De uma forma muito simples, a quantidade de gordura corporal está dependente da carga calórica dos elementos que ingerimos e do gasto energético que proporcionamos ao nosso organismo. Para conseguir a diminuição do “armazém de gordura”, deverá haver um balanço energético negativo, ou seja, deve existir um maior consumo que reposição adiposa. Mas atenção, quando a diferença é acentuada entre a ingestão muito menor que os gastos, irá ter como consequência a perda de massa magra, o que não é desejável.
1-Neste sentido, o facto de realizarmos exercício intenso, mesmo que com uma regularidade diária, não nos dá motivos para ter uma alimentação desequilibrada, pois os efeitos serão contraditórios, quando o nosso objectivo é a perda de massa gorda. Ou seja, sem controlo nutricional, o exercício não tem o efeito desejado, assim como o inverso se verifica.
2 – Desmistificando desde já a situação dos complementos alimentares, uma pessoa com um metabolismo “normal” não necessita de recorrer a qualquer tipo de fármacos, para reduzir a sua massa adiposa. Apenas terá que adaptar a sua nutrição, ao gasto calórico que proporciona ao seu organismo.
3- Perda de peso, em nada está relacionado com perda de massa gorda, quem erradamente recorre a este indicador, perde de tal forma o controlo fisiológico do organismo, que na maior parte das vezes, em vez de estar a perder massa gorda, perde líquidos e massa magra.
4 – Quanto mais tempo sem comer, mais gordura perdemos… não é verdade! Como mecanismo de protecção, o organismo quando está muito tempo sem receber alimentos, diminuiu o metabolismo, o que provoca que o gasto calórico também seja diminuído, assim o efeito torna-se inverso ao pretendido.
5- Certamente todos nós já vimos em dias acalorados de verão, algumas pessoas a realizar actividade desportiva, com um conjunto de vestuário semelhante ao utilizado num dia de inverno. Casacos, plásticos, películas, borrachas, cintas térmicas… em volta da zona abdominal, no sentido de localizar a sua perca de massa adiposa. Será este um método vantajoso de atingir tal objectivo? Certamente que não. A utilização destes estranhos equipamentos provocarão um aumento da temperatura corporal, em que o corpo, fisiologicamente bem preparado, responde apenas com perda de água e electrólitos sob a forma de suor. Este efeito, nada está relacionado com a perda de gordura. Esta alteração fisiológica tem como objectivo diminuir a elevada temperatura, agindo como mecanismo de defesa da integridade do mesmo organismo. Este comportamento, apenas trará prejuízos para o organismo.
6- Utilização de dietas e programas de treino de amigos? Será uma boa forma de poupar dinheiro em nutricionistas e personal trainers! Cada pessoa é um ser único, o que é bom para uma pessoa, pode não surtir efeito noutra, ou mesmo ter efeitos indesejados. Portanto a nutrição e o exercício devem ser prescritos de forma individualizada.
Conselhos:
1- O organismo só recorre ao consumo de gordura, como fonte de energia em exercícios considerados aeróbios, de longa duração e baixa/moderada intensidade, nunca inferior a 35 minutos.
2- Não se esqueça da motivação, pratique uma actividade que lhe dê prazer. Se tem tendência a saturar-se, escolha duas e alterne-as (p. ex. corrida e natação).
3- Exercícios de força podem ajudar, quando refiro isto, não quero dizer que a gordura se transforma em músculo, como muita gente pensa. Na verdade, o aumento de massa muscular poderá aumentar o consumo de massa gorda quando realizamos exercícios fisiologicamente adequados à perda de massa adiposa.
4- Os alongamentos e o treino de flexibilidade poderão ser fundamentais. O exercício é uma actividade de risco, todas as actividades que poderão proporcionar uma diminuição do risco de lesão, poderão ser determinantes num programa de emagrecimento.
5- Caso não domine o processo de emagrecimento, procure ajuda. Este, realizado de forma desajustada, funciona como a automedicação, poderá ter efeitos não desejados. Profissionais da área das Ciências do Desporto, Educação Física e Nutricionistas, trabalhando em conjunto, terão instrumentos para avaliar, prescrever e controlar o exercício e a dieta, para que o rendimento da perda de gordura atinja o seu máximo potencial.
Compreender as entrelinhas do discurso de alguém, é o caminho para a compreender!
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva 28.05.2011 (Edição Online)
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