segunda-feira, 29 de abril de 2013

Guimarães 2013 – Cidade Europeia do Desporto

Será que um dia uma das nossas também poderá ser?
Com objetivo de distinguir determinadas cidades que se diferenciam pelas suas intervenções na formação e desenvolvimento desportivo, a Associação das Capitais Europeias do Desporto (ACES Europe), atribui este título anualmente a várias cidades europeias. A par da cidade de Guimarães, este órgão atribuiu este ano o título de Cidade Europeia do Desporto a mais 10 cidades, a saber: Cremona, Modena, Reggio Calabria e Alba, cidades italianas, Lorca, Estepona e Castelldefels, cidades espanholas, Lisburn e Pitesti, cidades pertencentes ao Reino Unido e à Roménia respetivamente. Podemos verificar, de acordo com o site da ACES Europe, que para além do aumento gradual do número atribuições por ano, são conferidos também anualmente, os títulos de Capital Europeia do Desporto e Comunidade Europeia do Desporto.

Quanto à nossa cidade de Guimarães, a candidatura foi realizada com objetivo “de propor a Portugal uma renovada reflexão sobre o desporto e as suas relações com o progresso das comunidades, desafiando os agentes desportivos nacionais a refundar o modelo de desenvolvimento desportivo”, mas também, procurarinduzir ações e comportamentos que potenciem a alteração do seu paradigma económico e social e demandar novos horizontes que ancorem o desenvolvimento sustentado do desporto e da atividade física”. (http://www.guimaraes2013.pt)

São vários os acontecimentos desportivos associados ao projeto, e, estão subdivididos em várias categorias: 1) Eventos Desportivos, que engloba desde encontros de Judo, Natação Sincronizada, Fitness, Natação, Polo Aquático, Futebol, Futsal, Ginástica passando por desporto adaptado, e por atividades escolares, como o Corta – Mato e o Projeto Megas; 2) Desporto para Todos, com atividades desportivas para toda a população, incluindo crianças e população sénior, através de caminhadas, jogos tradicionais, e muitos mais…; 3) Desporto e Cultura, através de exposições, galas e cerimónias; 4) Formação e Qualificação, realizando conferencias que englobam várias temáticas relacionadas com o desporto, tais como, o jornalismo, o treino de futebol e futsal, o ensino e treino de natação, a gestão desportiva, a motivação, a ética, entre outros; e 5) Investigação e Conhecimento, onde são realizados vários estudos com o mote de “Estudar o presente para melhorar o futuro”.

Evidentemente que por entre estes variados temas e eventos, uns serão mais conhecidos pelo leitor do que outros, pois são mais divulgados, como foi o caso do Fórum Treinadores de Futebol/Futsal que contou com a presença do nosso selecionador Paulo Bento, o do selecionador brasileiro Luiz Felipe Scolari, entre outros agentes desportivos de renome internacional. Esteve também presente um representante da Universidade da Beira Interior, o Professor Doutor Bruno Travassos, que tem sido um pioneiro na investigação do futsal, o que prova que no interior do país há capital humano capaz de estar ao mais alto nível.

Aconselho o leitor a fazer uma pesquisa pelo programa deste grande projeto desportivo que divulga o nome de Portugal na Europa pelas melhores razões, para que despolete, quem sabe, a curiosidade de visitar a cidade de Guimarães e participar em algum evento ou atividade que mais se adeque aos seus interesses e curiosidades. Mais!!! É importante saber o que melhor se faz, para quem sabe, um dia, termos uma cidade do distrito de Castelo Branco com este nível organizativo, no que ao desporto diz respeito.

REMATE DA SEMANA: “Ainda que os teus passos pareçam inúteis, vai abrindo caminhos, como a água que desce cantando da montanha. Outros te seguirão...”
(Saint-Exupéry)

Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 26.03.2013

sábado, 27 de abril de 2013

Ryan Giggs … Velhos são os trapos!


Como é habitual neste espaço de opinião, por vezes falo-vos sobre algumas figuras incontornáveis do mundo do futebol. Já há algum tempo pretendia falar sobre um histórico do futebol mundial, de seu nome Ryan Giggs. Este admirável jogador, renovou há alguns dias, contrato com o seu clube de sempre, o Manchester United, prolongando o seu vínculo ao clube até 30 de junho de 2014. Este fato proporciona que tenha a oportunidade de completar a sua vigésima terceira época como profissional de futebol pelo clube inglês. Assim sendo, teremos Giggs a jogar até aos 40 anos.

O extremo galês, joga no Manchester United desde 1987, tendo já conquistado 12 campeonatos pela equipa de Manchester e duas ligas dos campeões. Para quem o considera velho, saiba que só esta época foi utilizado em 22 jogos. Não se esqueça que estamos a falar da Premier Ligue, uma competição exigente, onde todos os jogadores sonham jogar!

O seu treinador Alex Fergunson, não deixa de demonstrar a importância desta renovação quando refere: “O Ryan é um jogador maravilhoso que reinventa e adapta a todas as mudanças do jogo. Além disso, mantém o mesmo desejo e vontade de ter sucesso… os jogadores mais novos têm uma grande oportunidade de aprender com um atleta que vai continuar a quebrar recordes que ninguém alcançará”. É notório que o treinador escocês não necessita do jogador apenas dentro de campo, este jogador tem um papel fundamental no seio do balneário, sendo certo que tem a responsabilidade de transmitir os seus conhecimentos e cultura de clube, a todos os seus pares.

Ryan Giggs é mesmo o jogador mais premiado no futebol inglês. Deixo-lhe alguns recordes batidos pelo experiente futebolista:

- Jogador com mais partidas na Premier League;

- Jogador com mais assistências para golo na Premier League;

- Jogador com mais partidas pelo Manchester United (tanto na Premier League, como na UEFA Champions League);

- Único jogador a ter marcado golos em todas as edições da "nova" Premier League (até 1992, era chamada de Football League);

- Único jogador da história do United a ter marcado golos em quinze edições diferentes da UEFA Champions League;

- Segundo médio ofensivo a marcar 100 golos na Premier League por um único clube (o primeiro foi Matt Le Tissier);

- Um dos quatro jogadores do Manchester United a vencer duas vezes a UEFA Champions League);

- Jogador mais velho a marcar um golo na UEFA Champions League, aos 37 anos e 148 dias.

Por este ritmo e segundo o seu atual treinador, os records não vão ficar por aqui.

Não posso deixar de citar novamente o seu treinador Alex Fergunson que refere: o que posso dizer de Ryan que ainda não tenha sido dito? Ele é um jogador maravilhoso e um ser humano excecional. É um exemplo para todos nós, no que toca à forma como tratou e continua a tratar de si.” Quando o treinador refere que “tratou e continuou a tratar de si”, com certeza que se está a referir a um estilo de vida bem regrado e responsável, no que diz respeito à alimentação e horas de descanso, fatores decisivos na vitalidade da sua prolongada carreira futebolística, ao mais alto nível, onde muitos outros nunca conseguirão chegar! Alerto que tão importante como o treino é a alimentação e os períodos de recuperação.
                                                                                                              
Outros fatores que proporcionam um rendimento suficiente para manter o jogador na alta competição, será sem dúvida a sua capacidade psicológica de superação. Só jogadores mentalmente fortes conseguem lidar com a pressão psicológica que a barreira idade cronológica poderá exercer. Se observarmos atentamente são raros os casos de jogadores que têm oportunidade de disputar uma liga principal até tão tarde.

Estou certo que Ryan Giggs não tem o rendimento de outros tempos, mas o seu conhecimento do jogo, a sua adaptabilidade à evolução de futebol e às modificações das suas capacidades futebolísticas, fazem dele um importante jogador no plantel do Manchester United.

REMATE DA SEMANA: “Um velho provérbio diz que é na arena que o gladiador se deve aconselhar”. Sêneca

Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 12.03.2013

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Portugal um Centro de Transferências de Jogadores

Segundo um estudo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES), Portugal é o quinto país mais exportador de jogadores de futebol. O nosso país é um centro de valorização e integração de jogadores provenientes da América Latina. Portugal, é detentor de uma importante porta de entrada na Europa, sendo as provas que os seus clubes disputam, uma prestigiada montra para a promoção de jogadores. São inúmeros os exemplos que podemos dar: Di Maria, Hulk, Ramirez, David Luiz, Pepe, Deco, etc. Se olharmos para o atual campeonato português, poderemos vislumbrar ainda vários candidatos a seguir o mesmo caminho, como é o caso Jackson Martínez, Cardoso, Lima, James Rodrigues, entre outros.
 
Num outro estudo realizado pela consultora estratégica de Bruxelas KEA European Affairs e pelo CDES, Centro de Estudos do Direito e da Economia do Desporto, esta ideia é ainda mais reforçada. O estudo apelida o nosso país de “hub”, pois recebe jogadores que mais tarde são distribuídos pelas diferentes ligas europeias ( http://ec.europa.eu/sport/library/documents/f-studies/study-transfers-final-rpt.pdf). Este estudo refere que os “…jogadores são, inicialmente, recrutados na América Latina, com quem Portugal mantém uma relação especial. Recruta atletas jovens (24,2 anos) no Brasil, em particular (60 jogadores recrutados em 2010), e o país é claramente uma entrada para o mercado europeu. Muitos destes jogadores são, de facto, re-exportados, principalmente para outros países europeus: foi esse o caso de 95 brasileiros em 2010”, sintetiza o estudo intitulado “The Economic and Legal Aspects of Transfers of Players”.
 
Segundo a investigação realizada, verifica-se que Portugal apresenta caraterísticas privilegiadas para assumir o papel de centro de transferências, tais como, a proximidade linguística e cultural, mas também, por se adaptar facilmente ao sistema de ‘partilha de direitos económicos’, bastante difundido na América do Sul.
 
Portugal é, portanto, altamente ativo no sistema de transferências internacionais (14 jogadores estrangeiros por clube, 9,9 novas entradas em média). Apenas 52% dos jogadores são recrutados no mercado nacional. Expatriados respondem por 55% dos jogadores em que 86% deles são não-europeus, onde podemos incluir 130 brasileiros em 2010-11, ou seja, 8,2 em média por clube! Em 2011, o clube mais ativo (UD Leiria) representaram 9,2% das transferências de jogadores.
 
Relativamente às receitas com exportação de jogadores, podemos observar que em 2010-11, o clube que mais faturou com a saída de futebolistas foi o S.L Benfica, recebendo 51% do total da receita de todos os clubes portugueses (€ 85M com David Luíz, Ramirez e Di Maria), ao passo que o clube que mais recrutou foi o F.C. Porto tendo sido responsável ​​por 45% do valor total pago por clubes portugueses. Além disso, o Benfica com a venda de três jogadores (David Luiz, Ramirez e Di Maria - € 85M), recebeu 48% de todas as receitas de transferências realizadas na 1 ª divisão Português.
 
Depois de analisarmos estes dados, poderá perceber porque é que os jogadores nacionais têm tanta dificuldade em integrar planteis profissionais, principalmente os mais jovens. Como refere o estudo em que me baseei para realizar este artigo, Portugal é totalmente dependente de operações de transferências”, sendo este, um fator extremamente importante para a manutenção da saúde económica do futebol nacional. Mas, apesar do impacto das trocas de jogadores entre os clubes até ser positivo no que diz respeito aos resultados financeiros, isso não é impeditivo para que o resultado líquido da liga portuguesa seja negativo, como refere o relatório.
 
Importante será equilibrar as receitas provenientes da transação de jogadores, com a aposta no produto da formação nacional, para que não se corra o risco de sermos obrigados a naturalizar grande parte dos jogadores que integram a Seleção Nacional.
 
REMATE DA SEMANA: "Tenha cuidado com os custos pequenos! Uma pequena fenda afunda grandes barcos." Benjamim Franklin
 
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 25.02.201

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Repugnância no futebol infantil!


Bom exemplo das crianças… péssimo dos (des)encarregados de educação!

À semelhança do que acontece quase todos os fins de semana, no passado sábado desloquei-me a um campo de futebol do distrito, para assistir a um jogo de futebol. A prova a disputar era o campeonato distrital de infantis. Salvaguardo que o faço pelo simples prazer que tenho em ver crianças e jovens a praticar desporto e por uma paixão que move a maioria dos portugueses… o futebol! Para que o leitor entenda que serei totalmente isento nesta minha mensagem de repudia, não identificarei clubes nem locais de ocorrência do que passo a relatar.

No referido sábado as duas equipas, constituídas por crianças… sim CRIANÇAS, que no máximo têm 12 anos de idade, disputaram um agradável jogo de futebol, com pormenores bastante interessantes, que me levaram a pensar que vale a pena todos os agentes que tutelam e apoiam a prática desportiva para crianças e jovens devem continuar a fazer todos os possíveis e impossíveis para que esta seja uma realidade contínua. Proporcionar momentos de prática desportiva para crianças e jovens, em nada deve ser afetado pelas condicionantes impostas pelo ambiente de crise com que nos deparamos atualmente. Alias, como tenho defendido nestes meus artigos de opinião, o desporto tem obrigatoriamente de ser um dos pilares da educação das crianças, pois estas, serão as Mulheres e Homens que protagonizarão o nosso Futuro.

Mas, infelizmente nem todos tiveram à altura desta bonita tarde desportiva, abrilhantada pelas crianças. Já depois do jogo ter terminado, enquanto as crianças se dirigiam para os respetivos balneários, encarregados de educação de jogadores de ambas as equipas, envolveram-se em trocas de palavras insultuosas. Aliás, isto não ficou por aqui! Vários encarregados de educação, chegaram a vias de facto, envolvendo-se em socos e pontapés, combinadas com decadentes agressões verbais. O cenário acabou mesmo com uma senhora desmaiada no meio do chão, à qual alguns presentes tiveram o cuidado de prestar assistência.

Será que são estes os pais que dizem aos seus filhos que as coisas resolvem-se através do diálogo? Será que são estes os pais que condenam a violência? Isto é educação ou (des)educação? ‘Belo’ exemplo!

Querem saber mais? Muitos destes senhores traziam por perto crianças ainda mais pequenas, que vinham assistir ao jogos dos seus irmãos, mas na verdade, os principais protagonistas daquela tarde desportiva de sábado forma mesmo os seus pais… infelizmente sinto eu!

Ainda se assistiu a infantis discussões sobre quem teve culpa! Quem teve? Todos, afirmo eu! Todos estes conflitos começam com troca de palavras, em que quando são demasiado deseducadas a melhor solução é ignorá-las. Considero mesmo que ignorar é um ato de liberdade que assiste qualquer cidadão! Está mais que provado, quando o nível dos diálogos tendem a ser baixos, a tendência final é a pancadaria.

Infelizmente começa a ser necessário tomar medidas drásticas para que isto deixe de acontecer. Dando a minha opinião, mesmo sem me perguntarem, e faço-o porque liberdade de opinião é um direito que também assiste qualquer cidadão, está na hora de haver penalizações aos senhores e senhoras que vão para os estádios ver os mais novos praticarem desporto e participam neste tipo de incidentes. Talvez serem identificados e impedir durante alguns jogos, a entrada nos recintos desportivos. Pôr os senhores (as) de “castigo”, tal e qual fazem aos seus filhos quando se portam, mal… depois, se melhorarem o comportamento podem voltar a ter o seu “brinquedo” de volta!

Por esta razão, percebo muitos pais que dizem não permitir que os seus filhos praticam futebol, pois, lá vão assistir a cenas de falta de educação! Cabe aos responsáveis pela supervisão das provas federadas, fazer com que esta não se torne uma tendência!

Para finalizar, dizer que tinha previsto que o artigo que vos escrevo esta semana, ser uma abordagem sobre a carreira do brilhante veterano Ryan Giggs, que assinou mais um contrato pelo Manchester United. Mas estes incidentes causaram-me tamanha repugnância que não consegui evitar falar deles.

REMATE DA SEMANA: “É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais.” Coelho Neto
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 5.03.2013

domingo, 21 de abril de 2013

Idosos: O Desporto tem de ser para todos!


Desde a criança, passando pelos adultos até aos mais velhos o desporto deve chegar a todas as populações. São perentórios os estudos realizados nas mais diversas faixas etárias, evidenciando os benefícios da atividade desportiva. O tema que vos trago hoje, prende-se com a necessidade do desporto nos idosos. De facto existe uma relação entre o aumento de doenças e a perda de funcionalidade. Esta perda de funcionalidade levará ao um aumento das incapacidades, que fazem com que o idoso tenha necessariamente de depender de outras pessoas ou equipamentos.

Entre vários fatores qua afetam esta população, a sarcopenia (perda de massa muscular) tem sido apontada como uma das principais causas das dificuldades apresentadas, ao nível da locomoção, transferência de peso e equilíbrio. O aumento desta condicionante limitativa, está relacionado com a baixa estimulação neuromuscular, o que é um dos principais argumentos que justificam a prática de atividade física nos idosos. No entanto, deverá ter-se presente que dadas as caraterísticas deste tipo de populações, torna-se importante que a prescrição de atividade desportiva, seja feita com um elevado rigor. Uma correta avaliação das capacidades do idoso será condição indispensável, para que possa ser sujeito a um programa de atividades que se enquadrem nos limites funcionais do praticante. Em idades mais avançadas o praticante torna-se mais vulnerável a lacerações cutâneas, lesões músculo-esqueléticas, etc.

Mas nem só benefícios relacionados com as capacidades de movimento trás a atividade desportiva. Segundo a Surgeon General Report (1996), a atividade desportiva, realizada de forma regular, produz benefícios ao nível cardíaco, respiratório, endócrino, aumenta a densidade óssea, tudo isto, provocando um associado decréscimo do risco de morte prematura, risco de doença coronária, hipertensão, cancro do cólon, diabetes, obesidade, reduzindo também estados de ansiedade e depressão, provoca boa disposição e aumenta o prazer de viver.

Para além de diversos programas formais, sempre que possa, o idoso deve ser estimulado para desenvolver outras atividades complementares que permitem o desenvolvimento das suas capacidades funcionais tais como a marcha, a dança, a natação entres outras. Importante também, é que as atividades propostas sejam motivantes e que proporcionem a expressão pelo movimento, encorajando a independência e autonomia. Quando as condições anteriores são asseguradas, o sentimento de bem-estar também será assegurado, proporcionando um aumento do índice de autoestima e autoeficácia, evitando o aparecimento de sensações negativas tais como o sentir que são fontes de preocupações para os outros.

Segundo dados do INE perspetiva-se que nos próximos 25 anos a população com mais de 65 anos duplique, em relação aos jovens. Assim sendo, torna-se necessário que a sociedade se prepare para estas modificações, no sentido de proporcionar um melhor estado de saúde e um aumento de qualidade de vida a esta população. Não se esqueça, um dia será você a lá estar!

REMATE DA SEMANA: “Envelhecer ainda é a única maneira que se descobriu de viver muito tempo”. Charles Saint-Beuve
Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 12.02.2013

António Salvador: liderança e fair play


 
O artigo desta semana, centra-se nas declarações prestadas por António Salvador na passada semana, depois da derrota da sua equipa por 3-2, no jogo contra o Passos de Ferreira. Com curtas declarações, mostrou que domina a arte da liderança. Estas poderão ser decisivas para rendimento e estabilidade da sua equipa, assim como para que o seu clube aumente, ainda mais, a credibilidade a nível diretivo.

Liderança

António Salvador referiu: "Compreendo a mágoa dos adeptos, mas não vale a pena agitarem lenços brancos. Quero deixar aqui a garantia de que o treinador vai acabar a época e tenho a certeza de que vamos chegar ao pódio no campeonato", disse António Salvador, manifestando a sua convicção de que o Paços de Ferreira "vai perder pontos" e que o Sporting de Braga saberá "aproveitar a oportunidade". Para além destas declarações, o presidente do Braga referiu os aspetos negativos que incidiram sobre o rendimento na primeira parte, bem como, nos aspetos positivos ao nível das atitudes e comportamentos dos jogadores da segunda parte.

Segundo Yukl (2002) o processo de influenciar outros a perceber e a concordar sobre o que é necessário fazer, e como devemos fazê-lo eficazmente, e o processo de facilitação dos esforços individuais e coletivos para realizar os objetivos partilhados. Tendo em conta este conceito e as declarações de António Salvador, é notório a influencia que estas podem ter sobre o rendimento da equipa e todos os elementos que a envolvem. Primeiro, retira todas as dúvidas aos jogadores sobre a continuidade do seu treinador, reduzindo a perceção de descrença no seu trabalho, levando-os a perceber que é com ele que têm de contar para dar continuidade à luta pelos seus objetivos. Segundo, retira o treinador de climas de incerteza, eliminando níveis de insegurança que possam surgir. Terceiro, leva a que os adeptos reduzam as suas atitudes de contestação, diminuindo a probabilidade de existência de ambientes mais austeros no que diz respeito ao apoio à sua equipa. Quarto, e para terminar, diminuiu a probabilidade de especulação nos órgão de comunicação social. Com tudo isto, o presidente do Braga, mostrando que está atento ao rendimento da sua equipa, criticando quando tem de criticar, como fez em relação ao rendimento da primeira parte com o Paços de Ferreira e protegendo quando tem de proteger, como fez em relação à segunda parte do mesmo jogo. Se blindou o balneário e criou condições para que a equipa esteja mais tranquila no seu trabalho semanal e por consequência no próximo jogo? Não tenho muitas dúvidas! Claro que isto não garante vitórias, mas ajuda!

 
Fair Play

 Perante os incidentes violentos no Estádio Axa, protagonizados pelos adeptos do Sporting de Braga, António Salvador pediu desculpas à direção e aos adeptos dos Passos de Ferreira, condenando a atitude dos seus adeptos. Relembro que os adeptos do Paços de Ferreira tiveram que se refugiar atrás de uma das balizas, para não entrar em confronto físico com os adeptos do Braga. Estas declarações do presidente bracarense, demonstram um singular fair play, devendo servir como exemplo para todos os agentes desportivos, reconhecendo os seus erros com frontalidade, evitando responsabilizar terceiros que pouca influência têm nos acontecimentos. De certa forma, António Salvador poderia tê-lo feito, pois existe um fator que potencia este tipo de acontecimentos, que é a não obrigatoriedade de forças policiais nos estádios de futebol. Segundo o comunicado da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol este tipo de comportamentos é, em parte, atribuído à ausência de elementos da polícia. Com certeza que os stewards, à vista dos adeptos, não apresentam mais autoridade que agentes devidamente munidos de equipamento de força, utilizado em caso de confronto. Acrescento, em caso de prevaricação de um adepto, em tempo útil, quem identifica? Quem leva para a esquadra? Quem faz com que a lei seja respeitada?

REMATE DA SEMANA: “O desporto não constrói o carater, revela-o.” Broun, Heywood
Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 18.02.2013

domingo, 14 de abril de 2013

Filho tens de ser Campeão!

Para iniciar este artigo transcrevo uma carta de uma criança ao seu pai, que tive oportunidade de conhecer através do facebook do Chutalbi – Escola de Futebol. Pela informação que temos, foi retirada do site do Atlético de Cacém, mas apresenta uma aplicabilidade universal. Quantos clubes em Portugal não devem ter jovens jogadores com um sentimento semelhante ao autor desta carta!
 
"Pai que estás a fazer? Não sei como te dizer!? Certamente achas que o fazes para meu bem, mas não consigo deixar de me sentir estranho, incomodado, mal. Ofereceste-me a bola quando ainda estava a aprender a andar. Ainda não andava na escola quando me inscreveste no clube. Gosto de treinar durante a semana, brincar com os colegas e jogar ao domingo, com fazem os mais velhos. Mas quando vais aos jogos... não sei. Já não é como dantes. Agora não me dás uma palmada quando o jogo acaba, nem me convidas para tomar qualquer coisa. Vais até à "bancada" pensando que são todos teus inimigos. Insultas os árbitros, os treinadores, os jogadores, ou outros pais... Porque mudaste? Acho que sofres e não compreendo. Dizes-me que sou o melhor, que os outros não valem nada ao meu lado, que quem disser o contrário está enganado e que só ganhar é que conta. O treinador que dizes que é incompetente, é meu amigo, foi ele que me ensinou a divertir enquanto jogo. O rapaz que no outro dia jogou no meu lugar... lembras-te? Sim pai, aquele que criticaste durante toda a tarde, dizendo que "não serve nem para levar o saco das bolas". Esse rapaz é da minha turma, na segunda-feira, quando o vi, fiquei com vergonha. Não quero dececionar-te. Às vezes penso que não sou suficientemente bom, que não vou chegar a profissional e ganhar muitos milhões, como tu queres. Sufocas-me. Até já pensei deixar de jogar, mas... Gosto muito! Pai, por favor, não me obrigues a pedir-te para não vires ver os meus jogos."
 
Para consolidar a ideia que se pretende transmitir, deixo a seguir algumas referências de uma entrevista dada por Rui Costa ao Jornal Expresso. Com certeza que o ex. futebolista passou por todo um trajeto que lhe dá legitimidade para opinar sobre o assunto.
 
Há famílias que pressionam os filhos para que sejam futebolistas. Em jogos há pais que chegam a gritar de forma doentia... É o maior erro que se pode cometer, incutir nos miúdos a ideia que têm de ser jogadores de futebol e craques. Ouvir os pais a dar instruções aos filhos num campo é, até, uma falta de respeito para com o treinador. Em todas as equipas do mundo, há uma pessoa que está à frente: o treinador. É ele que terá de fazer com que os jogadores cresçam. Com um pai impulsivo, a intrometer-se no processo de evolução do jovem futebolista, obrigando a criança a ser jogador, a história acaba sempre mal."
 
Talvez sejam duas opiniões que deveriam ser lidas por todos os pais, que exigem desequilibradamente dos seus filhos. A maioria das crianças vê a atividade desportiva como um momento de lazer e não como uma fonte de alimentação dos egos dos adultos!
 
FRASE DA SEMANA: “O respeito pelos pais só resiste enquanto os pais respeitem o interesse dos filhos.” Raúl Brandão

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 29.01.2013