Cada vez mais cedo a criança
inicia a sua prática desportiva. Se por um lado é fundamental que desde tenra
idade esta criança tenha um estilo de vida saudável, associado a uma
equilibrada alimentação e prática desportiva regular, por outro deve ser uma
preocupação, a forma como esta introdução no mundo desportivo é realizada.
Quanto mais nova é a
criança, mais diversificada, deve ser a prática desportiva, proporcionando que
esta tenha o prazer de usufruir de um vasto conjunto de vivências, que por sua
vez, lhe proporcione um desenvolvimento em todas as suas dimensões. Hoje em
dia, discute-se entre os profissionais do Desporto o tema Especialização
Desportiva Precoce da Criança e Jovem. Sem dúvida que deverá existir uma
especialização mas, no momento certo e precedido de um conjunto de bases gerais
desportivas. Segundo
Sampaio J. (2010) “…é de facto requerida
maior diversificação nas fases iniciais do crescimento e maturação no sentido de
estimular o aparecimento de diferentes adaptações fisiológicas e cognitivas,
que estabelecem as bases necessárias para um futuro mais promissor.”
Tendo em conta o referido
anteriormente, para que se evite esta
especialização precoce, o ensino de determinadas modalidades não deverão contemplar
vivências noutro tipo de modalidades? (ex. Um clube de futebol não deverá
proporcionar às suas crianças em idades pré competitivas, vivências por exemplo
na ginástica?) Principalmente quando falamos dos escalões mais baixos!
Neste sentido, poderemos proporcionar a promoção de uma preparação geral e
heterogénea do desportista, estando certo que existirá sempre uma transferibilidade
de decisões, ações, tarefas, técnicas, táticas de umas modalidades para outras.
Assim, este tipo de vivências só irá enriquecer o portefólio prático do
desportista. Neste sentido surge outra questão: será que este tipo de abordagem ao desporto, não evitará o abandono
prematuro das modalidades?
Segundo Jaime Sampaio, a
especialização precoce, está associada à responsabilização da criança pela
obrigatoriedade de obter resultados classificativos positivos. “Sob o ponto de vista psicológico, esta
abordagem pode ter como consequência uma diminuição gradual do gosto pela
prática. Alguns trabalhos sugerem que, em muitos contextos desportivos, os
jovens sentem uma pressão excessiva para ganhar, facto que pode resultar em
problemas de autoconfiança e auto-estima e posterior abandono da modalidade
desportiva. Contudo, não quer isto dizer que os jovens não devem sentir pressão
para ganhar...não deve é a pressão ser excessiva nem se sobrepor à aprendizagem
das capacidades e habilidades adequadas ao momento.”
Quando falamos em
proporcionar vivências desportivas em idades mais baixas, deveremos ter
consciência que a Educação Física tem um papel fundamental. Esta disciplina
dará a conhecer uma diversidade de modalidades e vivências desportivo-sociais,
proporcionando que a criança ou jovem opte mais tarde, por aquela em que se
sente mais motivada(o). Analisando friamente os caminhos desportivos que dão
continuidade ao trabalho realizado na Educação Física, considero, que o
praticante poderá encontrar aqui uma barreira, no que à nossa região diz
respeito. A oferta desportiva nas zonas mais interiores do país estão
monopolizadas por algumas modalidades, e o que para a criança será uma
motivação diferente da norma, rapidamente se poderá transformar num caminho
desportivo manipulado e empurrado para esta ou aquela modalidade, que se
encontra disponível no distrito, cidade, vila, aldeia ou lugar.
Para que tenhamos crianças e
jovens com uma formação desportiva mais rica, será fundamental que emerjam
novos clubes ou novas modalidades, proporcionado que haja uma continuidade e
complementaridade ao trabalho desportivo que se faz nas escolas.
REMATE da SEMANA: "Quando vejo uma criança, ela inspira-me dois
sentimentos: ternura, pelo que é, e respeito pelo que pode vir a ser." Pasteur
Artigo Publicado no Jornal
Tribuna Desportiva de 12.06.2012
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