Muitas pessoas pensam que quanto mais treinarem,
melhor vai ser a sua performance desportiva, o que em nada se aproxima à
verdade! O corpo humano tanto necessita de uma prática desportiva regular, como
precisa de uma equilibrada alimentação e um repouso em dose suficiente, para
que se propicie um eficaz funcionamento das suas funções vitais.
Neste sentido o artigo desta
semana vai incidir sobre um aspeto enunciado anteriormente, que é considerado
crucial para a obtenção de um eficaz rendimento desportivo, o repouso.
Sempre que o nosso corpo
desempenha qualquer função, seja ela andar, pensar, ou simplesmente respirar,
proporciona um gasto energético. Quando realizamos uma atividade desportiva, o
mesmo acontece, só que em maior escala. O exercício provoca elevados desgastes
energéticos e destruição de fibras musculares, que a certo nível, só são recuperadas
no repouso. Este período de repouso é fundamental entre exercícios de uma
sessão de treino e entre sessões de treino, sendo que a necessidade de descanso
está dependente das características do treino e do próprio desportista. Quando
os desportistas não cumprem com os requisitos mínimos do repouso, após esforço
intenso, entram num nível de fadiga, denominado pelos especialistas da área do
treino desportivo como overtraining.
O overtraining proporciona que o
indivíduo tenha cada vez mais dificuldade em realizar a recuperação de uma
sessão de treino, e uma incapacidade de ter o mesmo desempenho em sessões
seguintes. Mas os prejuízos vão muito para além dos que referi, existe uma
maior probabilidade de contrair lesões, de se instalar um mal-estar, uma falta
de motivação pelo treino, insónias, perda de peso, alterações de humor e
irritabilidade.
Assim sendo, quando o treino é
muito intenso, ou o volume ultrapassa a capacidade de recuperação do organismo,
o resultado da prática desportiva é mais prejudicial que benéfica.
Uma das fazes essenciais da
recuperação é o respeito pelas horas de sono. Desportistas de alta competição
têm horas de recolher a casa, não podendo ser vistos em espaços públicos a
partir de determinada hora do dia, sob o risco de serem severamente penalizados
pelos clubes que representam. Estas medidas impostas pelos clubes, surgem da
necessidade de se assegurar que os desportistas respeitem as horas de repouso.
No meu ponto de vista pouco asseguram, porque como referi anteriormente em
determinadas horas do dia, o repouso significa dormir as horas necessárias para
que se tenha no dia seguinte, um estado ótimo de predisposição para a prática
desportiva.
Ainda relativamente às horas de
sono, deixo aqui algumas referências da repercussão que têm nos desportistas.
Segundo a revista “Sleep”, dormir 12h poderá ser excessivo, aumentando 25% a
35% a probabilidade de ficar obeso. A universidade de Standford, refere também
que dormir 10h poderá ser benéfico, no treino de velocidade e na otimização dos
reflexos. O Journal of Clinical
Investigation publicou um estudo que revela que a hormona de crescimento
(GH), responsável pela recuperação muscular, é libertada durante o sono.
Acrescenta também que um desportista deverá dormir entre as 8 e 10 horas. Se
dormir menos de oito horas, poderá privar os músculos de receber estímulos
suficientes para que recuperem. Para terminar, podemos verificar num estudo
publicado no European Journal of Applied
Physiology que a resistência dos desportistas diminuirá entre 15% a 40%,
inibindo também o seu crescimento, nos desportistas que não respeitam o número
mínimo de horas de sono.
Por todos os motivos que acabei
de referir, sempre que pense em treinar, não se esqueça de assegurar o devido
repouso, assim como uma adequada nutrição.
REMATE DA
SEMANA: “O dever cumprido é a melhor
maneira de fazer da própria consciência o mais alto lugar de repouso.” EmmanuelArtigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 26.11.2014