Apesar de não terem conseguido alcançar o primeiro lugar, no Mundial de Futebol sub 20 da FIFA/Colômbia 2011, os jogadores, equipa técnica e todo o staff, dignificaram o nosso país, o nosso desporto, o nosso futebol e a nossa formação. Há quem diga para aí, que a nossa formação está a perder qualidade, que os jogadores já não têm a mesma atitude que tinham outrora! Aqui está a clara evidência que ainda se faz formação de qualidade, condimentada com valores que levam ao sucesso competitivo das equipas do futebol dos escalões mais novos. Em sete jogos disputados, ficou evidente que os jogadores portugueses quiseram demonstrar aos senhores das decisões do futebol, que têm qualidade para assinar contratos profissionais, em equipas de patamar superior. Dos vinte e um jogadores presentes nesta prova, apenas oito estarão, esta época, a consolidar as suas carreiras na Primeira Liga Portuguesa. Este número ainda poderá ser alterado, pois existem decisões pendentes, das políticas de empréstimo dos clubes. Talvez seja melhor caçar talentos estrangeiros, dando oportunidade de realizar a tão rentável movimentação de capital, que enche bolsos mas não alimenta, nem dá continuidade à formação portuguesa. Até ao momento, dos clubes de referência nacional, só o Sport Lisboa e Benfica tem inscrito, na sua equipa profissional, jogadores sub 20, que representaram a equipa das quinas neste mundial. Estaremos atentos para saber se é uma decisão definitiva.
O que é certo é que deste plantel representativo da Geração da Coragem, oito estarão a dar continuidade ao trabalho maturacional que se segue à formação, em clubes estrangeiros. Seis deles em primeiras ligas (Suíça, Bélgica, Espanha, Itália), talvez o campeonato português, não possua aquele “efeito estufa” que permite amadurecer tanto jogador de futebol. Por aquilo que já se viu deste arranque da Liga Zon Sagres, arrisco-me a opinar, que muitos destes jogadores sub 20, fariam bem melhor, que alguns dos estrangeiros contratados. Digo isto com todo o respeito pelos estrangeiros, salvaguardando que devem ter todas as oportunidades de empregabilidade no nosso país, mas apenas quando é mais rentável do que contratar os jovens portugueses. E quando falo em rentabilidade, refiro-me à relação entre preço e qualidade desportiva. Neste sentido, se dessem as devidas oportunidades a estes jovens, teríamos, mais Valor, mais Coragem, mais Qualidade e por ventura menos Dinheiro gasto. Ups! Talvez seja o facto de não se gastar tanto dinheiro que bloqueie a permanência destes jovens em Portugal! É que este leva e trás de jogadores dá cá uma “Comichão” a alguns senhores!
Bem, ignorando estas doenças financeiras que parecem não ter fim à vista, como a maioria das pessoas o faz, fiquemos contentes pelo nosso honroso segundo lugar e pela associada distinção de três jogadores pela FIFA: Mika (melhor guarda-redes), Nélson Oliveira (segundo melhor jogador) e Danilo (terceiro melhor jogador do Mundial).
Finalizo este artigo com as palavras reiteradas pelo nosso seleccionador Ilídio Vale: “Este Mundial permitiu revelar vários jogadores portugueses, como foram os casos do Mika, Danilo e Nélson Oliveira. É a prova que Portugal tem excelentes jogadores para o futuro”.
Compreender as entrelinhas do discurso de alguém, é o caminho para a compreender!
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 23.08.2011
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