Implicações da prática desportiva sob baixas temperaturas
Dulce Félix tem um
curriculum invejável. Parece até que todas as competições em que participa, a
organização lhe reserva sempre um lugar no pódio. Vejamos os seus últimos
resultados: Bicampeã Nacional
de Estrada (2011 e 2012), Vice Campeã Europeia de
Corta-Mato (2011), Campeã Europeia dos 10.000 m (2012). No passado fim-de-semana
presenteou todos os portugueses com um segundo lugar na competição europeia de
Corta-Mato, em Budapeste, Hungria. A atleta portuguesa repetiu a posição
alcançada em 2011, depois de ter conseguido o terceiro lugar em 2010.
A portuguesa terminou a
dois segundos da irlandesa Fionnuala Britton, a primeira mulher a ganhar dois
títulos consecutivos, que concluiu a prova em 27.45 minutos, tendo a holandesa
Adrienne Herzog (27.48) completado o pódio.
E as baixas temperaturas?
Para quem observa de uma
forma fugaz, pode parecer que desenvolver uma atividade desportiva sob baixa
temperatura é apenas um pormenor mas, na verdade, é uma condição que obedece a
particularidades especiais. Sabendo que na nossa região podemos estar expostos
a temperaturas muito perto dos zero graus, achei de todo pertinente fazer
algumas considerações acerca deste aspeto, para que possa alertar todos aqueles
que não abdicam de uma prática desportiva saudável ao ar livre.
Sob baixas temperaturas,
o corpo tende a estar mais frio, facto que aumenta o riso de lesão. Para que
salvaguarde esta situação deverá ter mais atenção com a fase preparatória dos
seu treino (aquecimento) e até com alimentação, pois o organismo tende a
aumentar o consumo calórico. Sabendo que o organismo vai ter um gasto calórico
com o próprio exercício, acrescido de um aumento para que possa manter a
temperatura corporal, será importante fazer um cálculo, para saber se necessita
ou não de se alimentar durante a prática do exercício (aconselha-se alimentos
ricos em hidratos de carbono).
A hidratação é outro
aspeto que me parece fundamental. Com as temperaturas baixas, a sensação de
sede, torna-se mais difícil de se sentir, ainda que a perda de líquidos seja menor,
será necessário repor os níveis de hidratação.
Relativamente
ao vestuário, deve ter alguns cuidados. Antes de mais, este deve ser leve, confortável
e sobretudo adaptado ao desporto que irá praticar. Condição fundamental é que o
vestuário usado não ponha em causa o sobreaquecimento do organismo, nem tão
pouco deixe que a humidade proveniente da transpiração fique acumulada entre a
roupa e o corpo. O excesso de vestuário poderá levar a que seja pior a emenda que o soneto! .
Outro
aspeto que me parece importante ressalvar é a proteção das extremidades do
corpo, prevenindo a ulceração
produzida pelo frio. Nas etapas iniciais poderá perceber uma sensação de calor
na pele cuja cor ficará vermelha, roxa e por último branca. Se notar uma área
sensível, com coloração branca, saia do frio imediatamente e tente aquecer-se. A
zona do pescoço e da cabeça são áreas que também estão sujeitas a uma grande
perca de calor, devendo deste modo ficar bem protegidas. Existem alguns sinais
que evidenciam hipotermia, nomeadamente a sensação de desorientação, perda de
coordenação, fala confusa e dificuldade em deslocar-se, sendo a tremor o
indicador mais conhecido.
Quando a
temperatura baixa, para níveis perto do zero graus, toda a humidade que se
encontra no local onde o exercício é praticado, tende a criar um pelicula de
gelo no solo, aumentando a probabilidade de escorregamento. Faça uma preparação
do percurso e seja cuidadoso, evitando assim o risco de lesão.
Por fim, em condições adversas nunca pratique desporto sozinho em locais isolados, pois numa situação de dificuldade não tem meio de pedir auxílio.
FRASE DA SEMANA: “A verdadeira medida de um homem, não se vê
pela forma como se comporta em momentos de conforto e conveniência, mas sim como se mantém em tempos de controvérsia e
desafio.” Martin
Luther King Jr.
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 11.12.2012
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