segunda-feira, 7 de outubro de 2013

No treino começa o jogo!


Parece-me consensual que para uma equipa ter sucesso nos confrontos com os seus adversários, é fundamental que esteja bem preparada, sendo que para isso haja rendimento nas unidades de treino. Consideramos que o treino é o principal meio para aumentar o rendimento da equipa no jogo.

É o treino que vai dar a conhecer os comportamentos que a equipa deve ter nos diferentes momentos da competição. O treino vai fazer com que a personalidade da equipa seja cada vez mais forte, proporcionando um aumento da identificação com sua forma de jogar.

O treino não deverá ser encarado como um fim, mas como um meio para atingir um determinado objetivo definido pela estrutura do clube. Depois de um diagnóstico das potencialidades individuais e coletivos da equipa, surgem uma serie de processos relacionados com a planificação, integrando fatores como o modelo de jogo a adotar, as carências a colmatar, as capacidades a potenciar e as características da competição com que a equipa se vai deparar. Neste sentido, o treinador deverá preparar a sua prescrição, identificando quais as componentes ativas dos exercícios que vão levar a atingir os objetivos definidos. Estes objetivos, deverão estar em permanente ajuste, à medida que a equipa evolui, tendo o treinador a obrigação de fazer aumentar a complexidade e exigência do treino, de uma forma proporcional ao percurso evolutivo da equipa.

Durante a competição o treino apresenta algumas componentes ativas condicionadas pelo conhecimento do adversário a defrontar. Equipas de alto nível integram nas suas equipas técnicas recursos humanos responsáveis para analisar os adversários. Essa análise dotará treinadores e jogadores com conhecimentos importantes, prevendo situações que ocorrerão no jogo, preparando-os para dar resposta aos desafios impostos. No meu ponto de vista, o treino deverá ser contextualizado, recriando o mais aproximadamente possível, essas situações que decorrem no jogo. O ideal será chegar mesmo ao limite de recriar contextos que representem os problemas impostos pelo adversário, aproveitando ao máximo o trabalho realizado pelos técnicos de scouting. Quando o anteriormente referido acontece, iremos atingir um nível de especificidade, que permitirá aos jogadores transferir para a competição, os conteúdos abordados, levando a equipa a atingir o máximo rendimento. José Mourinho deixa esta ideia bem clara quando refere “Eu faço um estudo detalhado do adversário para ajudar os jogadores. Para mim é imprescindível saber como o treinador adversário reage, o tipo de substituições que faz, os comportamentos padrão da equipa adversária… nós analisamos o adversário, procuramos prever como se pode comportar contra nós e procuramos posicionar-nos nalgumas zonas mais importantes do campo em função dos seus pontos fortes e fracos. Mas isto são detalhes posicionais. Não mexem com os nossos princípios, nem sequer com o nosso sistema.” O treinador português demonstra ainda que este tipo de estudo do adversário apresenta um transfere importante para o treino, quando refere “…logo no início da semana comecei nos treinos a ensaiar as jogadas adversárias e a nossa forma de as anular”.

Mesmo em treino, a competição deverá estar maioritariamente presente, pois além de ser um meio de motivação dos jogadores para desempenhar as tarefas propostas, é uma forma de fazer emergir o conjunto de sentimentos e emoções presentes no jogo.

Assim, na minha opinião, deixa de fazer sentido exercícios descontextualizados como correr na praia, pois o transfere que se faz para o jogo é muito reduzido, para não dizer nenhum!

 
REMATES:  Se você quer os certos, esteja preparado para os erros" Carl Yastrzemski

 

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