terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Modelo de Jogo

O Modelo de Jogo (MJ), é o núcleo de toda a organização dos comportamentos que a equipa deve adoptar dentro de campo, em diferentes situações. Estes princípios dão suporte à intervenção do treinador, que o operacionaliza, através de exercícios propostos nas sessões de treino. José Mourinho (2006), afirmou que ter um modelo de jogo definido é o mais importante para uma equipe de futebol, e tal modelo é um conjunto de princípios que dão organização a sua equipe por isso deve ter relevância especial desde o primeiro dia de trabalho. O senso comum, vulgarmente confunde o MJ com o sistema táctico, que representa apenas uma estrutura orientadora da distribuição dos jogadores pelo terreno de jogo (ex. Gr-4-3-3 ou Gr-4-4-2). Este Sistema apesar de ser parte integrante do Modelo de Jogo, visto por si só, transmite uma imagem bastante redutora da dinâmica que uma equipa pode apresentar dentro de campo, pois ele não está directamente associado a comportamentos adoptados pela equipa, nem tão pouco à relação que uma equipa estabelece com a outra. Segundo Castelo, J., 2009 (p. 37) o  Modelo de Jogo adoptado deverá derivar das concepções de jogo do treinador, das adaptações relativas às capacidades reais dos jogadores e, das suas possibilidades de evolução num futuro próximo (margem de progressão). Assim, a equipa com o modelo de jogo, deverá perceber como se deve comportar nas diferentes fases dos jogo, de forma a que todos saibam qual o papel que desempenham, isto para que a dinâmica da equipa se dê pela participação “sincronizada” de todos os elementos que a constituem. A equipa, através do seu MJ, manifesta um projecto, um traçar de caminhos devidamente planeados, caso se depare com a situação X, Y ou Z. Neste sentido, existe uma série de informação previamente tratada para reduzir o tempo de resposta da equipa, quando se depara com os diferentes contextos, escolhendo o caminho mais rentável para a situação do momento, à semelhança do que foi treinado. Segundo Campos, C., 2008 quando a dinâmica é caótica, o número de resultados comportamentais é infinito. Consequentemente quando a equipa se depara com uma situação contemplada pelo MJ e previamente treinada, tende a reduzir o tempo de resposta e a aumentar a eficácia de actuação perante essa mesma situação.

Pretendo com isto referir que o modelo de jogo dá a conhecer os caminhos/hipoteses à equipa, dando-lhe a possibilidade de escolher aquele que considera mais vantajoso, nunca sendo uma estrada apenas com sinais de obrigatoriedade. Caso isso acontecesse, iria inibir comportamentos de decisão, criatividade e adaptação ao contexto.

Carvalhal, C. (2002) refere que o guião de todo o processo deverá ser o Modelo de Jogo Adoptado. O modelo de jogo está dependente de um sistema de relações que vai articular uma determinada forma de jogar, não uma forma de jogar qualquer, mas baseada numa estrutura específica.

O Modelo de jogo deve ser encarado como um conjunto de informações adaptáveis à equipa, aos jogadores, aos jogos, à competição e à evolução de todos estes factores durante a época desportiva.

“Compreender as entrelinhas do discurso de alguém é o caminho para a conhecer!”


Artigo Publicado em Jornal Tribuna Desportiva 16.11.2010

      João Sá Pinho
joaocspinho@hotmail.com

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