sexta-feira, 12 de julho de 2013

Mundial de Futebol Sub 20: Não chega marcar muitos!


Portugal participou no Mundial de Futebol Sub 20. Após ter ficado em primeiro lugar no seu grupo, foi eliminado nos oitavos de final frente a formação do Gana. Apresento a seguir os resultados da participação da nossa seleção:

 
Jogos do Grupo B
21 de junho: Nigéria 2 – 3 Portugal
24 de junho: Portugal 2 – 2 República da Coreia
27 de junho: Portugal 5 – 0 Cuba

 
 
Oitavos de final
3 de julho: Portugal 2 – 3 Gana

Apesar de Edgar Borges, como líder do grupo de trabalho ter referido que "cumprimos a nossa obrigação, que era ficar em primeiro lugar no grupo, dentro da lógica da evolução e do valor da equipa, mas nunca prometemos títulos", devemos analisar a participação da seleção, tentando encontrar lacunas formativas, para que possam ser corrigidas em tempo útil, proporcionando um maior sucesso em futuras participações.

Tendo em conta os resultados acima enunciados, verificamos que Portugal marcou 12 golos em 4 jogos, sofrendo 7 golos nos mesmos jogos. Denota-se uma eficácia ofensiva significativa, não se verificando o mesmo ao nível defensivo.

Fazendo uma análise da formação destes jovens futebolistas, alguns deles com bastante potencial, verificamos que a sua participação na seleção é determinante para o seu crescimento enquanto jovens jogadores, no entanto, não nos podemos esquecer que a predominância do trabalho realizado, deve ser atribuído aos seus clubes de proveniência. Se fizermos uma análise dos clubes a que pertencem estes jogadores, chegamos à conclusão que mais de 50% pertencem ao S.L. Benfica, F.C. Porto e Sporting C.P., clubes que ficaram nos três primeiros lugares no Campeonato Nacional de Juniores A, pela ordem referida. O que acontece com estes clubes é que pela diferença competitiva relativamente aos seus adversários, os comportamentos defensivos só são exacerbados com elevada predominância, quando jogam entre si. Isto representa 6 a 8 jogos por época, ou seja, cerca de 20% dos jogos realizados. Fazendo um transfere deste factos, para a participação dos jogadores mos jogos da Seleção Nacional, concluímos que quando a exigência defensiva é elevada, tanto em organização como em transição, a equipa não apresenta solidez e maturidade para responder às adversidades impostas pelos jogos.

Segundo entrevista realizada por João Miranda a Vítor Pereira (ex-treinador do F. C. Porto) , no âmbito da sua monografia, conseguimos perceber as conclusões anteriormente retiradas  incorporadas pela rica experiência do treinador “…trabalhei no Porto muitos anos e nós exacerbávamos dois momentos do jogo, que era a posse e a transição defensiva porque era aquilo que o campeonato nos pedia. Pedia-nos um jogo em posse muito forte, com variações, com envolvimentos e com uma transição defensiva pressionante e normalmente nós nesses dois momentos garantíamos qualquer jogo. Só que eu apanho um miúdo que fez a formação toda no Porto, ele não sabe trabalhar em organização defensiva não sabe defender, nem tem noção de… defende, mas defende para aquele jogo, como foi exacerbado durante a sua formação…” Concluo eu, que estes miúdos que refere Vítor Pereira, não sentiram necessidade de aperfeiçoar as suas competências defensivas, porque o contexto assim não lhes exigiu. Talvez não seria má ideia, qua nas fases finais das épocas desportivas, se pensasse em dar mais competitividade aos campeonatos nacionais dos escalões de formação. Uma proposta que aqui deixo, seria haver fortes sinergias entre federações de diferentes países, para que com mais regularidade, as melhores equipas de cada nação se defrontassem. Não posso deixar de referir que compreendendo que esta não seria uma medida fácil de operacionalizar, pois a dificuldade de uma organização desse género seria substancialmente elevada, tanto ao nível logístico, como a nível financeiro. Mas como diz o povo, como boa vontade tudo se consegue!

 
REMATE DA SEMANA: "A vitória não pertence aos mais fortes, mas sim aos que a perseguem por mais tempo!" Napoleão Bonaparte

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 9.07.2013

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Crianças que abandonam a prática desportiva

 
Segundo uma recente publicação no couriermail, nos Estados Unidos 20 milhões de crianças inscrevem-se no beisebol, futebol, hóquei entre outros desportos competitivos. Apesar de tão volumoso número de inscrições, sabe-se que 70 por cento dessas pessoas, abandonarão a atividade antes de atingir os 13 anos de idade. Pior do que isso, segundo a National Alliance of Sports, nenhuma dessas crianças retomará a prática desportiva.
Muitas vezes são estas as crianças que passarão o tempo em frente aos ecrãs de computador, até chegar a hora de as levar ao hospital pelos problemas que advêm da obesidade.

Um dos problemas de abandono é que as crianças odeiam mães e pais que se comportam de forma agressiva e compulsiva durante os eventos desportivos dos mais novos, especialmente dos seus próprios.

É bom saber que os pais fazem tudo pelos seus filhos, mas comprar todo equipamento desportivo para que eles se parecem com mini-profissionais com 10 anos de idade, adquirindo botas de cerca de 300 euros parece-me exagerado!

Alguém que passou a vida a jogar, a treinar, e a refletir sobre como manter os jovens atletas no desporto é Peter Gahan, chefe dos jogadores e do desenvolvimento técnico da Austrália Baseball. Na sua opinião o divertimento precisa de estar no coração do desporto. Gahan refere que as pesquisas mostra que todos os desportistas precisam de uma atividade divertida nas suas sessões de treino. Ele diz mesmo que os países para terem desportistas de elite, devem incentivar a participação em massa.

Peter Gahan diz que a Nova Zelândia apresentou um programa de habilidades de movimento fundamental na escola primária, para supervisionar esse programa, foram distribuídos pelas escolas profissionais especialistas. Menciona ainda “pelo que ouvi, a Nova Zelândia vai começar a ultrapassar-nos nas próximas Olimpíadas, porque, com este programa, vão ter uma maior base de recrutamento de atletas para escolher. "

Então, por que a maioria das crianças saem do desporto?

Bem, um dos principais motivos, além dos óbvios - não gostar do treinador, não ter tempo suficiente, muita pressão - é a viagem de volta para casa de carro. A viagem de carro para casa, depois de treinar, pode ser um divisor de águas. Este momento é um verdadeiro espaço de ensino ininterrupto. “Jogaste bem ou jogaste mal”, “deverias ter feito isto ou aquilo”, “deverias ter passado”, “deverias ter chutado” são expressões muito usadas durante esta viagem.

A volta para casa de carro é quando a criança quer deixar tranquilamente o jogo – tanto na vitória como na derrota. As crianças sabem se jogaram bem ou mal. Não é necessário que lhes digam. O carro é um ambiente fechado muito intenso. É um espaço em que cada suspiro, cada encolher de ombros é amplificado.

Este artigo é uma adaptação do artigo escrito por Kathline Noonan do Couriermail. Não se pretende culpar os pais pelo abandono desportivo. Tem sim como objetivo fazer um conjunto de alertas para evitar estas situações de abandono precoce da prática desportiva.

Remate da Semana: “A melhor maneira de tornar as crianças boas, é torná-las felizes”. Oscar Wilde