segunda-feira, 12 de março de 2012

Tecnologia no Futebol

É do conhecimento de todos que em áreas como medicina, engenharias, informática, … existe permanente evolução tecnológica. A evolução da tecnologia tem permitido uma melhoria dessas áreas e o desenvolvimento dessas áreas tem permitido uma otimização da tecnologia, ou seja, existe uma reciprocidade na evolução de ambas. O mesmo acontece em várias modalidades desportivas, inclusivamente no futebol. O treinador hoje em dia tem ao seu dispor um conjunto de meios tecnológicos que lhe permite obter dados do jogo e assim, tomar decisões em relação ao mesmo. Vários clubes utilizam sistemas de camaras ligadas a computadores que fazem um trabalho estatístico em tempo real. Na preparação dos treinos e jogos, quase todos os treinadores recorrem a software que lhes permitem preparar, organizar e gerir os acontecimentos. Os departamentos clínicos cada vez têm mais meios de diagnóstico e intervenção nos jogadores lesionados, chegando mesmo a ser possível, através de recolha sanguínea perceber se um jogador está propício a contrair uma lesão. As direções dos clubes já dispõem de meios tecnológicos para gerir as suas receitas, planificar ações de marketing, etc.

Todos têm aberto as portas à entrada de meios tecnológicos, à exceção de um, a arbitragem. Além dos transmissores que permitem a comunicação entre a equipa de arbitragem e perdoem-me se estou a cometer alguma gafe, penso que a arbitragem e as tecnologias têm estado de costas voltadas. Parece-me, que apesar das resistências dos órgãos que gerem esta área desportiva, vamos ter fumo branco! A Football Association Board (IFAB), realizou no dia 3 de Março a sua assembleia geral anual, onde ouviu pareceres acerca de oito sistemas tecnológicos de linha de golo, que automaticamente e em tempo real informam o árbitro se a bola ultrapassou completamente a linha de golo. De acordo com a análise do Laboratório Federal Suíço de Ciência e Tecnologia de Materiais (EMPA), só dois sistemas receberam aprovação para participarem numa segunda fase de testes. Esperemos que no final de todo o processo, tenhamos meios de qualidade, que permitam às equipas de arbitragem terem uma intervenção de maior qualidade. Nem de prepósito, tivemos este fim-de-semana num jogo da nossa primeira liga um caso duvidoso! Parece que estas notícias surgem mesmo em tempo oportuno! No jogo entre o Vitória de Setúbal e o Sporting de Portugal, existiu um lance em que após várias repetições em câmara lenta, ficamos com a dúvida se a bola ultrapassou ou não a linha de golo.
Esperemos que a abertura das portas por parte da Football Association Board, seja o princípio de uma regular evolução tecnológica de apoio às arbitragens no futebol. E repito e intensifico a palavra APOIO! Esta palavra nada tem a ver com SUBSTITUIÇÃO, pois considero que o fator humano é insubstituível em todas as áreas. Penso que a introdução destes meios tecnológicos têm de ser bem-vindos, pois irão proporcionar uma pequena diminuição do leque de ações em que o árbitro tem de se focar, proporcionando que se concentre nas muitas outras situações que lhe restam. Penso também que estes meios tecnológicos em nada devem prejudicar o espetáculo desportivo. De forma alguma devem despoletar paragem para a análise de lances. A tecnologia deve fornecer a informação em tempo real, num curto espaço de tempo, semelhante ao tempo gasto por uma bandeirola de um assistente a levantar ou uma informação sonora ou vibratória que chega ao árbitro principal, por intervenção dos seus auxiliares.
No fundo, estas tecnologias deverão proporcionar que todos os intervenientes, jogadores, espetadores, … sintam que as decisões tomadas por parte de quem regula o acontecimento, a equipa de arbitragem, tornaram a competição desportiva, num espetáculo mais justo.
Por analisar, ficarão os custos que estes sistemas terão para as entidades organizadoras ou clubes. Esta é mais uma importante discussão, para verificar a viabilidade do investimento num sistema de apoio às equipas de arbitragem.
Desengane-se aquele que pensa que um dia terá um jogo de futebol sem erros de arbitragem! Quando isso acontecer, os jogadores, treinadores, dirigentes, enfim, todos os intervenientes deixarão de errar e o jogo deixará de existir!
 Fiquemos descansados ao saber que isso nunca irá acontecer!
REMATE DA SEMANA: “Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito.” Fernando Pessoa
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 6.03.2012

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