segunda-feira, 18 de junho de 2012

Portugal: Vamos em frente!


Algumas considerações sobre Portugal-Holanda

À semelhança do que aconteceu em 2004, Portugal perdeu o primeiro jogo, mas passa brilhantemente a fase de grupo. Transpõe esta fase com uma qualidade exibicional, que vem crescendo de jogo para jogo. Esperemos que continue nesta onda se superação coletiva!

Há quem fale em humildade, realmente é um valor extremamente importante em qualquer setor da sociedade, mas nunca se pode confundir com excesso de respeito… o velho ditado sempre disse “ tudo o que é demais enjoa”! O que aconteceu neste último jogo frente à Holanda foi isso mesmo, tivemos respeito em demasia, apresentamo-nos inicialmente com um bloco defensivo médio/baixo (ver fig. 1) e permitimos que o nosso adversário fizesse o primeiro golo do jogo! Uma equipa como a Holanda, que já por si é organizada, não se pode ter tempo nem espaço para evidenciar ainda mais a sua organização!

Depois de Portugal sentir o seu orgulho ferido, por ter sofrido o primeiro golo, pressionou, subiu o seu bloco, não deu espaços nem tempo, mostrando-se uma equipa superior à Holanda. Fundamentalmente conseguiu abrir os caminhos para a baliza, teve mais posse de bola sem que perdesse o seu rigor organizacional defensivo. O leitor poderá ter como exemplo da organização defensiva, o reduzido número de vezes, em que Fábio Coentrão subiu para os setores mais ofensivos, sendo um jogador “sacrificado” por Paulo Bento, no sentido de contribuir, compreensivelmente, para que a equipa estivesse preparada para o momento da perda, travando a qualidade ofensiva de jogadores como Robben, Huntelaar, v.d. Vart e as subidas do lateral v.d. Wiel. Este tipo de situações, aparentemente previstas no plano de jogo, obriga a algumas adaptações, principalmente ao nível do setor do meio campo. A liberdade de ocupação de espaços dada a Cristiano Ronaldo, no que diz respeito ao processo ofensivo, proporciona a que muitas vezes saia, e bem, do corredor esquerdo, procurando desequilíbrios no corredor central. Para que a equipa portuguesa consiga atacar em largura máxima (linha lateral a linha lateral), será necessário que algum jogador ocupe o corredor deixado livre pelo CR7. Se o lateral esquerdo muitas vezes não sobe, os médios serão “sacrificados” com um esforço extra na ocupação desse mesmo espaço, caso contrário poderá proporcionar-se um “afunilamento” de jogo (ver fig. 2).  

Na minha opinião, este foi um plano de jogo bem conseguido, que resultou numa fantástica vitória. O tão criticado Cristiano Ronaldo realizou uma exibição ao mais alto nível, mostrando que tem tudo para ser o melhor do mundo! Porque não esteve a este nível nos jogos anteriores? Porque os jogadores não são máquinas que atuam da sempre da mesma forma! Vontade não lhe devia faltar! Além disso, deve ser valorizado o trabalho de toda a equipa, sem dúvida fez uma brilhante exibição, dando lições de organização tática a todos os que gostam de ver futebol ao mais alto nível! Veja o simples movimento de aclaramento de espaço de Hélder Postiga, no primeiro golo de Portugal, fazendo subir a defesa da Holanda. Cristiano Ronaldo leu de forma soberba o lance, realizando uma demarcação de rotura, aproveitando o espaço deixado nas costas da defesa adversária, apanhando-a em “contra pé” (ver fig. 3). Note também o pormenor desta imagem, evidenciando a deslocação do médio Raúl Meireles para o corredor lateral esquerdo, equilibrando o espaço deixado pelo Cristiano Ronaldo, dando assim amplitude ao ataque Português, obrigando a defesa da Holanda a afastar-se, ficando menos concentrada no espaço de jogo. Excelente também, foi o passe de João Pereira, que acabou com uma finalização do melhor do mundo!

Fomos uma EQUIPA, fomos organizados e o plano de jogo montado por Paulo Bento e sua equipa técnica resultou numa vitória fantástica! Força Portugal!


REMATE DA SEMANA: O que une uma equipa é quando um cobre as fraquezas do outro.” Phil Jackson

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