Assim como noutras áreas, a comunicação no desporto, ao longo dos tempos tornou-se um meio vital para a estabilidade e evolução dos clubes e estruturas desportivas. Hoje em dia, a utilização dos meios de comunicação social favorece a criação de melhores condições de sucesso aos intervenientes no jogo. Tornou-se tão importante, que as melhores estruturas organizativas, possuem profissionais especializados em explorar a receção e a transmissão de mensagens pelos mass media. Através da exploração deste potentíssimo instrumento, os clubes poderão transmitir mensagens a diferentes intervenientes como adversários, jogadores da própria equipa, sócios, árbitros, estruturas organizativas, etc. Se analisarmos o que se passou esta semana com a estrutura diretiva da Federação Portuguesa de Futebol, percebemos que utilizou os órgãos de comunicação social, para fazer algum tipo de “pressão” sobre a UEFA, no sentido de alterar o estádio onde foi disputado o jogo a contar para o play-off de apuramento para o Euro-2012. Mostrando assim o desagrado, pelo facto do jogo se disputar num relvado em condições impróprias para a prática da modalidade.
Um aspecto que me parece importante desta relação comunicacional, é perceber que a informação transmitida pelos órgãos de comunicação social, poderão ter um impacto em todas as estruturas receptoras das mensagens: jogadores, massa associativa, adversários, patrocinadores, etc. Sob o meu ponto de vista, esta semana, a Federação Portuguesa de Futebol, cometeu um erro crasso na transmissão da mensagem relativa, ao estado do relvado na Bósnia. Percebeu-se claramente que queria atingir a entidade organizadora do jogo, mas esqueceu-se que essa mensagem fez-se ouvir na equipa da Bósnia. Neste sentido, a escolha do Estádio Bilino Polje, em Zenica, que tanta tinta fez correr nos órgãos de comunicação social, só veio dar força à equipa Bósnia, através do incómodo transmitido pelos órgãos directivos da F.P.F. Além da Bósnia levar a sua escolha a melhor, conseguiu fazer com que a estrutura diretiva portuguesa se descentrasse do jogo, em que o mais importante seria ganhar três pontos e não ganhar um protesto. Relembro que ainda esta semana, os mesmos senhores, criticaram as despropositadas declarações de Bosingwa. Como referiu Gilberto Madail "não é muito agradável que haja uma entrevista como esta em vésperas de jogos tão importantes" referindo-se à instabilidade que este discurso pode causar na selecção portuguesa. No entanto, tiveram um discurso de “tiro nos pés”, dando uma importância, quanto a mim exagerada, descentrando a Seleção Portuguesa daquilo que é fundamental… GANHAR O JOGO! Sinceramente, por vezes causa-me alguma confusão, o tão luxuoso estatuto que se quer dar aos jogadores! Parece que na sua formação e mesmo durante o seu percurso profissional, nunca jogaram em maus relvados! Se bem me lembro, há relativamente poucos anos, existiam clubes considerados “grandes” que tinham avultado lamaçais nos seus estádios. A não ser que a memória me falhe, não me lembro de nenhum protesto, para que não se jogasse nesses mesmos estádios. E não é que vários jogadores que estão hoje na nossa seleção, jogaram nessas más condições! Porque é que agora faz assim tão mal! E mais! Será que as más condições não estavam presentes para as duas equipas! Se somos melhores, somos melhores na lama, no gelo ou no melhor relvado! Talvez o protesto faria sentido, como forma de mostrar descontentamento, dando o benefício da dúvida que poderia existir melhor infra-estrutura no país, para a disputa do jogo em questão, mas logo de seguida devia de ser referido que apesar destas condições, Portugal iria ganhar o jogo, porque a Seleção Portuguesa é melhor e iria trazer a vitória para Portugal, nem que fosse num campo inclinado com árvores pelo meio. Ora vejamos, Portugal é quinto no ranking da UEFA, a Bósnia é trigésimo segundo, é assim tão grave assumir um “arrogante” favoritismo, ricocheteando a provocação organizacional Bósnia? Deu-se tanta força à federação adversária que os senhores trigésimos segundo da UEFA até regaram o campo duas horas antes do jogo, para piorar as condições do mesmo! Quebrando assim, um acordo pré-estabelecido entre as entidades que organizam o encontro. Desde a receção da equipa, até ao jogo, incomodaram o nosso capitão, provocaram-no à chegada, gritando por Messi, massacraram-no com um laser durante o jogo, etc. Não seria bom transformar todos estes constrangimentos em forças para combater o adversário?
É para mim evidente que este massacre transmitiu intranquilidade aos nossos jogadores, veja-se como Cristiano Ronaldo reagiu desesperadamente a uma falha no remate porque a bola saltou na relva. Veja-se as declarações à comunicação social, que o nosso capitão proferiu, todos estes factos sinónimos de instabilidade, levaram a que os jogadores portugueses deixassem de se focar na tarefa fundamental. Claro que se Portugal ganhasse, talvez não estaríamos a falar destes incidentes, mas na vitória ou na derrota, devemos aprender com as circunstâncias vividas, estando na próxima ocasião semelhante, melhor preparados para enfrentar adversidades.
E com estas e outras aprendizagens, tenhamos a esperança que tudo vai correr bem no jogo da Luz, e que a Seleção Portuguesa vença o jogo, retribuindo o massacre organizacional que a federação Bósnia nos proporcionou, através de um massacre com o futebol de alto nível que somos capazes de proporcionar.
REMATE DA SEMANA: “A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante.” Sun Tzu
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 15.11.2011
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