quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Aquecimento rumo ao Rendimento

Desde tenra idade que frequentamos instalações desportivas e assistimos à orientação de diversas actividades por parte de profissionais da área. Raramente encontramos um profissional que não inicie o seu treino com uma corrida contínua. Depois de nos tornarmos consumidores críticos e aprofundarmos os nossos conhecimentos sobre a actividade desportiva, questionamo-nos das vantagens de tal forma de iniciar a unidade de treino, inicio este mais conhecido como uma componente do “aquecimento”.

Fiz uma pequena pesquisa sobre a temática e encontrei as seguintes citações:

“Aquecimento é o aumento da temperatura de um corpo provocado pela transferência de energia térmica de outro corpo” (in wikipedia)

Nos tempos actuais, uma sessão de ensino/treino do Futebol segue este modelo: 1ª parte: aquecimento com ou sem bola (habitualmente sem bola)…” http://www.efdeportes.com/efd45/ensino.htm (Garganta J., FCDEF-UP, 2002)

“En tiempo muy frío puede ser una locura permitir una actvidad muscular explosive sin hacer previamente jogging y ejerciciosde estiramento com suavidad.” (Cook, M., and Whitehead)

Se o objectivo é o aumento da temperatura corporal e se o movimento do corpo promove a produção de calor, porque é que este deve ser feito com corrida contínua? Afinal qualquer tipo de movimento promove o aumento da temperatura corporal! Na nossa opinião, o importante será fazer uma relação entre de intensidades de esforço e risco de lesão. È claro que não devemos iniciar um treino com exercícios que solicitem a realização de grandes intensidades de força (ex. remates de longa distância a uma baliza). Mas será que se iniciarmos a unidade de treino com passes de curta distância e deslocamentos de velocidade moderada, estamos perante um comportamento de risco? Será que o desportista corre o risco de se lesionar numa situação destas??

Se considerar que sim, perca algum tempo a observar como é que as crianças iniciam as suas brincadeiras no recreio da escola, as intensidades dos esforços que realizam e relacione este factor com o número de lesões de carácter musculo-esquléticas que estas mesmas crianças contraem. Com isto não pretendo comparar a qualidade das actividades recreativas das crianças com a prática desportiva orientada.

Será que o corpo humano se lesiona tão facilmente como dizem?

A questão do rendimento no treino!

Sabemos que o rendimento é uma relação entre o capital investido e o lucro. Considerando o capital investido tempo de treino (numa visão simplista) e lucro as variáveis treinadas. Será que não obtínhamos mais rendimento aproveitando os minutos iniciais (aquecimento) para treinar p. ex. o domínio das técnicas/tecnologias, a uma velocidade menos elevada (controlando as intensidades).

Exemplo 1 (corrida continua)
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Tempo: 10min – Variáveis treinadas: deslocamento + capacidades fisiológicas + ...
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Exemplo 2 (exercício de passe e recepção de bola com deslocamento)

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Tempo de treino: 10 min – Variáveis treinadas: deslocamento + capacidades fisiológica + técnicas + …
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Em qual é que podemos obter mais rendimento?

Não quero com isto dizer, que a minha metodologia de trabalho é melhor que a dos meus colegas profissionais que optam por iniciar a unidade de treino com corrida continua, é sim uma forma diferente de abordar o assunto!

Como diz o pedagogo Paulo Freire “Não há saber mais ou menos, há saberes diferentes"

E ainda bem que pensamos de forma diferente!
João Sá Pinho

4 comentários:

Tozé disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Tozé disse...

As mudanças de metodologia, provocam o por em causa o conhecimento adquirido. Muitos são formados a não questionar o que recebem, apenas executar, que certamente irá dar algum resultado. E quando é questionada a "receita executada", sofresse uma espécie de "caos", porque é como tivessem "tirado o chão", as bases, os apoios que permitiam andar "sem nenhum problema".

Seguindo esta lógica, quem se procura actulizar, de forma a ser rentável na sua intervenção, terá que analisar quais são as necessidades, e prioridades a trabalhar numa equipa, de acordo com os objectivos definidos para esta. A partir deste ponto tem que se rentabilizar o tempo de treino para treinar o que realmente é importante.

Neste sentido a fase inicial do treino é tão importante como qualquer outra... O que na minha opinião é realmente fundamental, é que qualquer exercicio de treino não seja um fim em si mesmo (ex. Correr só por correr, saltar só por saltar...), e não integrado num objectivo de jogo, Ex. Quando se corre num jogo de futebol, podesse diferentes intencionalidades, dependo do contexto de jogo, pode ser para apoiar um colega, para receber uma bola, para interceptar a bola de um adversário, para desmarcar, para marcar. Isto tudo não deixa de ser corrida, então quando abordamos o jogo, a modalidade, temos que trabalhar corrida no contexto de jogo que queremos treinar, assim rentabilizando tempo de treino, bem como outras variáveis que o treinador ache pertinentes optimizar.

Rentabilizar, intencionalidade dos factores a trabalhar no treino, são exemplo de factores que penso que são pertinentes qualquer treinador equacionar quando planeia um treino.

Anônimo disse...

“Por exemplo, correr por correr tem um desgaste energético natural, mas a complexidade desse exercício é nula. Como tal, o desgaste em termos emocionais tende a ser nulo também, ao contrário das situações complexas, onde se exige aos jogadores requisitos tácticos, técnicos, psicológicos e físicos. É isto que representa a complexidade do exercício que conduz a uma concentração maior.” (Mourinho, J., in… pp.105)

Anônimo disse...

Aprendi muito