domingo, 25 de março de 2012

Plano Nacional de Ética no Desporto impacto nos mais Jovens!

A Ética não pode ser só no Desporto!

No passado mês de Fevereiro, o Senhor Secretário de Estado do Desporto e Juventude lançou o Plano Nacional de Ética no Desporto (PNED). É uma iniciativa de louvar, e desejo que a sua missão seja rigorosamente cumprida.

 Nos dias de hoje, a transmissão e demonstração de valores, parece estar em “vias de extinção”. Segundo informação disponibilizada no site desta ação, “o PNED é um conjunto de iniciativas estruturadas e planificadas, que visam promover os valores inerentes à prática desportiva, e que se traduzem no espírito desportivo, no que de mais nobre ele encerra. Valores como: fairplay, o respeito pelas regras do jogo, o jogo limpo, o respeito pelo outro, a responsabilidade, a amizade, a relação e a interajuda, o respeito pelo corpo, o bem-estar, o crescimento harmónico da pessoa, entre muitos outros. Valores, estes, que se pretende que sejam assimilados e vividos na prática desportiva.” Tal como eu quando ouvi as notícias acerca desta organização, o leitor deve estar a questionar-se, como se trabalham estes valores? Segundo informação contida no site referido anteriormente, o PNED atuará em diferentes eixos estratégicos, nomeadamente na FORMAÇÃO/EDUCAÇÃO, onde desenvolverá iniciativas como criação de um KIT de formação, ações de formação certificadas para professores, ações de sensibilização para diversos públicos, participação nas atividades do Desporto Escolar, formação de árbitros do INATEL, formação de árbitros, formação de atletas e dirigentes universitários, formação sobre Ética no Desporto através de workshops. Além deste eixo estratégico que é a formação e a educação, o PNED desenvolverá projetos relacionados com a INVESTIGAÇÃO e PUBLICAÇÃO de materiais de apoio à sua intervenção, será associado a diferentes eventos desportivos, desenvolverá CAMPANHAS, INFORMAÇÃO, DIVULGAÇÃO e CONCURSOS. Enfim, uma panóplia de iniciativas, que sem dúvida acarretará os seus efeitos! Sinceramente fico feliz, por alguém ter percebido que isto tudo do SUCESSO ao nível escolar, profissional, pessoal… enfim, em todos os contextos de ação do ser humano, não fazem sentido sem os devidos valores éticos. São eles que tornam o simples homem num verdadeiro Homem! No entanto, penso que esta iniciativa poderia ter outro impacto social, se a sua abrangência fosse maior! Vejamos o seguinte: normalmente um jovem desportista, para além da sua prática desportiva no clube, sofre grande influência do contexto escolar, familiar... No mínimo, a transmissão de valores deverá ser feita aos três níveis, todos em sintonia… com uma mensagem semelhante, para não se anule a mensagem de um contexto, por mensagem contraditória de um outro. Segundo MOURAD D. (2004) sem poder entrar em detalhes, verificámos que se confunde amiúde violência do desporto com violência no desporto. Raramente é o desporto o gerador da violência, sendo apenas o cenário onde problemas de índole social se manifestam.”

 É uma honra que o desporto tenha tomado esta iniciativa, mas parece-me fundamental envolver fortemente a família e a escola. E quando falo em escola, não me refiro apenas ao desporto escolar! Deverá tomar-se medidas a nível mais abrangente, onde o desporto é apenas um tentáculo do grande polvo! E mais! Quando nos referimos a parte dos jovens que constituem a nossa sociedade, devemos ter a noção que em alguns casos, esta transmissão de valores, já não vai lá apenas com campanhas de sensibilização. Tem de haver coragem, cortar com hábitos criados. Para isso teremos de deixar de estar resignados a alguns acontecimentos, que até parece que já são normais, e tomar medidas! Como diria o povo, cortar o mal pela raiz. Sim, porque por muitos esforços que se façam com pedagogias da permissão, hoje, bulling, álcool e drogas…, parecem situações normais, em meios frequentados por mais jovens! Arrisco-me a dizer que o adulto está a perder capacidade de influência perante esta faixa etária! Algo terá de se fazer! Cada vez mais os jovens apresentam carência de valores. Diria mesmo que para alguns, as campanhas de sensibilização apenas servem para fazerem chacota delas mesmas! Estas campanhas, na realidade, servem para os jovens que ainda têm valores, adquirirem outros valores ou consolidar os já existentes! Desculpem a forma nua e fria com que apresento os factos, mas esta é a realidade, em alguns casos, já só lá vai com a pedagogia da força! Não querendo dizer com isto, agressão ou violência, mas as medidas têm que ser bem penalizadoras, principalmente para aqueles que não querem cumprir com as regras básicas de respeito pelos valores sociais. Só depois da transformação da erva daninha em árvore, sedenta de vontade de adquirir conhecimento e valores, é que se conseguirá trabalhar de forma equilibrada os próprios valores. Agora, muita coragem será precisa para voltar a equilibrar os valores, diria que talvez seja necessário um plano de austeridade educacional!

Outro aspeto que me parece fundamental, será envolver a família nesta transmissão de valores. O meio familiar muito poderá fazer! Como referi anteriormente, a mensagem tem de ser igual em todos os sentidos! Como pode o meu filho mostrar ética ou diria mesmo educação, se estou ao lado dele a ver um jogo de futebol, e permanentemente me vê a insultar este ou aquele interveniente do jogo. Com certeza que irá aprender novas terminologias, que posteriormente serão aplicadas no seu mundo…escola, desporto, grupo de amigos…

Relativamente ao desporto em si, cada vez mais se vive num dilema: quais os limites da vitória? O que posso fazer para vencer? Parece-me que em alguns casos muito se faz para vencer e pouco para educar, refiro-me ao desporto para jovens! “No desporto dos jovens, os verdadeiros vencedores não são necessariamente os atletas medalhados” (Kemp, 1991). Ao mais alto nível, a violência, a fraude, a corrupção, o dopping, o querer ganhar a qualquer custo, a ausência de espírito desportivo, o racismo, são temas que regularmente vemos noticiados nos meios de comunicação social, ficando esta informação disponível para os mais jovens tomarem como exemplo! Percebo que é aqui, que esta iniciativa do PNED vai recolher os seus frutos, e mais uma vez digo, tenho orgulho porque é o DESPORTO a fazer muito por todos! Além de poder tornar o mundo do desporto mais civilizado, todos os contextos onde o interveniente convive, recolherá os seus benefícios. Concluo este parágrafo reforçando: a vitória é uma festa, desde que para a conquistar não tenha sido necessário perder a moral!

Meus senhores… para terminar deixo-vos um aspeto, que para mim é fundamental… para todos estes planos resultarem, os seus impulsionadores terão de conhecer a escola real e não apenas os colégios privados… os clubes dos carolas e não apenas as academias desportivas… os meninos que vivem nos bairros sociais e não apenas os que vivem no condomínio privado! Porque são os primeiros que normalmente no desporto, chegam à elite!

REMATE DA SEMANA: “Eles sabem o preço de tudo mas não sabem o valor de nada.” Oscar Wilde

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 20.03.2012

sexta-feira, 16 de março de 2012

Villas-Boas… Quem é o senhor???

Numa altura em que se especula a ida de Villas-Boas para o Inter de Milão, depois de uma trágica passagem pelo Chelsea passando de “hero to zero” (expressão inglesa), parece-me pertinente rever o seu trajeto profissional e as suas caraterísticas.

Villas-Boas, bisneto do primeiro Visconde de Guidhomil, razão que lhe é atribuído o nome brasonado de Dom Luís André Pina Cabral e Villas-Boas, desde cedo demonstrou interesse pelo futebol. Apesar de não ter ninguém na sua família com interesse vincado por desporto, o fato de ser vizinho de Bobby Robson, uma das maiores figuras do futebol mundial, proporcionou-lhe a abertura de uma porta para o futebol profissional. O primeiro de muito contatos destemidos, começou quando Villas-Boas, questionou o seu vizinho da razão por não colocar, o seu ídolo Domingos, a jogar mais vezes. Sir Bobby Robson, em vez de ignorar o miúdo, foi dialogando com André, criando laços afetivos, mas também profissionais, pelos constantes relatórios que o jovem colocava na caixa de correio do então treinador do F. C. Porto. Com apenas 17 anos começou a sua formação de treinador em Inglaterra, com estágios em vários clubes profissionais, trajeto que seria totalmente impossível sem a “cunha” amiga do seu vizinho. Realmente o leitor poderá dizer que teve uma sorte enorme, em ter sido vizinho de um treinador tão importante. Na verdade se não fosse destemido e corajoso ao interpelar Sir Bobby Robson, arriscando uma ríspida humilhação, como talvez tivesse acontecido se fosse com outro treinador, permitiu que criasse as bases para uma carreira ao mais alto nível.

André Villas-Boas, foi durante muitos anos responsável por analisar as equipas adversárias de José Mourinho, iniciando esta tarefa no F. C. Porto a part-time, mas a capacidade de realizar profundas análises, convenceu o seu “patrão”, proporcionando a sua contratação a tempo inteiro. Uma análise levada ao limite, que por vezes até se disfarçava para ir analisar adversários, aos campos de treino dos seus opositores.

A sua ambição em sentir mais de perto o cheiro do relvado, deixando para trás o trabalho de observação em gabinete e passar a lidar mais de perto com os jogadores, levou a que enfrentasse Mourinho. Segundo Luís Freitas Lobo “foi o homem, o único à face da terra, que desafiou Mourinho e com que este se zangou, furioso, quando, altivo, lhe disse que queria ir embora do Inter porque se sentia treinador e não uma simples observador como Mourinho insistia que fosse”.

Foi em 2009 que o jovem treinador iniciou a sua carreira como principal da Académica de Coimbra. Um passo arriscado, como ele próprio refere: “aos 31 anos troquei a confortável posição de observador do Inter, um salário incrível e um contrato que se promulgava por mais 3 anos, pela Académica que estava no último lugar na Liga portuguesa”. Mais uma decisão de coragem, que revela ambição, mas também o acreditar e a vontade de seguir o seu próprio rumo. Foi o bom trabalho que desenvolveu na Académica que lhe proporcionou a contratação pelo F. C. Porto, na época 2010-2011, apesar do interesse demonstrado por outras equipas portuguesas. No clube azul e branco ‘apenas’ conquistou Campeonato Nacional, Taça de Portugal, Supertaça e Liga Europa, faltando a Taça da Liga. O seu sucesso, fez com que protagonizasse no início da presente época, a transferência mais cara de um treinador de futebol para o Chelsea Football Club, 15 milhões de euros, com um salário de 5 milhões anuais.

Mas porque Mourinho vingou no Chelsea e Villas-Boas falhou? É certo que estou muito longe de ter conhecimento de causa do que se passou com os dois treinadores, mas numa análise à distância tudo se pode especular! Poderá ter sido mesmo uma questão de relação de estatutos de jogadores/treinador. Mourinho encontrou no Chelsea, um conjunto de jogadores que há muito não ganhava. O treinador português entra no clube de rompante, evidenciando na sua primeira conferência de imprensa que é ‘Special One’, demonstrando claramente o seu estatuto de dimensão superior. Ou seja, treinador com estatuto bem mais elevado de que os jogadores, proporcionando que tivesse uma liderança mais vincada, que lhe permitiu à segunda época, que o Chelsea vencesse o desejado título, após 50 anos de seca. Além disso o treinador português levou consigo um núcleo de jogadores da sua confiança, três deles da seleção portuguesa. No total o clube investiu nessa época 166 milhões de libras.

Na presente época, com Villas-Boas, apenas entraram Thibaut Courtois (Genk), Oriol Romeu Vidal (Barcelona), Romelu Lukaku (Anderlecht), Juan Mata (Valencia) e Raul Meireles (Liverpool), deixando no plantel jogadores com um estatuto muito forte, com um ego alimentado pela mentalidade ganhadora e uma estreita relação com José Mourinho. No total o clube londrino investiu 75,5 milhões de libras em contratações. Além de um investimento inferior, Villas-Boas teve uma comunicação diferente, talvez demasiadamente cautelosa, não se mostrando tão acertivo como José Mourinho, evidenciando a sua forma, diferente, de estar no mundo do futebol. Voltando a reforçar a ideia de que esta é a opinião de quem apenas tem a informação proveniente dos orgãos de comunicação social e bibliografia da especialidade, diria que tinha sido importante que Villas-Boas tivesse um discurso que elevasse o seu estatuto em relação aos seus jogadores.ligações, para serviços externos ao Jornal de Notícias, permitem guardar, organizar, partilhar e recomendar a outros leitores os seus conteúdos favoritos do JN(textos, fotos e vídeos). São serviços gratuitos mas exigem registo do utilizador.

Considerando o trabalho de qualidade que desenvolveu com Mourinho, o trabalho que realizou na Académica de Coimbra e no Futebol Clube do Porto, penso que André Villas-Boas terá condições para ser mais um técnico português de sucesso. Agora se me perguntarem se vai chegar ao nível de Mourinho, arrisco-me a dizer Não… mas retribuo com uma questão: mais algum técnico a nível mundial, terá hipóteses de atingir o nível de special one? Ser campeão nas principais ligas europeias Inglaterra, Itália e agora Espanha, Ligas Europa, Ligas dos Campeões…  não poderá ser para todos e atualmente apenas será para um!



REMATE DA SEMANA: “Conectar computadores é um trabalho. Conectar pessoas é uma arte.”
Eckart Wintzen

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 13.03.2012

segunda-feira, 12 de março de 2012

Tecnologia no Futebol

É do conhecimento de todos que em áreas como medicina, engenharias, informática, … existe permanente evolução tecnológica. A evolução da tecnologia tem permitido uma melhoria dessas áreas e o desenvolvimento dessas áreas tem permitido uma otimização da tecnologia, ou seja, existe uma reciprocidade na evolução de ambas. O mesmo acontece em várias modalidades desportivas, inclusivamente no futebol. O treinador hoje em dia tem ao seu dispor um conjunto de meios tecnológicos que lhe permite obter dados do jogo e assim, tomar decisões em relação ao mesmo. Vários clubes utilizam sistemas de camaras ligadas a computadores que fazem um trabalho estatístico em tempo real. Na preparação dos treinos e jogos, quase todos os treinadores recorrem a software que lhes permitem preparar, organizar e gerir os acontecimentos. Os departamentos clínicos cada vez têm mais meios de diagnóstico e intervenção nos jogadores lesionados, chegando mesmo a ser possível, através de recolha sanguínea perceber se um jogador está propício a contrair uma lesão. As direções dos clubes já dispõem de meios tecnológicos para gerir as suas receitas, planificar ações de marketing, etc.

Todos têm aberto as portas à entrada de meios tecnológicos, à exceção de um, a arbitragem. Além dos transmissores que permitem a comunicação entre a equipa de arbitragem e perdoem-me se estou a cometer alguma gafe, penso que a arbitragem e as tecnologias têm estado de costas voltadas. Parece-me, que apesar das resistências dos órgãos que gerem esta área desportiva, vamos ter fumo branco! A Football Association Board (IFAB), realizou no dia 3 de Março a sua assembleia geral anual, onde ouviu pareceres acerca de oito sistemas tecnológicos de linha de golo, que automaticamente e em tempo real informam o árbitro se a bola ultrapassou completamente a linha de golo. De acordo com a análise do Laboratório Federal Suíço de Ciência e Tecnologia de Materiais (EMPA), só dois sistemas receberam aprovação para participarem numa segunda fase de testes. Esperemos que no final de todo o processo, tenhamos meios de qualidade, que permitam às equipas de arbitragem terem uma intervenção de maior qualidade. Nem de prepósito, tivemos este fim-de-semana num jogo da nossa primeira liga um caso duvidoso! Parece que estas notícias surgem mesmo em tempo oportuno! No jogo entre o Vitória de Setúbal e o Sporting de Portugal, existiu um lance em que após várias repetições em câmara lenta, ficamos com a dúvida se a bola ultrapassou ou não a linha de golo.
Esperemos que a abertura das portas por parte da Football Association Board, seja o princípio de uma regular evolução tecnológica de apoio às arbitragens no futebol. E repito e intensifico a palavra APOIO! Esta palavra nada tem a ver com SUBSTITUIÇÃO, pois considero que o fator humano é insubstituível em todas as áreas. Penso que a introdução destes meios tecnológicos têm de ser bem-vindos, pois irão proporcionar uma pequena diminuição do leque de ações em que o árbitro tem de se focar, proporcionando que se concentre nas muitas outras situações que lhe restam. Penso também que estes meios tecnológicos em nada devem prejudicar o espetáculo desportivo. De forma alguma devem despoletar paragem para a análise de lances. A tecnologia deve fornecer a informação em tempo real, num curto espaço de tempo, semelhante ao tempo gasto por uma bandeirola de um assistente a levantar ou uma informação sonora ou vibratória que chega ao árbitro principal, por intervenção dos seus auxiliares.
No fundo, estas tecnologias deverão proporcionar que todos os intervenientes, jogadores, espetadores, … sintam que as decisões tomadas por parte de quem regula o acontecimento, a equipa de arbitragem, tornaram a competição desportiva, num espetáculo mais justo.
Por analisar, ficarão os custos que estes sistemas terão para as entidades organizadoras ou clubes. Esta é mais uma importante discussão, para verificar a viabilidade do investimento num sistema de apoio às equipas de arbitragem.
Desengane-se aquele que pensa que um dia terá um jogo de futebol sem erros de arbitragem! Quando isso acontecer, os jogadores, treinadores, dirigentes, enfim, todos os intervenientes deixarão de errar e o jogo deixará de existir!
 Fiquemos descansados ao saber que isso nunca irá acontecer!
REMATE DA SEMANA: “Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito.” Fernando Pessoa
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 6.03.2012

Torneios

quinta-feira, 8 de março de 2012

domingo, 4 de março de 2012

NELSON OLIVEIRA, UM PONTA DE LANÇA PARA A SELEÇÃO!

Nelson Oliveira foi chamado por Paulo Bento para o jogo de preparação para a UEFA EURO 2012, frente à Polónia, a realizar na próxima quarta-feira. É sem dúvida um jogador com um potencial enorme. As intenções do selecionador poderão ser duas, ou conta com ele para o Europeu, ou está a proporcionar-lhe vivências para que evolua enquanto jogador. Qualquer que seja a intenção, é de reconhecer, mais uma vez, que Paulo Bento se preocupa com o futuro da nossa seleção.
No último jogo entre a Académica e o Benfica, Nelson Oliveira entrou e abanou, só alguma falta de discernimento, fruto da juvenilidade é que não permitiu que concretizasse. Mais oportunidades deverão ser dadas a este jogador, no sentido de lhe proporcionar que cresça como profissional de elite, evitando que não acuse ansiedade na hora da finalização. Só num clube de grande dimensão, é que ele pode crescer equilibradamente. No Benfica o jogador irá encontrar com maior regularidade equipas fechadas em blocos defensivos baixos e concentrados, que lhe vão proporcionar mais dificuldades de atuação. Pelas caraterísticas da maioria dos seus adversários, irá encontrar dificuldades de rotura e penetração, não irá encontrar muito espaço para jogar com liberdade e terá que lidar com o contato físico provocado pelos seus opositores, obrigando-o a superar-se para ultrapassar as adversidades do contexto. Com oportunidades como as que lhe foram dadas na taça da liga, tornar-se-á um dos melhores avançados portugueses.
 

Sinceramente, acredito que Nelson Oliveira não seja mesmo convocado para representar a seleção no Euro 2012 pois, além de ser ainda um jogador dos sub 21, é nítido que lhe falta alguma maturação como jogador de elite, mas, na minha opinião, a convocatória para este jogo de preparação, foi uma mensagem de concordância com os responsáveis do Benfica, expressando que os técnicos nacionais, também acreditam que o jovem avançado poderá vir a servir a nação e o futebol mundial. Este jogador é nitidamente uma grande aposta do clube encarnado, e os 30 milhões de cláusula de rescisão que a ele está associada, é a evidência desse facto.

 Ao nível formativo, penso que todos os técnicos que lidam com Nelson Oliveira, estão a proporcionar-lhe uma evolução gradual, proporcionando adaptações equilibradas e progressivas à complexidade da competição. Se ao nível dos sub 20, foi referência, tendo sido também determinante para o sucesso da mesma, irá naturalmente passar agora pelos sub 21, com o “rebuçado” da passagem pela seleção A. Este estímulo servirá para ele se manter motivado e com a ambição de lá chegar, percorrendo harmoniosamente o seu caminho maturacional. Sabemos que muitas vezes quando isto não acontece poderá dar-se “o passo maior que a perna”, e o trabalho de anos pode ficar comprometido.


Curiosidades:

 - A vontade de se superar foi sempre uma das preocupações de Nélson Oliveira. Enquanto júnior do Benfica, num episódio durante um dos treinos, foi falar com seu o treinador Diamantino, referindo que se sentia fatigado e que pretendia frequentar o ginásio para aumentar a massa muscular. O treinador questionou-o se desejava isso, porque não o faria. Ambos foram de imediato interpelados por Rui Costa, que estava por perto a ouvir a conversa dizendo: “Queres que te mostre a tua ficha de pré-época? Tu tens mais massa muscular que os jogadores seniores. Isso ainda te faz mal.”

- Nelson Oliveira teve alguns problemas de adaptação ao Seixal, mas depois de se sentir em casa, foi o melhor aluno da academia. Um exemplo para todos os jovens, bom jogador/bom aluno, afinal existe compatibilidade!

- Este jovem jogador, competiu sempre num escalão acima do da sua faixa etária. Enquanto júnior de primeiro ano foi emprestado ao Rio Ave e enquanto júnior de segundo ano ao P. Ferreira. Uma gestão feita pelo clube, pelos seus pais e pelo seu empresário, no sentido de lhe proporcionar dificuldades, para que pudesse evoluir dentro do um grupo de nível superior, pois consideravam que já era capaz de coabitar com jogadores desse nível.

- Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica, não o queria empresta-lo enquanto junior, considerava que era jogador imprescindível, pois com ele, o seu clube teria mais hipóteses de ser campeão de Juniores. O empresário Jorge Mendes fez-lhe uma pergunta simples, se preferia ser campeão de juniores ou formar um ponta-de-lança campeão. Perante tais argumentos, Vieira decidiu emprestar o jogador. Este poderá ser este um exemplo de gestão para muitos clubes, pois com o espírito e dinâmica de equipa, a formação deve servir para formar jogadores e não equipas pois, nem todos os jogadores de formação, poderão jogar numa equipa profissional sénior.

 REMATE DA SEMANA: “O irmão dele e alguns primos também jogam à bola, mas não têm a mesma cabeça. Miúdos com talento há muitos, o que faz a diferença é muitas vezes a vontade de trabalhar e de progredir. O Nélson nesse aspeto sempre teve muito juízo.” Adélio Oliveira pai de Nelson Oliveira

 Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 28.02.2012