domingo, 17 de junho de 2012

A Diversificação das Atividades na Formação Desportiva


Cada vez mais cedo a criança inicia a sua prática desportiva. Se por um lado é fundamental que desde tenra idade esta criança tenha um estilo de vida saudável, associado a uma equilibrada alimentação e prática desportiva regular, por outro deve ser uma preocupação, a forma como esta introdução no mundo desportivo é realizada.

Quanto mais nova é a criança, mais diversificada, deve ser a prática desportiva, proporcionando que esta tenha o prazer de usufruir de um vasto conjunto de vivências, que por sua vez, lhe proporcione um desenvolvimento em todas as suas dimensões. Hoje em dia, discute-se entre os profissionais do Desporto o tema Especialização Desportiva Precoce da Criança e Jovem. Sem dúvida que deverá existir uma especialização mas, no momento certo e precedido de um conjunto de bases gerais desportivas. Segundo Sampaio J. (2010) “…é de facto requerida maior diversificação nas fases iniciais do crescimento e maturação no sentido de estimular o aparecimento de diferentes adaptações fisiológicas e cognitivas, que estabelecem as bases necessárias para um futuro mais promissor.”
 

Tendo em conta o referido anteriormente, para que se evite esta especialização precoce, o ensino de determinadas modalidades não deverão contemplar vivências noutro tipo de modalidades? (ex. Um clube de futebol não deverá proporcionar às suas crianças em idades pré competitivas, vivências por exemplo na ginástica?) Principalmente quando falamos dos escalões mais baixos! Neste sentido, poderemos proporcionar a promoção de uma preparação geral e heterogénea do desportista, estando certo que existirá sempre uma transferibilidade de decisões, ações, tarefas, técnicas, táticas de umas modalidades para outras. Assim, este tipo de vivências só irá enriquecer o portefólio prático do desportista. Neste sentido surge outra questão: será que este tipo de abordagem ao desporto, não evitará o abandono prematuro das modalidades?

Segundo Jaime Sampaio, a especialização precoce, está associada à responsabilização da criança pela obrigatoriedade de obter resultados classificativos positivos. “Sob o ponto de vista psicológico, esta abordagem pode ter como consequência uma diminuição gradual do gosto pela prática. Alguns trabalhos sugerem que, em muitos contextos desportivos, os jovens sentem uma pressão excessiva para ganhar, facto que pode resultar em problemas de autoconfiança e auto-estima e posterior abandono da modalidade desportiva. Contudo, não quer isto dizer que os jovens não devem sentir pressão para ganhar...não deve é a pressão ser excessiva nem se sobrepor à aprendizagem das capacidades e habilidades adequadas ao momento.”
 

Quando falamos em proporcionar vivências desportivas em idades mais baixas, deveremos ter consciência que a Educação Física tem um papel fundamental. Esta disciplina dará a conhecer uma diversidade de modalidades e vivências desportivo-sociais, proporcionando que a criança ou jovem opte mais tarde, por aquela em que se sente mais motivada(o). Analisando friamente os caminhos desportivos que dão continuidade ao trabalho realizado na Educação Física, considero, que o praticante poderá encontrar aqui uma barreira, no que à nossa região diz respeito. A oferta desportiva nas zonas mais interiores do país estão monopolizadas por algumas modalidades, e o que para a criança será uma motivação diferente da norma, rapidamente se poderá transformar num caminho desportivo manipulado e empurrado para esta ou aquela modalidade, que se encontra disponível no distrito, cidade, vila, aldeia ou lugar.


Para que tenhamos crianças e jovens com uma formação desportiva mais rica, será fundamental que emerjam novos clubes ou novas modalidades, proporcionado que haja uma continuidade e complementaridade ao trabalho desportivo que se faz nas escolas.
REMATE da SEMANA: "Quando vejo uma criança, ela inspira-me dois sentimentos: ternura, pelo que é, e respeito pelo que pode vir a ser." Pasteur
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 12.06.2012

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