É no Centro Desportivo Nacional
do Jamor, anteriormente conhecido como Estádio Nacional do Jamor, que predomina
o maior número de finais disputadas da Taça de Portugal. Este estádio,
inaugurado em 10 de junho de 1944, foi construído não só para a prática
desportiva, mas também para proporcionar aos cidadãos, um local para a
realização de manifestações sociais. Na sua existência, goza da honra de ter
sido o palco de uma Taça dos Campeões Europeus, o que hoje em dia, seria
completamente impossível, pelas suas caraterísticas. Esta infraestrutura
desportiva parou no tempo, não acompanhou a evolução das necessidades
associadas ao espetáculo, que envolve um jogo de futebol, tanto ao nível do
conforto, como ao nível de segurança, acessibilidade, etc. Infelizmente, quando
se fizeram investimentos em estádios, na altura do Euro 2004, deixou-se de lado
a oportunidade de investir na casa da Seleção Nacional, para se investir em
estádios que hoje em dia, quando recebem jogos de futebol não são ocupados em
um décimo da sua lotação. Enfim, nalguns sítios, o joelho ainda serve de mesa
para fazer contas!
Este fim de semana foi a
Académica de Coimbra, que ganhou a mais recente edição da Taça de Portugal.
Esperaram 42 anos para ter uma nova oportunidade de disputar a final no Jamor,
os estudantes não sentiam o sabor da vitória há 73 anos. Relembro que foi a
Académica de Coimbra a primeira equipa a vencer a Taça de Portugal.
Depois de uma época difícil, em
que a manutenção na primeira liga foi garantida por uma unha negra, a equipa da Académica ganhou na Taça de Portugal, um
novo alento para a próxima época. Foi isso que revelou o seu presidente quando
refere que “é uma responsabilidade muito
grande ter ganho a Taça de Portugal e ter acesso direto à fase de grupos da
Liga Europa.” Mostrou até intenções que Pedro Emanuel cumprisse o seu
contrato até ao fim quando expressa, "Pedro
Emanuel tem um contrato de dois anos, por isso é para continuar.”
Preocupações evidentes na época que se avizinha.
O perigo de preparar uma época,
depois de um clima de euforia, poderá desencadear um passo maior que a perna. É
neste clima que muitas vezes se assumem compromissos financeiros, que não se
conseguem cumprir. Gerir emoções, para a euforia não influenciar a gestão
financeira dos clubes será fundamental. São mais que muitos, os clubes que
acreditam que a “galinha tem ovo”,
mas no afinal de contas, passa a época e nunca o chegaram a ver! Para esses só
espero que se cumpra a legislação em vigor! Quem não é capaz de fazer
orçamentos e cumprir, não pode gerir coisa nenhuma! Os treinadores que perdem
são despedidos, os jogadores que não têm rendimento vão para clubes de dimensão
inferior, os senhores que gerem mal os clubes continuam com a sua função.
Porquê? E os clubes cumpridores? Parece-me haver aqui alguma deslealdade! É que
muitos clubes que cumprem, não têm êxito desportivo, porque não fazem
investimentos em capital humano, contratando jogadores de nível superior a quem
sabem que não conseguem pagar! E isto é Fair Play?
Enfim, parabéns à Académica, foi
um histórico que continua a fazer história no futebol português!
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 22.05.2012