quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Resumo do Seminário ADE/ANTF – O Processo Ofensivo

Esta semana tivemos na nossa cidade a presença de uma ilustre figura do futebol, o Prof. Francisco Silveira Ramos. Esta presença foi despoletada pela organização do I Seminário Técnico realizado entre a A. D. Estação e a Associação Nacional de Treinadores de Futebol. Durante a sessão de trabalho foi debatido o tema “Processo Ofensivo”. Através de uma interacção permanente com os participantes presentes, o prelector caracterizou devidamente este processo. O primeiro desafio colocado à plateia foi propor uma definição para o Processo Ofensivo. Depois de momentos de interacção com o público, conclui-se que fazem parte do processo ofensivo todas as acções realizadas com a intencionalidade de atingir a baliza adversária. Precedido de alguns momentos de debate acerca do momento onde se inicia este processo, chegou-se à conclusão que é no instante em que a equipa recupera a posse de bola. Apesar das conclusões anteriores, uma equipa pode ter a bola e não ter como prioridade atingir a baliza do adversário, bem como uma equipa que não a tem, estar com uma atitude tão pressionaste, que a sua intenção é predominantemente atacar, mas de facto, só quando recupera a bola é que consegue materializar esta acção ofensiva. Depois da definição deste processo de jogo, foram discutidos os métodos inerentes ao mesmo. O Professor Silveira Ramos, definiu Método de Jogo Ofensivo como um conjunto de procedimentos que nos permite desenvolver as acções, desde a recuperação da posse de bola até à finalização. Um destes métodos é o tão conhecido contra-ataque que poderá ser realizado de uma forma livre ou planeada. Este último, historicamente começou a ser mais evidenciado no tempo em que o Domingos e o Kostadinov jogavam no F.C.Porto. No jogo, este método deverá permitir que a equipa adversária se posicione ofensivamente, obrigando a equipa que estrategicamente opte por este método, tenha uma organização defensiva coesa. O ataque rápido dá-se com acções ofensivas também num curto espaço de tempo, distinguindo-se do contra-ataque por não haver situação de vantagem em três variáveis: a) espaço disponível para atacar; b) tempo disponível para atingir a baliza do adversário; c) superioridade numérica por parte da equipa que ataca. A equipa que joga predominantemente através deste método, deverá estar consciente do risco que envolve este estilo de jogo, pois proporciona permanentemente um equilíbrio entre as duas equipas, em espaços mais avançados, permitindo em simultâneo que exista um número considerável de jogadores em espaços defensivos. Finalizando o capítulo dos métodos de jogo o Prof. Silveira Ramos abordou o ataque apoiado, muitas vezes conhecido por ataque organizado ou planeado, manifestando que prefere o termo ataque apoiado, por ser um método que exige que a equipa se posicione, de forma a ter um grande número de apoios ao portador da bola, apoios estes frontais, laterais e à rectaguarda. Estes apoios estão espalhados pelo campo, para que a bola possa circular, proporcionando que através destas acções, o adversário se movimente, retirando-o de zonas com maior aglomeração, abrindo assim caminhos para a baliza adversária.

Na parte da tarde do Seminário o Professor proporcionou aos participantes, que vivenciassem diferentes exercícios, relativos aos métodos de jogo abordados teoricamente na parte da manhã. Durante a sua intervenção o prelector brilhantemente adaptou os conteúdos do processo ofensivo, a treinadores que intervêm com crianças, jovens e adultos, mostrando preocupações na forma como muitas vezes, são preparadas as sessões de treino para os escalões etários mais baixos. Referiu mesmo que no treino as crianças devem enfrentar problemas despoletados pelos exercícios, tendo que ser elas mesmas a encontrar as soluções, devendo ser evitado a cedência de soluções gratuitas. É esta busca de soluções, que permite dotar o praticante com instrumentos que lhe permite chegar à alta competição. Situações estas que eram recriadas pelo Futebol de Rua que cada vez mais está em extinção.

Esperemos que estas situações, que tanto contribuem para o aumento da qualidade da intervenção dos treinadores, sejam proporcionadas muito mais vezes na nossa região.

Ao professor Silveira Ramos, uma palavra de apreço pela permanente disponibilidade em organizar este evento. De facto demonstrou não só as suas qualidades técnicas, mas também Humanas, sobretudo pela forma humilde com que apresentou o seu vasto conhecimento.

 (publicado em Tribuna Desportiva 14.12.2010)

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