domingo, 24 de novembro de 2013

Bandeira Nacional nos Jogos Olímpicos de Inverno!


Na passada semana, fomos presenteados por mais uma notícia que nos deve encher de orgulho! Vamos ter dois portugueses a participar nos Jogos Olímpicos de Inverno Sochi 2014 - Rússia, disputando as provas de slalom e slalom gigante. Camile Dias e Artur Hanse são dois esquiadores, que residem no estrangeiro pelo simples facto dos seus pais serem emigrantes. Camile Dias, de 17 anos, reside em Leysin, na Suíça, enquanto Artur Hanse, de 20 anos, mora em França. Ambos estão neste momento na Noruega, a treinar para uma prova que faz parte da preparação para Sochi 2014.

Como em muitas outras modalidades, o nosso país não tem condições para que o treino de alto rendimento em esqui seja realizado. A variação das condições climatéricas, as caraterísticas de pistas, infraestruturas que permitam treino em horários pós-laboral ou pós-escolar, entre outras, infelizmente não possibilita que esquiadores de topo, desenvolvam a sua preparação para a competição no nosso país! Neste sentido treinar em Portugal, tendo esporádicas oportunidades de treinar no estrangeiro, são condições escassas para atingir patamares competitivos superiores, sendo uma luta desleal competir com esquiadores que residem em permanência nas imediações das grandes estâncias de esqui. Apesar de tudo, deve ser reconhecido o trabalho desenvolvido pela Federação, pelos clubes, treinadores e esquiadores, que mesmo com condições que se afastam e muito das ideais, continuam a dignificar as cores nacionais.

Seria importante proporcionar condições aos esquiadores que residem em Portugal, para que pudessem passar mais tempo em centros de treino de esqui, vindo esporadicamente a Portugal, e não o contrário. Só assim se poderia criar condições para que os esquiadores treinassem todos os dias e competissem todas as semanas, como acontece com outras modalidades desportivas. Tenho a consciência que este seria um interessante salto qualitativo ao nível do rendimento desportivo, sei também que seria um salto nas despesas das organizações responsáveis. Muito sinceramente, tenho duvidas que o importante pilar das financeiro, aguentaria um projeto desportivo desta envergadura. Apesar de ser um grande entusiasta do futebol, existem alguns senhores das decisões que ainda não perceberam que nem só futebol é desporto! Que os bons resultados nos Jogos Olímpicos, trazem retorno para a marca Portugal! E que os nossos desportistas merecem esses reconhecimento!

Inédito também é o facto de termos dois esquiadores apurados para os Jogos Olímpicos, o que nunca aconteceu na história do esqui. Por esse motivo os responsáveis pelo feito, estão de parabéns!

Desejo de boa sorte para os nossos esquiadores! Certamente nos vão obrigar a acompanhar o seu trajeto nos Jogos Olímpicos! Que este salto no número de representantes em Sochi, seja o empurrão para que se trabalhe cada vez mais e melhor na modalidade. Se temos taletos em Portugal, se temos técnicos competentes, se temos estruturas humanas de apoio, já não nos falta tudo para chegarmos a um patamar de treino superior, que nos abra os caminhos do pódio! Definir uma estratégia a 8/ 12/ 16 anos será fundamental.

REMATE DA SEMANA: "Um homem livre é aquele que, tendo força e talento para fazer uma coisa, não encontra barreiras a sua vontade." Thomas Hobbes

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 18.11.2013

“Jovens-Velhos” e o Desporto!


É um facto inegável que cada dia que passa envelhecemos mais um pouco. Este é um processo natural e irreversível. Apesar disso, é inegável também que a forma como envelhecemos difere de pessoa para pessoa, dependendo fundamentalmente do nosso estilo de vida. Manter um estilo de vida ativo torna-se fundamental na manutenção de capacidades funcionais do individuo. É certo que as perdas destas capacidades, inevitavelmente, vão acontecendo gradualmente, mas o facto de se manter ativo, retarda, e muito, a sua perda.

Estando certo que a qualidade de vida, está associada a um bom desempenho motor, a prática de atividade física torna-se um aspeto fundamental. Uma pessoa que perca a força, coordenação, flexibilidade e equilíbrio, fica condicionada ou mesmo impedida de realizar atividades do quotidiano tais como, ir às compras, levantar-se de uma cadeira, vestir-se, cozinhar, entre outras, tornando-se assim uma pessoa dependente. Sabemos nós que a dependência de outro para viver, é uma condição que afeta o idoso em todas as suas dimensões (psicologicamente, socialmente, ...).

Assim sendo, torna-se fundamental contrariar a ideia de que quanto mais velho é a pessoa, menos ativo se torna. Nos dias de hoje, com a quantidade de informação que passa nas nossas vidas, já todos nos apercebemos dos benefícios para a saúde associados a uma prática desportiva regular, nomeadamente na prevenção de doenças cardíacas e AVC’s, redução da pressão arterial, aumentar os níveis do “colesterol bom” (HDL), diminuição do nível do “mau colesterol” (LDL), estimula a vascularização, redução dos riscos de obesidade quando combinada com uma boa alimentação, etc.

Cabe-nos a todos encontrar estratégias para que os idosos, tenham um estilo de vida que os leve a sentirem-se “jovens velhos”! Jovens - pela forma como disfrutam da vida e velhos - pelo saber de experiências feito! A atividade física será um meio importantíssimo para atingir esse fim, pois os benefícios para a saúde que lhe são associados, os momentos de diversão e entretenimento que proporciona, facilita o processo de envelhecimento saudável e fundamentalmente, feliz.

Se por um lado conseguimos ver inúmeros benefícios neste tipo de atividades, por outro, deveremos ter a consciência de que uma prescrição mal realizada, uma atividade desenquadrada com as capacidades do praticante pode ter prejuízos devastadores, colocando mesmo em causa a sua integridade. Neste sentido, é situação incondicional que o exercício seja prescrito e controlado por profissionais habilitados para o efeito.

Tendo tudo isto em conta, seria uma excelente iniciativa, a criação de organizações que promovam a cooperação entre instituições, no sentido de proporcionar aos jovens velhos um conjunto de atividades desportivas, orientadas por profissionais devidamente habilitados. Tendo em conta as infraestruturas desportivas que estão subaproveitadas, p. ex. pavilhões, porque não se proporciona autarquicamente ou associativamente, que profissionais utilizem essas mesmas infraestruturas para melhorar a qualidade de vida de quem não tem acesso a outra forma de prática desportiva? Porque não se criam redes de transporte que permitam que os jovens velhos possam disfrutar por exemplo de uma piscina municipal? E temos uma grande vantagem, é que esta faixa etária tem, normalmente, disponibilidade de tempo ao longo do dia, permitindo que utilizem as infraestruturas em períodos de baixa utilização.

REMATE DA SEMANA: "A tragédia da vida é que ficamos velhos cedo demais. E sábios, tarde demais." Benjamin Franklin

Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 4.11.2013

sábado, 9 de novembro de 2013

Desporto, um nobre instrumento de inclusão social


Todos nós sabemos que a prática desportiva tem grandes benefícios para o praticante. Mas também sabemos que muitas vezes nos esquecemos que apresenta grandes vantagens ao nível da sociedade onde o praticante se insere. A inclusão social é um aspeto que pode ser trabalhado através do desporto. Este reconhecimento do desporto como um nobre instrumento de inclusão social, é realizado por grandes organizações mundiais. Por exemplo, a alínea H.2 da resolução do Parlamento Europeu sobre Desenvolvimento e Desporto aprovada em Dezembro de 2005 “salienta as valiosas funções educativas e sociais do desporto... em termos da sua capacidade para promover valores sociais como o espírito de equipa, a competição leal, a cooperação, a tolerância e a solidariedade”.

Se analisarmos também os valores mais altos do desporto que estão estabelecidos nos ideais olímpicos, verificamos que constam o “fair play”, intercâmbio cultural, igualdade, tradição, honra, paz e a solidariedade que sustentam o objetivo de “unir o mundo”, valores que possuem uma forte associação à harmonia social.

São estes valores que permitem olhar para o desporto como um fantástico instrumento de inserção social. Sempre que a prática desportiva seja devidamente orientada, permite que os valores referidos sejam levados para a vida social. Sabemos que entre excluídos e pessoas que tendem a excluir, existe uma relação de reciprocidade. Tendo em conta que o desporto é uma atividade que exige trabalho cooperativo dentro de uma equipa, sendo que, isto se nota com maior relevo nos desportos coletivos, para que haja êxito desportivo, é necessário que a relação que se estabelece seja de certa forma próxima e até cúmplice. Assim, leva a que aquele que tem tendência a excluir o outro, seja conduzido a aceitá-lo através de uma força motivacional positiva, permitindo também a integração de elementos que à partida seriam excluídos, eliminando de certa forma barreiras ou preconceitos. Sob o ponto de vista do elemento que é excluído, que normalmente é identificado como um elemento desrespeitador das normas sociais, a dinâmica estabelecida com outros elementos, ajuda-o a alterar os seus comportamentos, permitindo a assimilação de valores, em que o desporto é exímio em retratá-los.

Podemos assumir claramente que o desporto promove o desenvolvimento de capacidades com grande transferibilidade para o dia-a-dia, nomeadamente o autocontrolo emocional, aceitação das regras partilhadas, o respeito pelo outro, a persecução dos objetivos, a necessidade de cumprimento de prazos, a resolução de problemas, a necessidade da comunicação, aprender a lidar com sucessos e com fracassos, o trabalho em equipa, entre outros. Considero estes importantes fatores que inibem os comportamentos de exclusão social, atuando diretamente sobre cada desportista, mas tendo um evidente resultado na comunidade onde se relaciona.

Para além de tudo isto, é fundamental perceber que o desporto por si só nada faz no que à inclusão social diz respeito. É um importante instrumento, assumo que sim, mas existe uma série de condicionantes que deverão ser controladas para que seja bem sucedido.

Lamenta-se que apesar do reconhecimento desta grande potencialidade do desporto por grandes instituições de dimensão mundial, que ao nível local, salvo raras exceções, poucas vezes este seja utilizado como meio de harmonizar relações em bairros problemáticos, incluir pessoas com deficiência, equilibrar relações entre elementos de diferentes classes sociais, promover a igualdade, entre outros.

REMATE DA SEMANA: “Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.” Karl Marx
 
Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 22.10.2013

“UEFA Advanced” (Grau III) este não é para nós!


Depois de muito tempo sem termos notícias dos cursos de treinadores de futebol, eis que surge fumo branco! A Federação Portuguesa de Futebol anunciou a abertura de curso “UEFA Advanced” (Grau III). Esta formação é realizada por três fases Formação Geral, Formação Específica e Estágio. Segundo o regulamento do referido curso a Formação Geral dos dois cursos decorrerá de 21 de outubro de 2013 a 5 de maio de 2014, em Lisboa, e de 28 de outubro de 2013 a 12 de maio de 2014, no Porto, todas as segundas-feiras e em regime pós laboral.

A formação específica dos dois cursos será realizada no final da época desportiva 2013/2014 – de 26 de maio de 2014 a 18 de junho de 2014 e de 9 de junho de 2014 a 2 de julho de 2014 – em regime de internato (alimentação e dormida incluídas).

O estágio de cada treinador será realizado durante a época 2014/2015 (ou seguintes, nos termos das normas do Instituto Português do Desporto e da Juventude) em clubes de acolhimento.

Analisaremos agora os preços: preço da taxa administrativa de candidatura - 15 euros/ preço da Formação Geral – 700 euros / preço da Formação Específica – 2.750 € / preço do Estágio – 250 €, só aqui já temos um total de 3715 euros, que entraram nos cofres da F.P.F. por cada participante.

Permitam-me que faça um à parte: as propinas numa universidade são de cerca de 1000 euros anuais! Não sei se é correto fazer comparações, mas um curso de três anos numa Universidade tem um preço mais baixo do que este promovido pela F.P.F.

Mas há mais! Imagine que um treinador, por ser ambicioso, querer trabalhar bem, querer saber mais, querer progredir na sua carreira profissional, querer ter melhor capacidade de intervir junto da sua equipa, ou simpresmente por querer, decide ir tirar o curso supra citado! Imagine que esse treinador vive na cidade da Covilhã! O que precisa de ter para tirar o curso? Dinheiro!

A formação geral realiza-se em Lisboa, todas as segundas feiras, de 21 de outubro de 2013 a 5 de maio de 2014, estamos a falar em cerca de 29 segundas-feiras, 29 deslocações a lisboa, 29 dias a gastar muito dinheiro! Fazendo as contas muito por baixo, considerando um meio de transporte bastante económico, consideremos que a deslocação a Lisboa custa-nos 50€, ou seja ir e vir 100€. Revolta-me a ideia de que só em despesas de deslocação, para a formação geral gaste 2900 euros.

Não considerando que o interessado tenha de se alimentar, ou ter outros gastos adicionais, um treinador da Covilhã gastaria no mínimo dos mínimos 6615 euros, o que me parece acessível a qualquer um! Será?

Mais alguns pormenores, esta formação geral, decorre em regime pós laboral, presumo eu deve começar por volta da 18/19h. Isto quer dizer que alguém do interior do país, terá ainda de perder uma tarde de trabalho, para frequentar as aulas!

Conclusão, o nome do curso deveria chamar-se “UEFA Advanced” (Grau III lisboetas/portuenses)! Depois dizem que olham para o interior do país com os mesmos olhos! Não atirem areia para os olhos, somos do interior, não somos saloios!

Mais uma indiscreta comparação… Esta é uma federação que conduz a formação num sentido completamente contrário ao percurso escolhido pelo Ministério de Educação! Uns querem habilitar toda a gente com licenciaturas e mestrados! Outros querem que só alguns estejam habilitados a treinar!

Para já deixando de lado uma discussão centrada na importância de se possuir estes cursos para se ser bom treinador! Mas isso seria mais uma longa conversa!

REMATE DA SEMANA: “Os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são”. William Shakespeare

Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 15.10.2013

Desporto desde o berço


A criança desde que nasce inicia o seu processo de descoberta! O movimento é um meio extremamente importante para a exploração do ambiente. Durante o seu desenvolvimento, o bebé vai descobrindo maneiras de controlar o seu corpo, primeiro rodando a cabeça para procurar os seus pais, numa fase posterior esticando-se, depois o manipular objetos, seguidamente senta-se, gatinha e por fim começa a andar… normalmente é assim que acontece. Para que a criança tenha um desenvolvimento harmonioso, é preponderante que seja devidamente estimulada para a realização de movimentos motores adequados às suas capacidades. Na verdade, o mundo exterior exerce uma forte influência sobre o desenvolvimento da criança. Assim, as futuras aquisições começam a ser estruturadas desde o nascimento. Tendo o exposto em consideração, os pais devem ter a consciência de que a falta de estimulação para o movimento, em “doses” adequadas, poderão comprometer o desenvolvimento da criança, tendo uma forte influência sobre os aspetos cognitivos, afetivos e sociais.

Se por um lado a atividade física é importante nos bebés, os seus efeitos refletem-se na relação que estabelecem com os seus pais, pois o nível de dependência que o bebé tem, obriga a um forte relacionamento com os seus pais, para que a atividade física se possa desenvolver. Assim sendo, o desporto faz bem ao bebé, faz bem aos pais e fortifica a relação afetiva que ambos estabelecem.

São inúmeras as atividades que se podem realizar para estimular o desenvolvimento das capacidades psicomotoras do bebé. Sem dúvida que as mais ricas são as atividades orientadas por profissionais especializados. Fica a sugestão da natação para bebés.

Esta é uma atividade que se inicia bastante cedo. Sabemos que até ao primeiro ano de vida, a criança começa a perder uma série de reflexos inatos, muito importantes na adaptação ao meio aquático. Esta atividade é um clássico exemplo de que deve ser praticada tão cedo quanto possível. De salientar que infelizmente, nem todas as instalações desportivas estão adaptadas para receber crianças tão novas, portanto, recomendo que se informe das condições das infraestruturas, para que não coloque em risco a integridade do seu bebé. Os benefícios desta atividade são vários, entre os quais destaco o desenvolvimento da psicomotricidade, fortalecimento do sistema cardiorrespiratório, o relaxamento da criança, reforço da sua segurança, independência, desenvolvimento de habilidades vitais e de sobrevivência.

Curiosamente a grande procura da natação para bebés, surgiu após a expo 98, motivada pelo célebre anúncio onde se podia visualizar bebés em meio aquático. Um válido exemplo de que os media poderão ter um impacto importante na aquisição de estilos de vida saudável!

REMATE DA SEMANA: O bebê não é um adulto imaturo, é um ser perfeito, no seu próprio nível de desenvolvimento. Assim, deveríamos afinar as nossas perceções e enriquecermo-nos com o que nos ensina o bebé, aceitando a sua precoce sabedoria." Mozart Alexandre Viotto

Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 8.10.2013