domingo, 15 de julho de 2012

10.000...Obrigado!


Jogadores amadores ficam livres de se transferirem!


A Federação Portuguesa de Futebol decidiu alterar o Comunicado Oficial N.º 487 da FPF - Regulamento do estatuto, da categoria, da inscrição e transferência dos jogadores. Anteriormente, os jogadores com menos de 14 anos eram livres de se transferirem para o clube que entendessem. Já os jogadores amadores com 14 anos ou mais anos, ficavam durante a sua formação, ligados ao clube em que se inscreviam, tendo duas formas de se desvincular: 1) o clube de origem passar uma Carta de Desvinculação, que autoriza o jogador a ser transferido para outro clube, sem qualquer contrapartida financeira; ou b) o clube que recebe o jogador, fazer diretamente uma compensação financeira ao clube de origem.

O Comunicado Oficial N.º 487 da FPF, veio mudar completamente a dinâmica de transferências de jovens jogadores. Assim, todos os jogadores amadores ficam livres de se transferirem para outro clube no final de cada época desportiva, sem haver necessidade de qualquer compensação financeira ou Carta de Desvinculação. A única forma do clube de proveniência do jogador, realizar um encaixe financeiro, será quando o clube para onde o jogador é transferido, assinar um Contrato Profissional com o mesmo. Quando isto acontece todos os clubes por onde o atleta passou desde os doze anos de idade, terão de ser compensados ao abrigo da taxa de formação, indicada no Regulamento do Estatuto, da Categoria, da Inscrição e Transferência dos jogadores.

Legalmente, existe uma forma de segurar um jogador amador mais do que uma época. Celebrando um contrato de formação desportiva, devidamente assinado pelo representante do clube, jogador e seu representante legal, o clube garante a permanência do seu jogador pelo período de vigência do contrato. A desvantagem deste processo poderá ser os custos associados.

Estrategicamente, a exigência relativa ao trabalho dos clubes, vai ter naturalmente de aumentar, pois a competição entre eles levará a isso mesmo. A maioria das instituições de formação, farão tudo o que tiver ao seu alcance, no sentido de garantirem que conseguem nas suas equipas os melhores jogadores.

Neste sentido, os clubes vão ter de promover estratégias de fidelização dos seus jogadores, para que eles tenham cada vez mais prazer em representá-lo, pois se isto não se verificar, o mais certo é perderem os seus jovens ativos! Será assim necessário que o clube tenha mais atenção na qualidade de instalações que servem os seus jogadores, nas qualidades técnicas e humanas dos profissionais que se relacionam com os jovens, etc.

Naturalmente será importante que os clubes pensem noutras dinâmicas para além do jogo ou treino, como forma de promover o desenvolvimento de outras competências nos seus jogadores. Paralelamente, será fundamental proporcionar momentos de alegria e diversão, que sem dúvida ajudam a que estes jovens fiquem emocionalmente ligados ao clube.

REMATE DA SEMANA: Parabéns à Tribuna Desportiva pela alteração da sua imagem, tornou o jornal bastante mais apetecível.

FRASE DA SEMANA: "O homem razoável adapta-se ao mundo; o homem que não é razoável obstina-se a tentar que o mundo se adapte a ele. Qualquer progresso, portanto, depende do homem que não é razoável." George Shaw



Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 10.07.2012

sábado, 14 de julho de 2012

Futebol por pouco, atletismo na muche!



 Será que isto pode acabar?

Numa altura em que já se faz um rescaldo do Europeu de Futebol, as opiniões são muitas, como podemos ver com uma rápida passagem pelos órgãos de comunicação social. De facto há uma que me enche as medidas, apesar de ser superficial, faz uma análise condizente com o meu ponto de vista. O Sr. Laszlo Boloni diz o seguinte "Venceu a Espanha e pode dizer-se que bem, porque foi a melhor equipa deste Europeu. Não há grande coisa que se possa apontar de negativo à equipa de Vicente del Bosque, que foi um técnico inteligente porque não se incomodou em deixar transparecer, nesta seleção, a força de Barcelona e Real Madrid, afinal os dois melhores clubes do mundo. É uma seleção que se distingue pelo forte jogo coletivo, que não tem uma individualidade que se sobreponha, apesar de ter vários jogadores cheios de talento como Xabi Alonso, Jordi Alba e Silva; são bons, mas não excecionais, ao ponto de se transformarem em Ronaldos ou Messis. Daí que eu sublinhe esta força coletiva e que isso torne difícil encontrar outras explicações para este vencedor. Viu-se capacidade técnica, capacidade de pressão, inteligência tática e muitas daquelas características, ou lógica de jogo, de um Real Madrid ou de um Barça.

Este Europeu fica marcado por essa força da Espanha, mas também pela qualidade dos quatro semifinalistas. Qualquer um podia ter chegado a esta final. Acabou por ser a Itália, mas acredito que se tivesse sido um Portugal-Espanha, teríamos um jogo mais equilibrado. Como vimos, Portugal foi a única equipa que soube dar uma resposta tática e até física a esta equipa espanhola. Não me engano até se disser que foi contra Portugal que esta Espanha teve o jogo mais complicado do Europeu, apesar de sublinhar que, para mim, a seleção portuguesa jogou sempre com nove jogadores e nunca com 11, porque não tem ponta de lança à altura e os laterais, principalmente João Pereira, não me encheram as medidas. Se Paulo Bento conseguir corrigir isso, terá uma equipa mais forte, a jogar noutro patamar, até. Mas não vai ser fácil
". Palavras para quê!
Este fim-de-semana também tivemos uma fantástica participação da Dulce Félix nos Campeonatos Europeus de Atletismo, venceu o ouro nos 10.000 metros em Helsínquia. Mais um exemplo que o desporto pode a qualquer momento mudar a vida de uma pessoa. Ana Dulce Félix nasceu numa aldeia perto de Guimarães, Gandarela. Durante oito anos da sua vida trabalhou numa empresa têxtil. O investimento que fez no atletismo desde os 10 anos veio mudar-lhe a vida. Começou no ACR Conde, mas foi no FC Vizela que se notabilizou. Mais tarde ingressou no Maratona Clube de Portugal e hoje é quem é!


Referindo o exemplo de duas modalidades desportivas em que Portugal está no Top Europeu, só nos temos de sentir orgulhosos pelo estado do desporto no nosso país! Pena que alguns estejam a fazer tudo o que está ao seu alcance para destruir isto… sabem de quem falo! São os senhores que fazem questão de aparecer de fato e gravata ao lado de desportistas, procurando protagonismo associado ao sucesso de quem se sacrifica todos os dias em treinos e competições. Sabem que no momento de crise que atravessa o nosso país, é das poucas coisas positivas que podemos utilizar para promover Portugal a nível internacional. No entanto estão a rebentar com a base de tudo isto… a Educação Física! E para que toda a gente fique mais elucidada sobre este assunto, recomento que vejam a intervenção do professor José Soares, disponível na sua página pessoal. Deixo aqui o link http://www.josesoares.pt/2012/06/ef-nas-escolas-isto-e-bem-pior-do-que.html.

REMATE DA SEMANA: “O país não precisa de quem diga o que está errado; precisa de quem saiba o que está certo.” Agustina Bessa-Luís.
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 3.07.2012

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Penaltis: Panenka, Hélder Postiga e agora Pirlo!

No passado domingo, tivemos a oportunidade de assistir a mais um momento de magia, no que à marcação de penaltis diz respeito. Hélder Postiga já tinha sido protagonista de um “penalti à Panenka”, durante o euro 2004. Agora foi o experiente jogador italiano Pirlo o autor de tamanha obra de arte! Só um jogador com uma coragem desmedida, com um grande domínio sobre as emoções e com uma estrutura psicológica forte, decide converter uma grande penalidade desta forma. Ele próprio explica o que o levou a fazer isto:
«vi que o guarda-redes lançava-se bem e pensei em marcar desta forma, era mais fácil fazendo cair o guarda-redes. Quis também colocar um pouco de pressão sobre os ingleses». E não é que conseguiu! A verdade é que Ashley Young falhou o penalti seguinte, tendo sido um momento crucial para que a equipa italiana ficasse por cima emocionalmente… e desportivamente!


Segundo Golman (1995), quando vivemos um acontecimento semelhante a outro já vivenciado no passado, ao qual conotamos determinada emoção, temos tendência a associar-lhe o mesmo sentimento emocional já experimentado. Por esta razão, o jogador tem alterações negativas do estado emocional quando confrontado com situações nas quais teve insucesso, sentindo receio ou medo no confronto com essas situações.  

Visto isto, penso que Pirlo teve uma decisão inteligentíssima, fazendo evidenciar o trauma da Inglaterra nas grandes penalidades. Relembro que a equipa inglesa já disputou sete desempates em Europeus ou Mundiais e só ganhou um. De resto, há exatamente oito anos também foi eliminada desta forma por Portugal, no Euro 2004, como referi anteriormente, Hélder Postiga marcou uma grande penalidade da mesma forma. A marcação da grande penalidade por parte de Pirlo, poderá ter proporcionando que os jogadores ingleses, revivessem sentimentos de insucesso, mesmo depois de terem estado em vantagem, desencadeando assim, alguma perturbação emocional nos adversários. Como refere Damásio (2000), naturalmente um estado de grande perturbação emocional pode conduzir a decisões irracionais. A emoção faz parte dos processos de raciocínio e tomada de decisão.


REMATE DA SEMANA: Se soubermos que um obstáculo é intransponível, deixa de ser um obstáculo para se tornar um ponto de partida. (Juzsef Eorvos)

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 26.06.2012