O tema que hoje vos apresento, o Papel dos Encarregados de Educação na Formação do Desportista de Competição, é para nós, uma preocupação diária tanto ao nível da formação desportiva, como na formação humana do jovem desportista. A intervenção deste agente em conjunto com a de muitos outros, interfere de uma forma activa e decisiva, na formação do jovem.
Na formação desportiva, o Encarregado de Educação tem um papel fulcral, influenciando positiva ou negativamente, em função da sua forma de estar, dos seus valores, da forma como transmite esses valores, da intervenção que tem no acompanhamento do educando e respectivo grupo onde ele se insere, a equipa.
Em fases precoces da formação desportiva, a intervenção do encarregado de educação, deve posicionar-se num apoio incessante à felicidade da criança e da equipa. As principais preocupações deverão estar relacionadas com a motivação pela prática da modalidade e identificação com o grupo, sem que haja forças no sentido de valorizar excessivamente a prestação desportiva e consequentemente o resultado. Esta postura de acompanhamento do treino e competição deve ser direccionada sempre com um fim lúdico-recreativo-competitivo.
À medida que o jovem desportista vai crescendo, aumenta a capacidade de análise das suas motivações e define com maior exactidão, a ambição que tem para o seu trajecto de vida desportiva. Deve ser altamente responsabilizado pelas suas atitudes, pelos seus comportamentos e pela forma séria e interessada com que deve desempenhar a sua função dentro do grupo/equipa. Nesta fase mais avançada deste longo percurso, é dada uma maior importância ao resultado, sem nunca ultrapassar os valores que acompanharam o crescimento e a formação pessoal/desportiva do educando.
Durante toda a formação o Encarregado de Educação deve ter uma intervenção participativa e fundamentalmente presente, tanto em jogos como em treinos, conversando com os agentes desportivos para que possa também, no seio do seu confortável lar, de uma forma mais próxima, passar a mensagem do treinador ao educando. Quando as mensagens do treinador e do encarregado de educação não são coincidentes, gera-se um “conflito interno” no desportista, quebrando laços de ligação com uma das partes. Normalmente o laço com o treinador é enfraquecido, e consequentemente com a actividade desportiva, levando muitas vezes à desmotivação pela prática da modalidade, e em alguns casos ao abandono.
Este abandono ou desinteresse também está relacionado com o facto dos objectivos que são apresentados à criança/jovem serem desadequados, tanto à sua capacidade biofisiológica, como à sua capacidade de compreender o motivo de tanta exigência, quando o seu interesse é apenas uma prática desportiva divertida e competitiva. Estes comportamentos junto do desportista, geram em muitos dos casos, um sentimento de frustração, com consequências para toda a vida, podendo mesmo levar a que mais tarde, o jovem evite momentos competitivos na sua carreira profissional ou vida pessoal, por medo de novas frustrações, fracassos, entre outros.
Relembro que toda a vida é competição e trabalho em equipa. Pode parecer irrelevante, mas desde cedo todos nós competimos em diversas provas: p. ex. competimos por ter melhores resultados escolares, pela entrada na universidade, para conquistar um bom emprego, para ter uma carreira de sucesso, para dar uma melhor qualidade de vida à nossa família, enfim, competimos pela sobrevivência, pela felicidade, por tudo…
REMATES:
- No meu ponto de vista, em todas as actividades em que o comportamento é desajustado, e os objectivos desproporcionais à capacidade do jovem a formar, existem sempre mais prejuízos que proveitos.
- Para formar é necessário estar presente, assim um clube não pode ser encarado como um “depósito” de crianças, que permitam que os pais tenham tempo para ir às compras ou realizar outras actividades do seu interesse.
- Se perguntar ao seu filho se gosta de o(a) ver na bancada, está a fazer uma pergunta retórica.
- Valorizemos o pequeno êxito em vez de exigir os grandes resultados!
“Compreender as entrelinhas do discurso de alguém é o caminho para a conhecer!”
João Sá Pinho
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