Portugal participou no Mundial de Futebol Sub 20. Após ter ficado em
primeiro lugar no seu grupo, foi eliminado nos oitavos de final frente a
formação do Gana. Apresento a seguir os resultados da participação da nossa
seleção:
Jogos do Grupo B
21 de junho: Nigéria 2 – 3
Portugal 24 de junho: Portugal 2 – 2 República da Coreia
27 de junho: Portugal 5 – 0 Cuba
Oitavos de final
3 de julho: Portugal 2 – 3 Gana
Apesar de Edgar Borges, como líder do grupo de trabalho ter referido
que "cumprimos a nossa obrigação, que era ficar em primeiro lugar no grupo,
dentro da lógica da evolução e do valor da equipa, mas nunca prometemos títulos",
devemos analisar a participação da seleção, tentando encontrar lacunas
formativas, para que possam ser corrigidas em tempo útil, proporcionando um
maior sucesso em futuras participações.
Tendo em conta os resultados acima enunciados, verificamos que
Portugal marcou 12 golos em 4 jogos, sofrendo 7 golos nos mesmos jogos.
Denota-se uma eficácia ofensiva significativa, não se verificando o mesmo ao
nível defensivo.
Fazendo uma análise da formação destes jovens futebolistas, alguns
deles com bastante potencial, verificamos que a sua participação na seleção é determinante para o seu crescimento enquanto
jovens jogadores, no entanto, não nos podemos esquecer que a predominância do
trabalho realizado, deve ser atribuído aos seus clubes de proveniência. Se
fizermos uma análise dos clubes a que pertencem estes jogadores, chegamos à
conclusão que mais de 50% pertencem ao S.L. Benfica, F.C. Porto e Sporting C.P.,
clubes que ficaram nos três primeiros lugares no Campeonato Nacional de Juniores
A, pela ordem referida. O que acontece com estes clubes é que pela diferença
competitiva relativamente aos seus adversários, os comportamentos defensivos só
são exacerbados com elevada predominância, quando jogam entre si. Isto
representa 6 a 8 jogos por época, ou seja, cerca de 20% dos jogos realizados. Fazendo
um transfere deste factos, para a participação dos jogadores mos jogos da
Seleção Nacional, concluímos que quando a exigência defensiva é elevada, tanto
em organização como em transição, a equipa não apresenta solidez e maturidade
para responder às adversidades impostas pelos jogos.
Segundo entrevista realizada
por João Miranda a Vítor Pereira (ex-treinador do F. C. Porto) , no
âmbito da sua monografia, conseguimos perceber as conclusões anteriormente
retiradas incorporadas pela rica
experiência do treinador “…trabalhei no
Porto muitos anos e nós exacerbávamos dois momentos do jogo, que era a posse e
a transição defensiva porque era aquilo que o campeonato nos pedia. Pedia-nos
um jogo em posse muito forte, com variações, com envolvimentos e com uma
transição defensiva pressionante e normalmente nós nesses dois momentos
garantíamos qualquer jogo. Só que eu apanho um miúdo que fez a formação toda no
Porto, ele não sabe trabalhar em organização defensiva não sabe defender, nem
tem noção de… defende, mas defende para aquele jogo, como foi exacerbado
durante a sua formação…” Concluo eu, que estes miúdos que refere Vítor
Pereira, não sentiram necessidade de aperfeiçoar as suas competências
defensivas, porque o contexto assim não lhes exigiu. Talvez não seria má ideia,
qua nas fases finais das épocas desportivas, se pensasse em dar mais
competitividade aos campeonatos nacionais dos escalões de formação. Uma
proposta que aqui deixo, seria haver fortes sinergias entre federações de diferentes
países, para que com mais regularidade, as melhores equipas de cada nação se
defrontassem. Não posso deixar de referir que compreendendo que esta não seria
uma medida fácil de operacionalizar, pois a dificuldade de uma organização
desse género seria substancialmente elevada, tanto ao nível logístico, como a
nível financeiro. Mas como diz o povo, como boa vontade tudo se consegue!
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 9.07.2013