Num grupo de trabalhadores, de desportistas, de alunos, ou outro qualquer, deverá haver um elemento que dê voz ao próprio grupo! No caso do futebol o capitão de equipa, apresenta um papel importante na representação do grupo, sendo uma extensão do treinador em campo, assumindo fundamentalmente funções de grande responsabilidade. O capitão, não deverá ser uma escolha ocasional, mas sim bem ponderada pois, para além das responsabilidades constituídas no regulamento do jogo, acrescentam-se um conjunto de tarefas e comportamentos, que permitirão ajudar a equipa a percorrer o caminho para o sucesso.
Repare
como se refere Jorge Jesus, a um dos capitães da sua equipa: “É um óptimo profissional. Trabalha comigo há
três anos, conhece as minhas ideias. É mais um treinador que tenho dentro de
campo. Tudo isso é importante para que continue no Benfica.” Jorge Jesus,
com esta expressão, reconhece que devem existir jogadores que conheçam de uma
forma aprofundada as suas ideias, filosofias e princípios. São jogadores que
atuam junto dos colegas, de forma a orientarem as suas tarefas e
comportamentos, como se de um “mensageiro” da equipa técnica se tratasse.
A
relação que o capitão deve ter com o treinador, deverá ser tão próxima, que
permita que as informações sobre o grupo de trabalho, cheguem à equipa técnica
e vice-versa. A palavra que me parece mais acertada, para caraterizar a relação
existente entre treinador e capitão, será certamente CONFIANÇA.
Na
maior parte das vezes, este jogador tem uma importante voz ativa, na resolução
de problemas emergentes no seio do grupo de trabalho, sendo até capaz de os
resolver sem recorrer aos seus superiores hierárquicos.
Para
além do conhecimento das ideias do treinador, deve ser um jogador que conheça
bem a filosofia do clube, e que as consiga transmitir aos jogadores mais novos.
Quem não se lembra de Fernando Couto, Jorge Costa, Bruno Alves, Pedro Emanuel
entre outros no Futebol Clube do Porto? Quem não se lembra do peso que estes
jogadores tinham no balneário, juntos dos restantes colegas de equipa? No
futebol mundial, ao mais alto nível, existiram e continuarão a existir,
capitães de equipa, com um peso tão grande, que muitas vezes levam ao
despedimento de treinadores e até dispensa de alguns dos seus colegas!
Na
minha opinião, para além da relação com a equipa técnica, um dos fatores mais
importantes, para que a função do capitão seja realizada com sucesso, deverá ser
a sua aceitação por parte do grupo. Sabendo esta importância, alguns técnicos
permitem que a sua escolha seja influenciada por todos os jogadores do plantel.
Existem também treinadores, que por outro lado, defendem que a escolha deve ser
apenas feita pelos técnicos, para assegurar a relação de confiança, que referi
anteriormente.
A aceitação do capitão perante o grupo de
trabalho tem como base as caraterísticas de liderança do jogador eleito,
proporcionando que as suas ideias, informações, ordens, … sejam bem recebidas
pelos restantes elementos constituintes da equipa. A liderança deve ser tão
vincada que, mesmo sem utilizar a comunicação oral, o capitão contagie os seus
colegas de equipa, pela sua atitude de entusiasmo, motivação e empenho, tanto
em treino como em jogo.
Os
capitães de equipa têm também uma tarefa importante no aumento da coesão de
grupo, recorrem muitas vezes às tradicionais “brincadeiras” de balneário,
tornando cada vez mais fortes, os elos de ligação humana, que se estabelecem
entre jogadores, envolvendo por vezes, os próprios elementos da equipa técnica.
O
controlo emocional deverá ser outra das caraterísticas indispensáveis de um
capitão. Em momentos de crise emocional, em que a equipa ou jogadores se
envolvem p. ex. num conflito, o capitão tem a responsabilidade de ser
emocionalmente equilibrado, retirando a equipa desse “espaço” desestabilizador,
levando a que se volte a encontrar equilíbrio emocional, que lhes permita,
focar nos objetivos traçados para o jogo.
Para
além da escolha de campo ou bola, o capitão é um jogador com responsabilidades
acrescidas. Neste sentido, a sua escolha deve ser realizada com base em vários
fatores como por exemplo a idade, a experiencia, a seu estatuto na equipa, a
capacidade de estabelecer contatos com os seus superiores (dirigentes e
treinadores), o seu nível cultural e educacional, os seus êxitos na modalidade
desportiva, a sua imagem, a relação com os adeptos, entre outros.
REMATE DA SEMANA: "Um
marinheiro não reza pelo vento a seu favor; ele aprende a navegar contra o
vento." (Gustav Lindborg).
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 17.04.2012
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