terça-feira, 29 de maio de 2012

E assim se faz a história da Taça de Portugal!


A taça de Portugal é a segunda prova mais relevante do nosso país. É uma prova de honra, que proporciona às equipas de divisões inferiores, a oportunidade de se defrontar com equipas da primeira e segunda liga. É na Taça de Portugal que estas equipas, com menos projeção por parte dos média, têm uma maior visibilidade, proporcionando paralelamente um maior interesse por parte da sua massa associativa e simpatizante. O fenómeno da Taça de Portugal dá a oportunidade a que alguns clubes realizem encaixes financeiros significativos, tanto com as receitas de bilheteiras, como com o aumento das sinergias criadas com sponsors, etc.

É no Centro Desportivo Nacional do Jamor, anteriormente conhecido como Estádio Nacional do Jamor, que predomina o maior número de finais disputadas da Taça de Portugal. Este estádio, inaugurado em 10 de junho de 1944, foi construído não só para a prática desportiva, mas também para proporcionar aos cidadãos, um local para a realização de manifestações sociais. Na sua existência, goza da honra de ter sido o palco de uma Taça dos Campeões Europeus, o que hoje em dia, seria completamente impossível, pelas suas caraterísticas. Esta infraestrutura desportiva parou no tempo, não acompanhou a evolução das necessidades associadas ao espetáculo, que envolve um jogo de futebol, tanto ao nível do conforto, como ao nível de segurança, acessibilidade, etc. Infelizmente, quando se fizeram investimentos em estádios, na altura do Euro 2004, deixou-se de lado a oportunidade de investir na casa da Seleção Nacional, para se investir em estádios que hoje em dia, quando recebem jogos de futebol não são ocupados em um décimo da sua lotação. Enfim, nalguns sítios, o joelho ainda serve de mesa para fazer contas!

Este fim de semana foi a Académica de Coimbra, que ganhou a mais recente edição da Taça de Portugal. Esperaram 42 anos para ter uma nova oportunidade de disputar a final no Jamor, os estudantes não sentiam o sabor da vitória há 73 anos. Relembro que foi a Académica de Coimbra a primeira equipa a vencer a Taça de Portugal.

Depois de uma época difícil, em que a manutenção na primeira liga foi garantida por uma unha negra, a equipa da Académica ganhou na Taça de Portugal, um novo alento para a próxima época. Foi isso que revelou o seu presidente quando refere que “é uma responsabilidade muito grande ter ganho a Taça de Portugal e ter acesso direto à fase de grupos da Liga Europa.” Mostrou até intenções que Pedro Emanuel cumprisse o seu contrato até ao fim quando expressa, "Pedro Emanuel tem um contrato de dois anos, por isso é para continuar.” Preocupações evidentes na época que se avizinha.

O perigo de preparar uma época, depois de um clima de euforia, poderá desencadear um passo maior que a perna. É neste clima que muitas vezes se assumem compromissos financeiros, que não se conseguem cumprir. Gerir emoções, para a euforia não influenciar a gestão financeira dos clubes será fundamental. São mais que muitos, os clubes que acreditam que a “galinha tem ovo”, mas no afinal de contas, passa a época e nunca o chegaram a ver! Para esses só espero que se cumpra a legislação em vigor! Quem não é capaz de fazer orçamentos e cumprir, não pode gerir coisa nenhuma! Os treinadores que perdem são despedidos, os jogadores que não têm rendimento vão para clubes de dimensão inferior, os senhores que gerem mal os clubes continuam com a sua função. Porquê? E os clubes cumpridores? Parece-me haver aqui alguma deslealdade! É que muitos clubes que cumprem, não têm êxito desportivo, porque não fazem investimentos em capital humano, contratando jogadores de nível superior a quem sabem que não conseguem pagar! E isto é Fair Play?

Enfim, parabéns à Académica, foi um histórico que continua a fazer história no futebol português!

 REMATE DA SEMANA: O desporto é o único tipo de entretenimento em que, por muitas vezes que assista, continua sem saber o final.” Neil Simon

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 22.05.2012

Louvor para Pedro Proença: Afinal não é assim tão mau!


Aquele lema que outrora muito se ouvia: “ o que é nacional é bom”, parece que ficou à margem de alguns setores do futebol.

Quando falamos de arbitragem, muitos saltam das suas cadeiras, cheios de indignação, insinuando que são os senhores, que quase sempre vestem de amarelo, os responsáveis pela falta de êxito desportivo dos seus clubes de eleição. Estranho, que são bode expiatório para quase todas as situações. Para confirmar esta minha afirmação, basta termos o trabalho de cronometrarmos o tempo que se perde nos programas desportivos, a analisar a prestação dos árbitros de futebol, incidindo principalmente nos seus erros. Não é natural que errem? Todos os erros são premeditados? Todos os erros interferem diretamente no resultado do jogo? Servem estes erros para justificar a falta de eficácia das equipas? Penso que nunca nenhum programa de televisão, teve a ideia de analisar todos os erros do Hulk, do Cardoso, ou do Wolfswinkel durante um jogo, quando falham em frente à baliza, quando falham passes de fácil execução, quando não correm para os sítios certos! Será que os senhores comentadores não sabem analisar? Não querem? Ou não dá tanto espetáculo? Espere!... Estes podem errar, os senhores de amarelo não podem! Para uns errar é humano, para outros errar é incompetência e corrupção! Sinceramente não percebo!

O senhor Pedro Proença, árbitro português, foi esta época dos mais criticados pelas suas prestações. Durante a cegueira da derrota, vários dirigentes, treinadores, entre outros, apontaram-no de forma grosseira como um incompetente. Até o gesto insignificante de boa educação, ao congratular um treinador por ter vencido uma prova nacional fez comichão! Sinceramente não percebo!

Segundo o que li na comunicação social nacional, a UEFA, nomeou Pedro Proença para arbitrar a final da Liga dos Campeões, entre o Bayern e o Chelsea, no próximo sábado, às 19h30. O árbitro português será auxiliado por Tiago Trigo e Ricardo Santos. Os juízes de baliza serão Duarte Gomes e Jorge Sousa. Relembro que o árbitro de que vos falo, já terá sido nomeado para participar no Euro 2012 Ucrânia/Polónia, entre 8 junho e 1 de julho. Considero estranho o árbitro português, tanto apontado como responsável da falta de êxito de algumas equipas nacionais, seja reconhecido e nomeado para “apitar” jogos de tamanha responsabilidade! Chamo a isto “bofetada de luva branca”! A competência foi reconhecida e temos que enaltecer estas nomeações. Mais um português nos grandes palcos internacionais, se somos portugueses, temos inevitavelmente de torcer pelo seu sucesso!

Com tudo isto não quero extremar, dizendo que Pedro Proença, não errou nos jogos que dirigiu. Claro que errou, e alguns deles, até considero que foram bastante graves. Mas daí até se colocar em causa a sua competência e dignidade, penso que vai uma grande distância! Errar faz parte da atividade humana! Estranho é não reconhecer os erros, ultrapassa-los e enaltecer os bons momentos.

Se eu falar de Falcão, ponta de lança do Atlético de Madrid, o que pensa o caro leitor? Com certeza saltará na sua memória, as suas fabulosas qualidades e eficácia na finalização, os seus dotes futebolísticos, as suas movimentações que lhe permite condições bem favoráveis para rematar à baliza, enfim, tanta qualidade! Mas, alguém se lembra que este goleador colombiano desperdiçou duas grandes oportunidades, escandalosas, e terá sido um dos maiores responsáveis pelo nulo entre Atlético Madrid e Sevilha, num jogo disputado no início da época?

Porque razão para alguns intervenientes existem ressentimentos, e para outros não? O grande problema é que muita gente não pensa pela sua cabeça, e deixa-se levar pelas políticas de comunicação das instituições com que mais se identificam. Instituições que, por esta ou aquela razão, não podem ou não querem assumir os seus erros desportivos, tendo de encontrar alguém que fique com a responsabilidade do seu insucesso.

REMATE DA SEMANA: “Quem nunca errou que atire a primeira pedra” (Bíblia)

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 15.05.2012

domingo, 20 de maio de 2012

Paulo Bento! Renovação merecida e favorável!


O treinador Paulo Bento e toda a sua equipa técnica, renovaram merecidamente o seu contrato com a Federação Portuguesa de Futebol, até 2014. O que ele tinha vindo a reiterar, e bem, concretizou-se, proporcionando uma estabilidade a todos os níveis, no que diz respeito ao trabalho realizado com a nossa equipa das quinas. É sem dúvida, razão para dizer que o que está bem não se mexe!

Apesar de Paulo Bento ter referido que se a renovação não fosse concretizada, “iria com a mesma tranquilidade, ambição e profissionalismo” ao Europeu da Polónia e Ucrânia, sabemos que as coisas não seriam bem assim. A tranquilidade de saber que o nosso posto está estável, faz-nos transmitir os mesmos sentimentos aos que nos rodeiam pois, nas relações humanas, é evidente que as emoções têm poder de contágio. Portanto, em prol da otimização do rendimento desportivo da nossa seleção, e da continuidade de um ambiente favorável em redor da mesma, a renovação foi uma boa decisão!

Paulo Bento, na conferência de imprensa de 4 de maio, disse mesmo que “foi o melhor para a FPF, para mim e para o grupo", dando, de certa forma, razão ao que referi anteriormente… não seria a mesma coisa!

Meritoriamente, Paulo Bento conseguiu fazer o que o seu antecessor teve dificuldades em operacionalizar, no que diz respeito à dinâmica de grupo. O técnico luso, conseguiu “unir as tropas”, proporcionando com que todos rumassem para o mesmo lado. Mostras disso dá-nos Cristiano Ronaldo, quando refere: "como capitão, gostaria de dizer que acho a renovação do Paulo Bento bastante positiva para a seleção nacional e desejar-lhe toda a sorte". Mensagens transmitidas através da comunicação social, importantes tanto para dentro, como para fora do grupo de trabalho. A aprovação de uma figura de “peso” inquestionável como Ronaldo, terá um efeito de influência de opinião, para os diversos intervenientes no fenómeno desportivo, criando uma onda de aprovação, entre os elementos ligados à seleção.

Com esta renovação, na minha opinião, os responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol (F.P.F.), deram um bom exemplo aos clubes. Transmitiram que a estabilidade é um fator preponderante nas organizações, e isto aplica-se não só ao nível dos treinadores, como de todos os recursos que envolvem o clube e/ou seleção. Talvez a F.P.F. tenha dado uma lição aos seus filiados! O que está bem, ou no caminho pretendido, deve-se continuar a apoiar, transmitindo uma mensagem de confiança, serenidade e, fundamentalmente, contribuir para que as condições de trabalho sejam no mínimo as mesmas, e se possível melhores do que até então.

REMATE DA SEMANA: “Mera mudança não é crescimento. Crescimento é a síntese de mudança e continuidade, e onde não há continuidade não há crescimento.” C.S. Lewis

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 8.05.2012

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Jorge Jesus e os tiros nos pés!


A duas jornadas de acabar a Liga Zon Sagres, o título foi entregue. Jorge Jesus, esta época desportiva, pôs-se a jeito e levou uma estalada de luva branca! A sua presunção nalgumas declarações dadas à comunicação social foram autênticos tiros nos pés, como por exemplo, no dia 22 de Março, quando referiu: «Tenho a certeza que todos os jogadores que trabalharam comigo e que têm vocação vão ser treinadores. A universidade dos treinadores são os anos que tiveram como jogadores. É aí que se define a qualidade. Não são os cinco anos de faculdade, ou seja lá onde aprendem. Isso é só teoria. Os treinadores formam-se onde o Sérgio aprendeu, e eu também. Depois é preciso vocação. E posso estar enganado, mas penso que o Sérgio vai dar treinador».

O que vou passar a referir, em nada é contra o profissionalismo de Jorge Jesus (JJ) ou à instituição que representa, mas sim contra ao teor destas declarações que em vez de unir a classe dos treinadores, que de ética desportiva deveriam estar recheadas, apenas causa conflitos sem razão aparente.

Analisando as presunçosas declarações de JJ verifique:

1. “Tenho a certeza que todos os jogadores que trabalharam comigo e que têm vocação vão ser treinadores”. É realmente uma afirmação sui generis, abastada de uma vaidade desmedida na sua capacidade de “formar” treinadores. Mas, na minha opinião, é dizer a mesma coisa que um doente crónico, acompanhado toda a vida por um bom médico, ao final de alguns anos, se tiver vocação, conseguiria ser um bom médico também! É uma desvalorização desrespeitosa das instituições portuguesas que formam, e bem, os treinadores nacionais.


2. “A universidade dos treinadores são os anos que tiveram como jogadores. É aí que se define a qualidade. Não são os cinco anos de faculdade, ou seja lá onde aprendem. Isso é só teoria.”

Esquece-se o Senhor Jorge Jesus, que tem um colega de profissão, por sinal considerado o melhor treinador do mundo, que fez formação durante os tais cinco anos de faculdade! Este mesmo treinador chamado José Mourinho, em várias declarações referiu que foi determinante a sua formação académica e os ensinamentos dados por alguns professores universitários, para que atingisse o alto rendimento. Um desses professores, reconhecido publicamente por José Mourinho é Manuel Sérgio, curiosamente, este extraordinário conhecedor do fenómeno desportivo, pertence à estrutura técnica de JJ, sendo o coordenador do Gabinete de Inteligência Desportiva do Sport Lisboa e Benfica. Parece-me existir algum contrassenso nas suas palavras, pois a maioria dos elementos da sua estrutura técnica fizeram formação nas universidades portuguesas. Arriscaria a dizer que Jorge Jesus, quase tem uma faculdade na sua equipa técnica!


3. E onde está o tiro nos pés?

Felizmente a vida, de vez em quando, dá-nos algumas lições! Cabe-nos aprender com elas e não cometer os mesmos erros! JJ com estas declarações que anteriormente transcrevi, não medindo as palavras, tentou nitidamente atingir o treinador do seu clube rival, Vítor Pereira. O treinador portista formou-se em Educação Física na Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto. Com a vitória do campeonato, tornou estas declarações do treinador do Benfica, um autêntico tiro nos pés ou até um auto-atestado de incompetência! Um treinador da universidade, formado num local onde é só teoria, conseguiu ter melhores resultados que ele! E agora, como se argumenta contra os fatos?

Não seria mais enriquecedor, ouvir alguns treinadores, nas suas conferências de imprensa, falarem mais sobre futebol à séria, em vez de realizarem estas “conversas da treta”, que em nada contribuem para a valorização do futebol português!

Quer queiramos quer não, Portugal é um País de referência na formação de treinadores de TOP! Provenientes das universidades, ex-jogadores, de marte, jupiter ou saturno, pouco importa... Somos dos melhores e não podemos destruir o que tanto trabalho deu a construir!

Parece que ainda não se conseguiu perceber que a competência não é apenas influenciada pela história desportiva ou académica!

Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 1.05.2012