Num período em que a maior parte das pessoas pensam no espírito natalício, as mais altas estruturas do mundo do futebol, pensam seriamente nos mercados de transferências, no sentido de equilibrarem as finanças dos seus clubes ou aumentar o potencial desportivo, através da aquisição de novos jogadores. São grandes contas que têm de fazer, equacionando se o mais importante é realizar encaixes financeiros, ou se por outro lado, soltar os cordões à bolsa para aumentar a qualidade dos recursos humanos que integram a equipa, aumentando simultaneamente a capacidade da mesma responder às exigências das competições em que participam. É realmente uma gestão fácil de comentar ou opinar, mas na prática são tomadas decisões de grande complexidade e responsabilidade, ou pelo menos deveriam ser! Sabendo que financeiramente, os clubes atravessam algumas dificuldades, decorrentes de “gestões” menos eficazes, à semelhança das irresponsabilidades de liderança cometidas com a economia do país, as contas devem ser feitas de forma ainda mais responsável, no que diz respeito à compra e venda de activos.
Segundo o site Futebol Finance, a Europa do futebol está a implementar um sistema de controlo de finanças dos clubes, não permitindo que equipas com dívidas avultadas, possam fazer frente a equipas cumpridoras dos seus compromissos financeiros pois, se estes fatos continuam a verificar-se, a competitividade desportiva tornar-se-á ainda mais desleal. Este programa FFP – Financial Fair Play, cujas regras são estabelecidas pela UEFA, apenas terão aplicabilidade prática na época desportiva 2013/2014, mas a análise financeira dos clubes, será tida em conta desde 2009 até 2012. Os incumpridores terão severas sanções, o que me parece uma boa medida.
“FUNCIONAMENTO DO FINANCIAL FAIR PLAY
1. O Financial Fair Play é um sistema de controlo das finanças, que tem como objectivo o saneamento financeiro dos clubes que participam nas provas organizadas pela Uefa.
2. O Financial Fair Play pretende obrigar os clubes a não terem despesas superiores às receitas no conjunto das últimas 3 temporadas. Gastando apenas o que têm e não o que podem vir a ter.
3. Os cálculos do Financial Fair Play incidem principalmente nas receitas de direitos tv, bilheteira, publicidade, patrocínios e transferências de jogadores. As despesas incluem, os custos operacionais, custos com pessoal, transferências de jogadores e amortizações dos seus passes. Não estão incluídas as actividades do futebol de formação e actividades extra futebol.
4. O Financial Fair Play entra em vigor na temporada de 2013/14, no entanto já serão levados em conta os exercícios dos clubes correspondentes às temporadas de 2011/12 e 2012/13.
5. Na inicio da avaliação (em 2013/14), os clubes não podem registar perdas superiores a 45 milhões de Euros no conjunto das duas temporadas anteriores (2011/12 e 2012/13). Em 2014/15 os clubes não podem registar perdas superiores a 45 milhões de Euros nas 3 temporadas anteriores (2011/12, 2012/13 e 2013/14). De 2015/16 a 2017/18 as perdas não podem ser superiores a 30 milhões de Euros.
6. Sempre que um clube apresentar perdas superiores a 5 milhões de Euros, passa a estar sob avaliação do Painel de Controlo das Finanças dos Clubes da UEFA. É então obrigado a apresentar relatórios trimestrais e planos para solucionar o problema. Se o clube ultrapassar os limites previstos nos pontos anteriores é aberto um processo disciplinar pela Uefa.
7. As sanções disciplinares são avaliadas individualmente levando em conta a situação do clube e podem passar pela (a) suspensão da actividade desportiva, (b) exclusão da competição, (c) retirada de pontos nas competições europeias, (d) proibição de inscrição de jogadores.” (in http://www.futebolfinance.com)
Este apertado controlo financeiro aos clubes que participam nas competições organizadas pela UEFA, deveria servir seriamente de exemplo, às organizações máximas que gerem as ligas de cada país.
Se o leitor vê estas medidas como uma forte ameaça à competitividade das grandes equipas, pela incapacidade de contratar melhores jogadores, poderá também ver estas medidas como uma oportunidade que obrigará os clubes a reestruturarem-se, de forma a apostarem seriamente na formação dos seus jovens jogadores, no desenvolvimento e rentabilização das suas infra-estruturas, terminando com as especulações de mercado que se verificam a nível mundial, optimizando assim, a justiça desportiva e social.
REMATE DA SEMANA: “Não devemos ter medo dos confrontos, pois até os planetas se chocam, e do caos nascem as estrelas.” Charles Chaplin
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 13.12.2011
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