No sentido de avaliar as causas do sucesso ou insucesso desportivo, desde o jogador ao espetador, todos tentam perceber quais as causas que proporcionaram o resultado desportivo alcançado. Expressões como “não tivemos a sorte do jogo”, “a equipa de arbitragem prejudicou-nos”, “fomos muito organizados”, etc., são reações habituais dos elementos das respetivas equipas, que se apresentam nas conferências de imprensa, flash interview e outros momentos de comunicação. No meio desportivo, todos procuram incansavelmente explicações para os acontecimentos competitivos, no sentido de realizar uma avaliação de desempenho dos diferentes intervenientes. Estas justificações são tão variáveis, subjetivas e suscetíveis de cunhos pessoais, que para o mesmo acontecimento poderemos ter justificações diferentes, para o rendimento desportivo. Para o mesmo acontecimento, se consultar-mos diferentes pessoas, iremos obter distintas opiniões acerca do mesmo. Na área da psicologia, existem inúmeros estudos sobre esta temática denominada Atribuição Causal.
Segundo Sousa P. (2008), a atribuição causal assume-se como a evidência da forma como os atletas percepcionam e explicam os seus resultados desportivos. Estas explicações dadas pelos desportistas, apresentam uma relação com os seus comportamentos futuros, influenciando, consequentemente, as suas expetativas e motivações. Neste sentido, é importante que saibamos que algumas palavras depois de um jogo, podem dar importantes indicadores do estado psicológico de um desportista e/ou equipa, nomeadamente a sua motivação/desmotivação, sentimento de sucesso/fracasso, expetativa e aspirações, etc.
Muitos investigadores, estudaram a atribuição na vitória e na derrota, concluindo que existe uma evidente tendência para atribuir à vitória causas internas como o esforço, a dedicação, a organização, o espírito de equipa… e à derrota atribuir fatores externos como a falta de sorte, dificuldade da tarefa, o estado do terreno de jogo, etc.
Torna-se importante reter a importância das atribuições. O treinador deve condicionar através dos feedbacks que vai dando, nos momentos de comunicação com os seus jogadores, que o sucesso é predominantemente influenciado por causas internas, como o esforço, dedicação, coesão do grupo, organização tática, qualidade técnica, etc. Quando o inverso se verifica, ou seja, a atribuição dos resultados é ligada predominantemente a causa externas como: o árbitro, o estado do terreno, a sorte ou o azar, o jogador começa a interiorizar que não tem forte influência sobre o resultado desportivo. Consequentemente, cria um sentimento associado, que treinar bem e dedicar-se no jogo não tem grande influência para o rendimento desportivo, pois mais tarde ou mais cedo, fatores externos irão intervir na competição. Por este motivo, é que vários especialistas na área da psicologia do desporto, referem que as atribuições terão grande influência no futuro. Importante será mencionar que tanto na vitória como na derrota, a maior influência sobre o resultado desportivo, deverá ser atribuído a causas internas. Ora vejamos, segundo Fonseca (1999) o atleta que alcançou a meta para a qual se havia preparado mas que, em vez de atribuir esse sucesso à sorte, o atribui ao esforço que investiu nos treinos que antecederam a competição, tenderá a sentir um sentimento acrescido de orgulho em si. Estes sentimentos, aumentam a percepção de competência do desportista, e consequentemente a sua motivação para se dedicar tanto em treinos como na competição, trabalhando incansavelmente para se transcender para um patamar de rendimento superior.
Mas quando é que devemos atribuir a derrota a causas externas? Segundo Weiner (1992), se frequentemente os resultados negativos são atribuídos a causas estáveis internas, poderão despoletar um sentimento de desânimo, impotência e descontrolo. As emoções relacionadas com o desânimo podem resultar na desistência.
Neste sentido, os líderes do processo, deverão equilibrar as emoções dos desportistas, através das atribuições que realizam aos resultados desportivos, evitando assim, a regularidade de atribuir a causas externas o insucesso e a causas internas o sucesso, vendo a atribuição e as reflexões sobre os resultados obtidos, como um meio para mobilizar os seus desportistas para os objetivos da equipa e/ou clube, nas diferentes competições.
1º REMATE DA SEMANA: "O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo." (Sir Winston Churchill)
2º REMATE DA SEMANA: "Quando um homem responsabiliza os outros pelos seus fracassos, é bom começar a responsabilizá-los também pelos seus sucessos."
(Samuel Langhorne Clemens)
(Samuel Langhorne Clemens)
Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 6-12-2011
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