quinta-feira, 9 de maio de 2013

A Cabeça também Joga!


Investigadores da Universidade de Brunel, na Inglaterra, estudaram as razões que levam os jogadores de alto nível como Lionel Messi, do Barcelona, e Cristiano Ronaldo, do Real Madrid, a serem tão bons em recuperar a posse de bola.

Este estudo foi publicado na prestigiada revista científica "Journal of Sport and Exercise Psychology", evidenciando que jogadores de top ativam mais áreas do cérebro nas suas ações técnico-táticas defensivas que jogadores de competições de menor dimensão. Este facto torna-os capazes de antecipar os movimentos dos rivais.

De acordo com os investigadores, os jogadores altamente especializados, desenvolvem uma espécie de "sistema de verificação" que impede o impulso de reagir instintivamente, tornando-os menos vulneráveis a serem ultrapassados ou enganados pelos adversários.

Para encontrar a base neural da "superioridade cognitiva" dos jogadores mais talentosos, os investigadores equiparam 39 participantes de diversos níveis competitivos, com um scanner de ressonância magnética. A atividade cerebral de cada um deles foi analisada através de vídeos representativos, em que jogadores de nível internacional se dirigiam com a bola na sua direção.

Durante este estudo os jogadores analisados deveriam movimentar-se em função da ação do atacante representado no vídeo. Os resultados revelam que os jogadores mais qualificados agiam em sintonia com as ações dos seus adversários que os menos qualificados.

Além disso, a pesquisa encontrou evidências de uma forte ativação de um sistema de "neurônios-espelho" quando os jogadores antecipavam a ações do oponente. Segundo os investigadores, esse sistema não é ativado apenas quando executamos uma ação com o nosso reportório pessoal, mas também, ao vermos a mesma ação a ser realizada por outros jogadores. Por isso, há uma clara evidência de "reconhecimento" dos movimentos dos adversários nos jogadores mais talentosos.

Segundo Danel Bishop “Os dados mostram claramente uma maior ativação de estruturas no cérebro de jogadores profissionais em comparação com os amadores, ao antecipar os dribles dos adversários”.

Referiu também que “acreditamos que esse maior nível de atividade neural é algo que possa ser desenvolvido por meio de treino de alta qualidade, de modo que o próximo passo será olhar para a forma como o cérebro pode ser treinado ao longo do tempo para antecipar os movimentos do adversário”.

Este estudo é a evidência que o treino desportivo, não pode ser um processo de imitação sem intencionalidade. O treinador quando programa o seu treino, tem a obrigação de perceber que alterações ele vai provocar nos intervenientes. Assim, deverá preparar os seus jogadores, através de situações práticas, contextualizadas no terreno de jogo, para serem capazes de analisar não só situações táticas, mas também os movimento dos seus adversários, dotando-os de instrumentos que proporcionem uma otimização da sua tomada de decisão.

REMATE DA SEMANA: "Quando o cérebro humano se distende para abrigar uma ideia nova, nunca mais volta à dimensão anterior." Oliver Holmes

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 2.04.2013

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