quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Poder do Desporto no Afastamento de Tentações Devastadoras

O Desporto para além de ser uma atividade motivadora para a maioria dos jovens, atua como forma de prevenção de diferentes tipos de doenças. Fisiologicamente, contribui para a prevenção de várias patologias relacionadas com o sedentarismo, obesidade, etc. Mas para além deste tipo de benefícios, tem uma grande influência no que diz respeito à regulação de um estilo de vida, longe das tentações que a sociedade atira para o caminho dos jovens de hoje, como o álcool drogas, etc.

Se por um lado alguns jovens têm o tempo extra curricular muito ocupado, por outro, existem jovens com demasiado tempo livre. Mas tendo muito ou pouco tempo livre, o que fazem os jovens nestes momentos? Num passado recente, os jovens ocupavam o seu tempo livre, com diversões inundadas de actividade física, longe de estilos de vida sedentários. Com as modificações sociais e culturais, as oportunidades e motivações para este tipo de actividades são cada vez menores, por questões de segurança, disponibilidade de espaços, existência de atrações de outra natureza, etc. Um dos grandes problemas da sociedade atual, é a inexistência de uma educação para o que fazer nos tempos, em que as actividades não são orientadas, ou seja, o que fazer nos tempos completamente livres. Refiro-me a momentos em que o jovem toma livremente as suas decisões, por não estar sob uma orientação e supervisão direta de pais, professores, treinadores, ou outros profissionais. Nestes momentos, o jovem encontra-se normalmente com os amigos ou colegas que se influenciam mutuamente.

Parece-me importante que se volte aquele passado recente, em que a criança desfrutava juntamente com os seus pais, de brincadeiras ao ar livre, onde o movimento se encontrava como o expoente máximo desses momentos, criando raízes ligadas à atividade desportiva. Estes hábitos contribuíam para que no futuro, quando a criança se tornasse num jovem adolescente, fizesse da atividade desportiva uma escolha preferencial para passar o tempo com os seus amigos. Ou seja, o que outrora foi uma brincadeira, cultivou uma forte motivação, diria mesmo uma fonte de prazer por uma actividade tão benéfica, que o afastou de outras práticas tentadoras como o álcool e a droga. Alerto que estas substâncias são muitas vezes procuradas como fonte de prazer ou diversão, com repercussões devastadoras a curto prazo para a integridade dos jovens que as consomem.

Mas que outros contributos pode dar o desporto na prevenção destas devastadoras tentações? Querer vencer, querer fazer bem, ou querer melhorar, são ambições naturais de quem faz da atividade desportiva um estilo de vida. Para que o jovem possa atingir estes objetivos que se auto propõe, terá que definir prioridades, entregando-se aquelas que são para ele uma fonte de prazer, afastando-se daquelas que são prejudiciais no alcançar dos seus objectivos. Isto deverá acontecer com uma eficaz consciencialização dos prejuízos causados pelo consumo de substâncias como o álcool e drogas, sendo ao mesmo tempo sensibilizados para o factos da sua fonte de prazer e motivação, a atividade desportiva, ficar condicionada negativamente pelo consumo das substâncias supra citadas, obrigando o jovem a fazer opções. Neste sentido é fundamental que desde cedo o jovem fique fortemente fidelizando à atividade desportiva, sabendo que tomará esta atividade como uma das grandes prioridades da sua vida, afastando-o de outras tentações negativas que a vida o irá confrontar.

Segundo Pinto, M. (2004) “…a actividade física parece estar intimamente ligada aos estilos de vida mais ou menos saudáveis, dependendo da actividade ou inactividade do indivíduo, respectivamente. O consumo de álcool, tabaco e drogas estão intimamente ligados a estilos de vida pouco saudáveis.”

Segundo algumas pesquisas que realizei para a elaboração deste artigo, encontrei um dado interessante sobre o tema. O Observatório Europeu para a Droga e Toxicodependência, refere numa das suas notas bimestrais que existe no Reino Unido, uma iniciativa intitulada Positive Futures, dirigida à reorientação de jovens dos 10 aos 19 anos, oriundos das comunidades pobres e em risco de caírem na delinquência ou já delinquentes. O objetivo desta iniciativa é atrair os jovens por meio da oferta de atividades recreativas, especialmente futebol e outros desportos em equipa, para depois os envolver em atividades centradas nas competências interpessoais e na auto-estima. Neste interessante projecto, que utiliza a atividade desportiva como instrumento de prevenção e tratamento da toxicodependência, são também estabelecidas ligações a educadores e formadores, bem como a serviços de emprego. Os resultados iniciais da avaliação indicam que os participantes melhoraram as relações entre si e com os adultos, elevaram o nível das suas aspirações, reduziram o consumo de droga, o comportamento anti-social e de índole criminosa.
 

Assim, o que por vezes pensamos que é mais uma atividade para os nossos filhos ocuparem o seu tempo livre, poderá ser uma atividade determinante na orientação social e cultural da população juvenil, proporcionando benefícios a todos os níveis. A fidelização à atividade desportiva, será um importante instrumento, para que os mais novos tenham um estilo de vida saudável e cheio de sucessos.

REMATE DA SEMANA: "O desporto é importante para modernizar a nossa visão de mundo, porque nos socializa, na derrota e na vitória". Roberto Mata

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 22.11.2011
 

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O Poder da Comunicação e a nossa Seleção

Assim como noutras áreas, a comunicação no desporto, ao longo dos tempos tornou-se um meio vital para a estabilidade e evolução dos clubes e estruturas desportivas. Hoje em dia, a utilização dos meios de comunicação social favorece a criação de melhores condições de sucesso aos intervenientes no jogo. Tornou-se tão importante, que as melhores estruturas organizativas, possuem profissionais especializados em explorar a receção e a transmissão de mensagens pelos mass media. Através da exploração deste potentíssimo instrumento, os clubes poderão transmitir mensagens a diferentes intervenientes como adversários, jogadores da própria equipa, sócios, árbitros, estruturas organizativas, etc. Se analisarmos o que se passou esta semana com a estrutura diretiva da Federação Portuguesa de Futebol, percebemos que utilizou os órgãos de comunicação social, para fazer algum tipo de “pressão” sobre a UEFA, no sentido de alterar o estádio onde foi disputado o jogo a contar para o play-off de apuramento para o Euro-2012. Mostrando assim o desagrado, pelo facto do jogo se disputar num relvado em condições impróprias para a prática da modalidade.

Um aspecto que me parece importante desta relação comunicacional, é perceber que a informação transmitida pelos órgãos de comunicação social, poderão ter um impacto em todas as estruturas receptoras das mensagens: jogadores, massa associativa, adversários, patrocinadores, etc. Sob o meu ponto de vista, esta semana, a Federação Portuguesa de Futebol, cometeu um erro crasso na transmissão da mensagem relativa, ao estado do relvado na Bósnia. Percebeu-se claramente que queria atingir a entidade organizadora do jogo, mas esqueceu-se que essa mensagem fez-se ouvir na equipa da Bósnia. Neste sentido, a escolha do Estádio Bilino Polje, em Zenica, que tanta tinta fez correr nos órgãos de comunicação social, só veio dar força à equipa Bósnia, através do incómodo transmitido pelos órgãos directivos da F.P.F. Além da Bósnia levar a sua escolha a melhor, conseguiu fazer com que a estrutura diretiva portuguesa se descentrasse do jogo, em que o mais importante seria ganhar três pontos e não ganhar um protesto. Relembro que ainda esta semana, os mesmos senhores, criticaram as despropositadas declarações de Bosingwa. Como referiu Gilberto Madail "não é muito agradável que haja uma entrevista como esta em vésperas de jogos tão importantes" referindo-se à instabilidade que este discurso pode causar na selecção portuguesa. No entanto, tiveram um discurso de “tiro nos pés”, dando uma importância, quanto a mim exagerada, descentrando a Seleção Portuguesa daquilo que é fundamental… GANHAR O JOGO! Sinceramente, por vezes causa-me alguma confusão, o tão luxuoso estatuto que se quer dar aos jogadores! Parece que na sua formação e mesmo durante o seu percurso profissional, nunca jogaram em maus relvados! Se bem me lembro, há relativamente poucos anos, existiam clubes considerados “grandes” que tinham avultado lamaçais nos seus estádios. A não ser que a memória me falhe, não me lembro de nenhum protesto, para que não se jogasse nesses mesmos estádios. E não é que vários jogadores que estão hoje na nossa seleção, jogaram nessas más condições! Porque é que agora faz assim tão mal! E mais! Será que as más condições não estavam presentes para as duas equipas! Se somos melhores, somos melhores na lama, no gelo ou no melhor relvado! Talvez o protesto faria sentido, como forma de mostrar descontentamento, dando o benefício da dúvida que poderia existir melhor infra-estrutura no país, para a disputa do jogo em questão, mas logo de seguida devia de ser referido que apesar destas condições, Portugal iria ganhar o jogo, porque a Seleção Portuguesa é melhor e iria trazer a vitória para Portugal, nem que fosse num campo inclinado com árvores pelo meio. Ora vejamos, Portugal é quinto no ranking da UEFA, a Bósnia é trigésimo segundo, é assim tão grave assumir um “arrogante” favoritismo, ricocheteando a provocação organizacional Bósnia? Deu-se tanta força à federação adversária que os senhores trigésimos segundo da UEFA até regaram o campo duas horas antes do jogo, para piorar as condições do mesmo! Quebrando assim, um acordo pré-estabelecido entre as entidades que organizam o encontro. Desde a receção da equipa, até ao jogo, incomodaram o nosso capitão, provocaram-no à chegada, gritando por Messi, massacraram-no com um laser durante o jogo, etc. Não seria bom transformar todos estes constrangimentos em forças para combater o adversário?

É para mim evidente que este massacre transmitiu intranquilidade aos nossos jogadores, veja-se como Cristiano Ronaldo reagiu desesperadamente a uma falha no remate porque a bola saltou na relva. Veja-se as declarações à comunicação social, que o nosso capitão proferiu, todos estes factos sinónimos de instabilidade, levaram a que os jogadores portugueses deixassem de se focar na tarefa fundamental. Claro que se Portugal ganhasse, talvez não estaríamos a falar destes incidentes, mas na vitória ou na derrota, devemos aprender com as circunstâncias vividas, estando na próxima ocasião semelhante, melhor preparados para enfrentar adversidades.

E com estas e outras aprendizagens, tenhamos a esperança que tudo vai correr bem no jogo da Luz, e que a Seleção Portuguesa vença o jogo, retribuindo o massacre organizacional que a federação Bósnia nos proporcionou, através de um massacre com o futebol de alto nível que somos capazes de proporcionar.

REMATE DA SEMANA: “A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante.” Sun Tzu

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 15.11.2011 

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sir Alex Ferguson – Uma confiança diferente!

Sir Alex Ferguson é sem dúvida um Menager de referência para todos os apaixonados do desporto. Para além dos títulos que alcançou este treinador escocês, impressiona pela conquista da confiança dos dirigentes, jogadores e adeptos do Manchester United. Uma confiança de certo diferente, daquela que geralmente os presidentes manifestam na comunicação social, quando os resultados não são favoráveis às suas equipas, uma forma muitas vezes dissimulada de defender o seu treinador. Esta, é sim, uma confiança com base nos valores britânicos da fidelidade, honra e capacidade de projectar a longo prazo um rumo para um clube de referência mundial. Arrisco-me a dizer que no futuro, será uma raridade constar-se uma longevidade como esta vista, num clube de futebol. Segundo os dados da UEFA, apenas Guy Roux treinador do Auxere durante 44 épocas consecutivas, de 1961 a 2005, conseguiu ultrapassar a longevidade do técnico escocês. Sir Alex Ferguson entrou para o clube em 1986, altura em que o Manchester não vencia nenhum troféu há mais de vinte anos. Depois de “incorporar” este projecto Sir Alex Ferguson, ganhou até à data 36 títulos, entre os quais destaco os onze campeonatos da liga inglesa e os dois títulos da Liga dos Campeões.
É tão grande o respeito e admiração da estrutura directiva do Manchester pelo seu actual treinador, que decidiram fazer-lhe uma homenagem dando o seu nome à tribuna norte de Old Trafford e para enriquecer esta homenagem, irão construir uma estátua do técnico no exterior do estádio. É realmente uma forma diferente de reconhecer o trabalho e dedicação das pessoas. Uma homenagem enquanto as pessoas são vivas, já é uma raridade! Se acrescentarmos o facto da pessoa homenageada ainda desempenhar funções no clube em questão, ainda mais raro e sui generis se torna! É realmente uma confiança diferente, só possível num clube como o Manchester United! Clube onde as pessoas não pensam só no presente, mas apresentam claramente uma visão de futuro, futuro esse, alicerçado num caminho onde uma derrota, não leva a que se altere todo o projecto inicial! Uma lição aplicável a todos os clubes de TODAS as dimensões, internacionais, nacionais, regionais, distritais!... Todos, mas mesmo todos, devem ter um projecto e sem dúvida que o projecto deverá ser assente no maior pilar de sustentabilidade, que são as pessoas que o vão operacionalizar.
Convido o leitor a fazer o seguinte exercício de imaginação: o que aconteceria a um treinador português que liderasse uma equipa candidata ao título, se perdesse 6-1 com o seu clube vizinho? Seria colocada a sua competência em causa pelos órgãos de comunicação social, comentadores desportivos e adeptos? Haveria especulação acerca da continuidade do treinador em questão? No Manchester United foi diferente, passado 15 dias de uma humilhante derrota, o seu treinador é homenageado! Claro indicador da inteligência directiva, revelando que não é um péssimo resultado que coloca a competência de um treinador em causa. Desculpem a forma directa, mas sobretudo honesta das afirmações que se seguem: dá-me vontade de rir, quando se põe em causa a continuidade de treinadores que estão em primeiro lugar, ou mesmo na luta directa pelo título! Mas o que é isto? Não sei bem se é falta de tolerância, ou mesmo falta de bom senso… enfim! Que falta qualquer coisa, falta!
Deixo-vos algumas opiniões de jogadores e ex jogadores que foram treinados pelo Manager do Manchester United:
- “Ele foi muito especial para mim porque me tratava como um Homem e não como um rapaz” Eric Cantona
- "Conheci Sir Alex quando tinha 18 anos e, nesse período, em que eu era apenas um jovem inexperiente, ele foi fundamental no meu crescimento enquanto jogador, mas também foi importante na minha formação enquanto homem"… "O facto de o considerar como um pai é revelador do significado que desempenhou na minha vida"… "Aprendi muito do que hoje sou com ele e por isso lhe estarei eternamente reconhecido". Cristiano Ronaldo
"Para mim, ele é um grande treinador e um grande homem. Ele é a razão pela qual eu assinei e uma grande razão pela qual eu ainda estou aqui."… “O que ele fez, não só para Manchester United, mas o futebol, é incrível. Na minha opinião, ele é o melhor de todos. " Wayne Rooney
REMATE DA SEMANA: A História tem demonstrado que os mais notáveis vencedores normalmente encontraram obstáculos dolorosos antes de triunfarem. Eles venceram porque se recusaram a tornarem-se desencorajados pelas suas derrotas.” Bryan Forbes
Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 8.11.2011

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Apoiar a Selecção Nacional

Este mês a nossa selecção vai ser posta à prova no encontro do play-off frente à Bósnia-herzegovina. Devido ao facto de se ter ouvido algumas criticas, a jogadores e equipa técnica, após o jogo de Copenhaga, em que a Dinamarca venceu a NOSSA selecção por 2-1, penso que é uma boa altura para se reler alguns excertos, da carta que José Mourinho endereçou a todos os portugueses, através da Associação Nacional de Treinadores de Futebol… Aqui vai:
“Sou português há 47 anos e treinador de futebol há dez. Sendo assim, sou mais português do que treinador. Posto isto, para que não restassem dúvidas, vamos ao que importa…
As seleções nacionais não são espaços de afirmação pessoal, mas sim de afirmação de um país e, por isso, devem ser um espaço de profunda emoção coletiva, de empatia, de união. Aqui, nas seleções, os jogadores não são apenas profissionais de futebol, os jogadores são além disso portugueses comuns que, por jogarem melhor que os portugueses empregados bancários, taxistas, políticos, professores, pescadores ou agricultores, foram escolhidos para lutarem por Portugal. E quando estes eleitos a quem Deus deu um talento se juntam para jogar por Portugal, devem fazê-lo pensando naquilo que são - não simplesmente profissionais de futebol (esses são os que jogam nos clubes), mas, além disso, portugueses comuns que vão fazer aquilo que outros não podem fazer, isto é, defender Portugal, a sua auto-estima, a sua alegria.
Por isso, quando a Federação Portuguesa de Futebol me contactou para ser treinador nacional, aquilo que senti em minha casa foi orgulho; do que me lembrei foi das centenas e centenas de pessoas que, no período de férias, me abordam para me dizerem quanto desejam que eu assuma este cargo. Isto levou-me, pela primeira vez na minha vida profissional, a decidir de uma forma emocional e não racional, abandonando, ainda que temporariamente, um projecto de carreira que me levou até onde me levou.
Desculpem a linguagem, mas a verdade é que pensei: Que se lixem as consequências negativas e as críticas se não ganhar; que se lixe o fato de não ter tempo para treinar e implementar o futebol que me tem levado ao sucesso; por Portugal, eu vou!
E é isto que eu quero dizer aos eleitos para jogar por Portugal: aí, não se passeia prestigio; aí, não se vai para levar ou retirar dividendos; aí, quem vai, vai para dar; aí, há que ir de alma e coração; aí, não há individualidades nem individualismos; aí, há portugueses que ou vencem ou perdem, mas de pé; aí, não há azias por jogar ou por ir para o banco; aí, só há espaço para se sentir orgulho e se ter atitude positiva.
Por um par de dias senti-me e pensei como treinador de Portugal. E gostei. Mas tenho que reconhecer que o Real Madrid é uma instituição gigante, que me "comprou" da Inter, que me paga, e que não pode correr riscos perante os seus sócios e torcedores. Permitir que o seu treinador, ainda que por uns dias, saísse do seu habitat de trabalho e dividisse a sua concentração e as suas capacidades era impensável...
…Fiquei com o travo amargo de não ter podido ajudar a seleção, mas fico com a tranquilidade óbvia de quem percebe que tem nas suas mãos um dos trabalhos mais prestigiados no mundo do futebol.
Agora, Portugal tem um treinador e ele deve ser olhado por todos como "o nosso treinador" e "o melhor" até ao dia em que deixar de ser "o nosso treinador". Esta parece-me uma máxima exemplar: o meu é o melhor! Pois bem, se o nosso é Paulo Bento, Paulo Bento é o melhor.
Como português, do Paulo espero independência, capacidade de decisão, organização, modelagem das estruturas de apoio, mobilização forte, fonte de motivação e, naturalmente, coerência na construção de um modelo de equipe adaptada às características dos portugueses que estão à sua disposição. Sinceramente, acho que o Paulo tem condições para desenvolver tudo isso e para tal terá sempre o meu apoio. Se ele ganhar, eu, português, ganho; se ele perder, eu, português, perderei. Mas eu também quero ganhar.
No último encontro de treinadores que disputam a Liga dos Campeões, quando questionado sobre o poder dos treinadores nos clubes, ou a perda de poder dos treinadores face ao novo mundo do futebol, sir Alex Fergusson disse (e não havia ninguém com mais autoridade do que ele para o dizer!) que o poder e a liderança dos treinadores depende da personalidade dos mesmos, mas que depende muitíssimo das estruturas que os rodeiam. Clubes e dirigentes fragilizam ou solidificam treinadores.
Eu transponho estas sábias palavras para a seleção nacional: todos, mas todos, neste país devem fazer do treinador da seleção um homem forte e protegido. E quando digo todos, refiro-me a dirigentes associativos, federativos e de clubes, passando pelos jogadores convocados e pelos não convocados, continuando pelos que trabalham na comunicação social e terminando nos taxistas, políticos, pescadores, policiais, metalúrgicos, etc. Todos temos de estar unidos e ganhar. E se perdermos, que seja de pé….
... Um abraço a todos.”
Posto isto, penso que todo o apoio será pouco e as criticas que li e ouvi, em alguns órgãos de comunicação social, são de certa forma injustas. Na minha opinião o Sr. Paulo Bento, trouxe um reconfortante balão de oxigénio a uma seleção nacional, que apresentava antes da sua entrada, um quadro clínico bastante reservado.
Tendo a plena noção que vivemos uma fase difícil a nível económico, factor que afecta claramente a nossa auto-estima e o orgulho em sermos portugueses, não devemos deixar de ver o desporto, (actividade onde conseguimos alcançar feitos históricos), e a selecção nacional, como um meio de promover a marca Portugal. A imagem de competência desportiva que temos tido a oportunidade de projetar para o exterior, será certamente uma ajuda importante na recuperação da reputação que outrora já usufruímos.
Remate da Semana: “O sábio fala porque tem alguma coisa a dizer; o tolo porque tem que dizer alguma coisa." Platão

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 1.11.2011