com os seus jogadores, que o sucesso é predominantemente influenciado por causas internas, como o esforço, dedicação, coesão do grupo, organização tática, qualidade técnica, etc. Quando o inverso se verifica, ou seja, a atribuição dos resultados é ligada predominantemente a causa externas como: o árbitro, o estado do terreno, a sorte ou o azar, o jogador começa a interiorizar que não tem forte influência sobre o resultado desportivo. Consequentemente, cria um sentimento associado, que treinar bem e dedicar-se no jogo não tem grande influência para o rendimento desportivo, pois mais tarde ou mais cedo, fatores externos irão intervir na competição. Por este motivo, é que vários especialistas na área da psicologia do desporto, referem que as atribuições terão grande influência no futuro. Importante será mencionar que tanto na vitória como na derrota, a maior influência sobre o resultado desportivo, deverá ser atribuído a causas internas. Ora vejamos, segundo Fonseca (1999) o atleta que alcançou a meta para a qual se havia preparado mas que, em vez de atribuir esse sucesso à sorte, o atribui ao esforço que investiu nos treinos que antecederam a competição, tenderá a sentir um sentimento acrescido de orgulho em si. Estes sentimentos, aumentam a percepção de competência do desportista, e consequentemente a sua motivação para se dedicar tanto em treinos como na competição, trabalhando incansavelmente para se transcender para um patamar de rendimento superior.

Mas quando é que devemos atribuir a derrota a causas externas? Segundo Weiner (1992), se frequentemente os resultados negativos são atribuídos a causas estáveis internas, poderão despoletar um sentimento de desânimo, impotência e descontrolo. As emoções relacionadas com o desânimo podem resultar na desistência.

Neste sentido, os líderes do processo, deverão equilibrar as emoções dos desportistas, através das atribuições que realizam aos resultados desportivos, evitando assim, a regularidade de atribuir a causas externas o insucesso e a causas internas o sucesso, vendo a atribuição e as reflexões sobre os resultados obtidos, como um meio para mobilizar os seus desportistas para os objetivos da equipa e/ou clube, nas diferentes competições.



Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 6-12-2011

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Violência! Para que te quero?

 À medida que avança a história da humanidade, evolui a tecnologia, o ensino, os instrumentos que utilizamos diariamente para que tenhamos melhor qualidade de vida, etc. Mas perante toda a evolução, parece-me que existem alguns contextos em que não conseguimos revelar grande crescimento. Ao invés dos progressos que tanto desejamos, para que a nossa qualidade de vida melhore, algumas pessoas insistem em aproveitar o contexto desportivo, para revelar uma extrema incapacidade de controlar o seu estilo primitivo de agressividade, má educação, falta de bom senso, etc.
 É verdade que a exigência social com que nos deparamos nos dias de hoje, leva a que a nossa vida nos proporcione um acumular de stressantes energias, que por sua vez despoletam uma nítida necessidade de libertação desses negativos estados emocionais. O equilíbrio emocional, poderá ser recuperado de várias formas, mas prejudicando os outros parece-me que seja o caminho errado. Esta semana assistimos a mais uma cena lamentável de destruição e violência, sinal evidente de retrocesso sócio-cultural. Refiro-me ao incêndio que deflagrou no topo da bancada norte do Estádio da Luz, após o jogo Benfica-Sporting, provocada mais uma vez por, “não sei quem”! Com isto não quero tomar partido de qualquer um dos clubes, pois comportamentos violentos, infelizmente são apanágio habitual de adeptos de qualquer um dos clubes portugueses. Sem dúvida, que sempre que isto acontece, pessoas que nada têm a ver com a situação, poderão ser gravemente prejudicadas. Neste sentido, penso que será importante que as autoridades penalizem implacavelmente sujeitos que pratiquem este tipo de comportamentos, carentes de civismo e boa educação.
Assistir a espectáculos desportivos, cinema, teatro… são atividades de lazer, que qualquer família terá o direito de desfrutar, com todo o conforto e segurança. O desenvolvimento destas atividades, é diretamente influenciado pelo número de espetadores envolvidos na assistência dos eventos. Quanto maior procura houver, maior necessidade existirá por parte das entidades organizadoras, de aumentar a sua qualidade. É evidente que se os senhores que diminuem o estado de conforto e segurança destes eventos, não sofrerem consequências implacáveis, teremos grandes prejuízos associados. Neste sentido, os transgressores não deverão ser apenas multados, mas sim severamente “castigados”.
Infelizmente a violência não se restringe apenas ao que se passa nas bancadas. Muitas vezes são consequências de algumas “faíscas” causadas por palavras ou comportamentos de dirigentes, jogadores, comunicação social, entre outros, que de uma forma irresponsável, acendem um “rastilho”, ligado ao “dinamite” dos adeptos dos clubes, que espontaneamente explode nas bancadas ou fora delas, devendo-se este facto, a uma carência de controlo emocional dos vários intervenientes. 

REMATE DA SEMANA: "A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota." Jean-Paul Sartre

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 29.11.2011