Segundo
os autores que fui consultando, a adaptação às dimensões dos campos podem ser
consideradas como um fator condicionante. De acordo com a FIFA (2005), as
medidas do campo devem estar entre 90 a 120 metros no comprimento e 45 a 90
metros na largura para jogos de caráter nacional. Assim sendo, de campo para
campo existe uma variabilidade ao nível das medidas. Normalmente a equipa está
melhor adaptada às dimensões do seu campo, pelo número de vezes que lá compete
e pelo número de vezes que lá treina. Segundo Pollard (2002) o aspeto da
familiaridade com o próprio campo será outra condicionante, pois existe uma
maior consciência espacial do jogador permitindo-lhe uma orientação/reorientação
mais eficaz nas ações decorrentes e exigidas na partida. A equipa da casa
poderá também controlar as condições do relvado em função da estratégia
utilizada para o jogo, por exemplo, campo molhado ou a altura da relva.
Mas
as condicionantes de jogar fora, não se prendem só com as caraterísticas do
terreno de jogo, ou com a familiaridade com o estádio. O fato de haver uma
deslocação para longe do espaço de conforto, proporciona uma alteração de
rotinas e hábitos. Dando um exemplo, por vezes ouvimos falar que determinada
equipa, na sua deslocação teve dificuldades em pernoitar de forma tranquila,
pois existia barulho no exterior do hotel, provocado por adeptos da equipa
visitada.
Outro
aspeto que investigadores consideram importante é a forma como o árbitro fica
condicionado nas decisões mais dúbias. Segundo Nevill et al. (2002), quando se
trata de decisões importantes no aspeto arbitral, eles exercem forte influência
a favor das equipas da "casa".
Se
estivermos atentos às estratégias de algumas equipas quando jogam fora e casa,
percebe-se claramente que têm formas distintas de abordar o jogo, em função do
local da competição. É um fato, mas que na minha opinião não apresenta muitas
vantagens devido ao risco de perda de identidade que pode proporcionar. Dando
um exemplo, no distrito de Castelo Branco o campo da Atalaia do Campo (Concelho
do Fundão) apresenta dimensões tão reduzidas, que podem justificar a alteração
de alguns comportamentos, no sentido de adaptar a estratégias ao contexto onde
a competição se insere. Não querendo dizer com isto que a equipa tenha de fazer
uma alteração tão grande que a leve a perder a identidade.
Apesar
de tudo isto, acredito que equipas profissionais bem preparadas, com uma
estrutura organizativa forte, conseguem reduzir substancialmente o impacto que
o fator casa ou fora tem sobre a equipa. Uma equipa profissional consegue
estudar tão bem esses fatores, ao ponto de prever alguns acontecimentos e
neutraliza-los, fundamentalmente através da preparação psicológica dos
jogadores.
Jorge
Silvério defende que ao nível das grandes equipas mundiais existe uma redução da
vantagem de jogar em casa, argumentando que acontece devido à existência de
cada vez mais estrangeiros nos clubes, perdendo-se a motivação inerente ao
"amor à camisola".
O autor defende
mesmo que a "vantagem de jogar em
casa possa ser contrariada pela equipa visitante e ultrapassada enquanto fator
limitativo de um desempenho de excelência".
REMATE DA SEMANA: "No dia em que sentir que o mundo inteiro é a sua casa, que o céu é o seu teto, que a terra é o seu chão, e que cada árvore é o seu jardim, então estará completamente em casa." Ravi Shankar
Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 16.04.2013
REMATE DA SEMANA: "No dia em que sentir que o mundo inteiro é a sua casa, que o céu é o seu teto, que a terra é o seu chão, e que cada árvore é o seu jardim, então estará completamente em casa." Ravi Shankar
Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 16.04.2013
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