sábado, 25 de maio de 2013

Expetativas desmedidas levam ao fracasso

 
Quando fazemos referência a um jovem jogador, devemos em todos os momentos medir as palavras que utilizamos, pois todas elas têm consequências tanto na sua prestação desportiva presente, como no futuro.
 
Quantas vezes já ouvimos dizer que este ou aquele jovem jogador vai ser o futuro Cristiano Ronaldo ou Messi!
 
Se por um lado estas palavras poderão ser encorajadoras e motivadoras, no sentido do jogador ganhar confiança e continuar a treinar, pois reúne as condições para ser um jogador de elevado rendimento, por outro, poderão ser palavras que deitarão tudo a perder.
 
Como deverá compreender, se o jogador interiorizar palavras que o classificam com uma capacidade desmedida, poderá desenvolver uma perceção de competência irreal e uma autoconfiança excessiva.
 
Níveis excessivos de autoconfiança poderão ser tão prejudiciais com a falta dela. Quando um jogador apresenta níveis elevados de autoconfiança, poderá acreditar que não necessita de um esforço significativo para atingir um elevado rendimento, situação esta que na maioria das vezes tem como desfecho o insucesso. Ao nível do relacionamento com treinadores e colegas, o excesso de autoconfiança poderá levar a que o jogador não admita os seus erros, tenha uma opinião distorcida da sua competência, situação que despoletará o conflito e consequentemente o fracasso.
 
No futebol atual temos vários exemplos que retratam esta situação. Freddy Adu, jogador que passou pelo Sport Lisboa e Benfica, admitiu que com ele passou-se isso mesmo, referindo que “…chamarem-me Pelé desde os 14 anos, que significou o princípio do fim da minha carreira enquanto jovem.” Referiu ainda que tinha sonhos mas que as expectativas criadas em seu redor eram demasiado altas. “Quando dizem que és o novo Pelé, as pessoas esperam que chegues e domines, que brilhes como nenhum outro, que marques golos atrás de golos”, confessa o jovem de agora 23 anos. Adu mostra-se consciente do seu ‘fracasso’ mencionando: “depois de isso não acontecer, como aliás é normal que não aconteça com um miúdo de 16, 17 ou 18 anos, olham para ti como um falhado, uma desilusão”.
 
Fábio Paim, jogador da formação do Sporting Clube de Portugal é outro exemplo de um jovem que não vingou, apesar de reunir todas as condições para que o seu talento o levasse para um destino diferente. “Dizem que fui dos melhores jogadores jovens que apareceu no futebol português e a construção dessa ideia foi um mérito meu. Hoje olho para colegas como Rui Patrício, Daniel Carriço ou Bruno Pereirinha e penso que podia estar no lugar deles, mesmo num patamar superior”, começou por destacar, acrescentando: “Mas eles trabalharam sempre no duro, enquanto eu cometi vários erros. Fico feliz por eles, não tenho inveja, rancor. Nem mesmo quando me dizem na rua que poderia ser melhor que o Cristiano Ronaldo. A verdade é que não consegui lidar com o fato do futebol passar de hóbi para profissão."
 
Depreendemos com estes dois exemplos que a carreira dos jovens jogadores de futebol, vai muito para além das competências técnico táticas. A adaptação do discurso dos agentes desportivos que intervêm e têm influência junto das jovens promessas, deverão ser diferenciadas e bem medidas, no sentido de garantir uma estabilidade psicológica, para que possam estar reunidas todas as condições que proporcionam uma carreira de sucesso.
 
REMATE DA SEMANA: "Você ganha força, coragem e confiança através de cada experiência em que você encara o medo de frente.”Eleanor Roosevelt
 
Artigo publicado no Jornal tribuna Desportiva de 23.04.2013
 

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