segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sites de apostas… porque não? Até parece que somos ricos!

«Defenderemos, de forma empenhada e intransigente, as receitas das apostas online. O Governo português, ou melhor, os sucessivos governos desde 2005 terão de explicar a todos e cada um a razão pela qual o Real Madrid, o Bayern e o Lyon podem recorrer a patrocínios das apostas e Portugal não pode… Das quatro maiores Ligas do Mundo, somos a única que não pode. O atual ministro que tutela o Desporto é um governante reformista. Esta regulação não interessa apenas ao futebol mas sim a todos os desportos…», afirmou, o novo presidente da Liga de Clubes, na sua tomada de posse.

Numa altura em que a sustentabilidade dos clubes não tem a mesma força que há uns anos a esta parte, parece-me insensato que não se abram as portas à entrada de capital externo pelas empresas de apostas online. Realmente não percebo! Se teimosamente queremos ser diferentes, ou se mais uma vez gostamos de privilegiar “Monopólios de Misericórdia” em detrimento, daquilo que realmente nos poderá trazer proveitos. Objetivamente, como diz o ditado o maior cego é aquele que não quer ver! Mas realmente devemos ser mesmo o país dos “Chicos espertos”, com uma inteligência de outra dimensão, que nem aproveitar o exemplo dos melhores do mundo conseguimos. Será que alguém sairá misericordiosamente prejudicado pela entrada no país das apostas online? Se sim, façam-se acordos para minimizar os prejuízos. Impedir o desenvolvimento do futebol e a sua sustentabilidade por birra, parece-me uma solução egoísta, de quem olha apenas para o seu umbigo, esquecendo-se que sem outros umbigos à nossa volta, o nosso deixa de fazer sentido e até poderá deixar de existir!

O que é certo é que segundo o Dr. Fernando Gomes presidente da Federação Portuguesa de Futebol, "o impacto no médio prazo será catastrófico em termos do futebol português, na medida em que nós sabemos que estas casas investem aproximadamente 20 milhões de euros [por época] em Portugal", referindo-se ao patrocínio dos clubes e publicidades nos órgãos de comunicação nacionais, sendo este investimento, também feito também nas modalidades amadoras.

Ponto de vista do cidadão: Apesar de tudo, este braço de ferro retrógrada, é de quem não faz a mínima ideia, de que o jogo do 1x2 já não é o que era! O jovem não sente necessidade de jogar no boletim, porque tem acesso a outras formas de aposta, mais práticas; e o menos jovem não está interessado em aprender a navegar na internet e usá-la como forma de arriscar os seus palpites. Assim, salvo raras excepções, com a entrada das apostas online, para o cidadão comum, tudo se manterá como anteriormente.

 Discute-se ainda o controlo da idade dos apostadores, eu pergunto, esses mesmos riscos não se colocam aos jogos da Santa Casa que estão disponíveis on-line e até no telemóvel? O risco parece-me o mesmo!

Ponto de vista do estado: Eu percebo que são atividades que proporcionam a movimentação de centenas de milhões de euros no país, sem que os cofres do estado façam qualquer encaixe financeiro, mas eu pergunto, quantas empresas portuguesas operam no país, que estão sediadas noutras paragens, fugindo à máquina fiscal nacional? Não haverá alguma semelhança sobre o ponto de vista ético?

E em jeito de resumo…

1)      Quer queiramos quer não, muitos portugueses continuarão a fazer as suas apostas online, sem regulamentação quem continuará a perder é quem não regulamenta!

Porque não se negoceia, a abertura de sedes destas empresas no nosso país?

2) Monopólios e contratos de exclusividade, no meu ponto de vista não se justifica, numa sociedade que quer ser competitiva!

3) Se o país não der um passo de modernização, os clubes portugueses perderão competitividade em relação a outros, que podem recorrer a este tipo de entrada de capital.

4) É importante perceber que o jogo, poderá ser um fenómeno que provoca adição (vício). É necessário abordar o assunto de forma pedagógica na sociedade, evitando que se torne prejudicial para muitas famílias, à semelhança do que muitas vezes acontece nos casos encobertos, dos senhores que gastam milhões de euros compulsivamente em casinos e afins. Esses sim, parece que interessam a todos, portanto não se estabelecem limites de apostas, proporcionam-se créditos e endividamento sem fim!

REMATE DA SEMANA: "A melhor aposta é apostar em si mesmo." (Arnold Glasow)

Artigo Publicado no Jornal tribuna Desportiva de 24.01.2012

Formar sem Formatar

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Futebol... uma visão abrangente!


Futre vai apresentar um programa televisivo! Como todos sabemos pelos mais variados meios, a crise em Portugal está a empurrar milhares de portugueses para o desemprego. Mais uma vez, a imagem de um futebolista é usada em prol de interesses económicos e televisivos. Através do programa, a produção encontrará emprego para os candidatos inscritos. As entidades empregadoras terão como moeda de troca, publicidade gratuita. Boa iniciativa, vamos ver se o enquadramento não é muito “show” e pouco emprego!

Ultimo minuto provocou morte na praia! A equipa da cidade da Covilhã fez frente a um candidato ao título da Liga Orangina. Com recursos de dimensões bem diferentes do seu opositor, só uma boa organização estratégica por parte da equipa covilhanense, permitiu enfrentar com nível, uma equipa como o Moreirense. Depois do empate, até o golo da vitória poderia ter surgido, mas, no último folgo do jogo, a equipa de Casquilha marcou o golo da vitória, levando três pontos do nosso Complexo Desportivo. Apesar de não ficar na retina um jogo atrativo, fica uma lição de gestão de recursos humanos, onde a optimização do potencial de cada jogador em prol da equipa, esteve sempre presente. Foi formada uma teia tática que poderia ter sido bastante eficaz. Faltou apenas uns instantes de sorte!

Turbilhão nas contratações. Com já nos habituaram, os grandes clubes de Portugal, o interesse demonstrado por um possível talento, despoleta interesse de vários clubes da nossa nação. Parece que brevemente iremos ter outra novela semelhante à do Falcão. Diz a comunicação social que o Messi da Indonésia, Andik Vermansyah (20 anos) é alvo de luta entre dois rivais de Portugal, veremos se é só tinta no papel, ou se é uma aposta que enriquecerá os nossos palcos desportivos!

Era uma vez um título! A derrota com o Sporting de Braga afastou de vez o Sporting de Portugal do título. Apesar de ainda ser matematicamente possível, onze pontos será um obstáculo quase impossível de ultrapassar, para chegar ao topo da tabela classificativa. O clube lisboeta ainda terá três frentes para demonstrar a sua qualidade e alicerçar as bases para um Sporting mais forte na próxima época. Depois desta época, só a estabilidade ao nível financeiro e de recursos humanos, poderão contribuir para rentabilizar, o investimento feito no “Cerelac” durante esta época. Faz falta um Sporting competitivo, que enriqueça o nosso campeonato nacional, com uma luta permanente pelo título.

Boas condições para a prática da modalidade Futebol entre outras actividades. Segundo o que se vê a olho nú, vai de vento e poupa as obras do Complexo Desportivo da Estação, esperando-se melhores condições para que os jovens do concelho, possam usufruir de uma digna prática desportiva. Ouro sobre azul seria que o Complexo Desportivo da Cidade, também tivesse um sintético, em vez do tão utilizado pelado. Compreende-se que em momentos de crise, o cinto aperta com uma intensidade tão forte, tornando muito difícil que este tipo de investimentos sejam uma realidade, mas na verdade, sonhar não custa! Teremos a esperança que depois da crise ultrapassada, o sonho dos treinadores e dos jovens da cidade seja uma realidade.

Organizada começa a estar a tabela classificativa da Liga Zon Sagres, principalmente nos primeiros cinco lugares. Apesar de ainda faltarem muitos jogos para o término do campeonato, acredito que Marítimo, Sporting, Braga, Porto e Benfica ficarão nos primeiros cinco lugares da tabela classificativa, apesar da ordem com que finalizarão o campeonato apresentar uma pitada de indefinição. Já nos lugares seguintes tudo poderá acontecer, repare que entre o 6º lugar (Guimarães - 20 pontos) e o 15º (Leiria - 13 pontos) apenas temos 7 pontos de distância, o que indicia que tudo pode acontecer, arrisco mesmo a dizer, que qualquer uma das equipas deste nível da tabela classificativa, poderá estar em risco de descida de divisão.

Longe da nossa perto da deles. Não querendo diz mal nem bem, apenas constatar factos, este fim de semana fui ver um dos jogos do Campeonato Distrital - Liga Covifil. Por curiosidade fui contando o número de passes que cada equipa fez durante a posse de bola. Averiguei que em média cada equipa realiza três passes consecutivos. No último passe dos três quantificados, as equipas procuraram colocar a bola, nos jogadores que ocupam o setor mais avançado. Percebo que não existem recursos para fazer um jogo sistemático de posse de bola, mas o excessivo futebol direto, tornou o jogo muito emotivo, mas pouco espectacular.



REMATE DA SEMANA: Não penso em trabalho como trabalho e em diversão como diversão - é
tudo VIVER!!!
(Richard Branson)

Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 17.01.2011

domingo, 15 de janeiro de 2012

Descoberta guiada… uma aprendizagem mais forte!


Hoje em dia, várias correntes são seguidas, no que diz respeito às pedagogias educacionais utilizadas em escolas, clubes, academias, etc. Atualmente a que mais desperta curiosidade é a “Descoberta Guiada”. O artigo que vos trago esta semana, procura elucidar o leitor, para as características desta corrente pedagógica, utilizada por profissionais de alto rendimento desportivo.



Se pesquisar num motor de busca o significado de descoberta, poderemos obter resultados como: a)encontrar: descobrir um novo caminho; b)compreender: descobrir o significado de algo. Como pode verificar, a descoberta está diretamente ligada à aprendizagem, em que o principal regulador do processo é o professor ou treinador, referindo-me ao contexto aula ou treino respetivamente.


Numa situação de aprendizagem estratégica do futebol, p.ex. a correção de um conteúdo de treino, poderemos ter diferentes tipos de intervenção, entre as quais, 1) referir diretamente o que é necessário fazer para não voltar a cometer o mesmo erro, forçando a que os jogadores alterem de imediato o seu comportamento. Ou por outro lado, 2) proporcionar um exercício com duas variantes, uma em que o comportamento errado é provocado e outra em que a estratégia corretiva desse comportamento é provocada. Depois da vivência das duas variantes, poderá ser discutido, em conjunto com os jogadores a melhor solução para encarar o problema. Aqui apresento duas formas de corrigir um erro tático, em que a segunda abordagem apresenta uma estreita ligação à descoberta guiada. Parece-me que faz parte do processo de liderança, envolver os jogadores nas decisões de ordem técnico-tática, através de um processo guiado e não obrigado. Segundo José Mourinho “…liderar não é mandar, para mim liderar é guiar”.


Realmente este é um processo mais demoroso, que nem sempre é rentável, depende da importância dos conteúdos a aprender, mas sem dúvida é uma corrente, que pelo facto dos jogadores vivenciarem as várias vertentes do problema, permite que a aprendizagem fique consolidada, podendo assim, de uma forma natural ser manifestada numa situação de jogo. Mas o curioso desta metodologia, é a possibilidade de provocação intencional do erro por parte do treinador, induzindo os desportistas a encontrar estratégias que permitam enfrentar os problemas e solucioná-los. Errar é um processo natural para quem aprende. E quando o praticante por errar, procura as soluções para o seu sucesso, com certeza que desenvolverá um processo adaptativo mais eficaz, que utilizará no jogo.


Como refere José Mourinho “jogadores com este nível não aceitam o que lhes é dito apenas pela autoridade de quem o diz. É preciso provar-lhes que estamos certos. A velha história do mister ter sempre razão não é aqui aplicável. (...) O trabalho táctico que promovo não é um trabalho em que de um lado está o emissor e do outro o receptor. Eu chamo-lhe a descoberta guiada, ou seja, eles descobrem segundo as minhas pistas. Construo situações de treino para os levar por um determinado caminho. Eles começam a sentir isso, falamos, discutimos e chegamos a conclusões. Mas para tal, é preciso que os futebolistas que treinamos tenham opiniões próprias. Muitas vezes parava o treino e perguntava-lhes o que eles sentiam em determinado momento. Respondiam-me, por exemplo, que sentiam o defesa direito muito longe do defesa central. Ok, vamos então aproximar os dois defesas e ver como funciona. E experimentávamos, uma, duas, três vezes, até lhes voltar a perguntar como se sentiam. Era assim até todos, em conjunto, chegarmos a uma conclusão. É a esta metodologia que chamo a descoberta guiada”.


Neste sentido as palestras tidas com os jogadores, deverão ser um complemento ao próprio exercício, e não o exercício complemento às palestras. Assim, numa relação simbiótica, o exercício e o diálogo, deverão guiar os jogadores rumo aos objetivos, no sentido de aprenderem os comportamentos a adotar, de uma forma bem consolidada. Só se poderá dizer que estes foram bem aprendidos, quando são manifestados na competição de acordo com o planeado. Para que isto se torne uma regularidade, o jogador não deverá realizar a ação pretendida, apenas porque o treinador lhe exigiu, mas sim porque mudou a sua forma de pensar, compreendeu a função estratégica do comportamento e sentiu que é a mais rentável atuar dessa forma.


REMATE DA SEMANA 1: “Diz-me e eu esqueço, mostra-me e eu recordo; deixa-me fazer e eu aprendo.” Benjamim Franklin


REMATE DA SEMANA 2: Bom ano de 2012, de preferência com prática desportiva regular!


Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 10.01.2012