«Defenderemos, de forma empenhada e intransigente, as receitas das apostas online. O Governo português, ou melhor, os sucessivos governos desde 2005 terão de explicar a todos e cada um a razão pela qual o Real Madrid, o Bayern e o Lyon podem recorrer a patrocínios das apostas e Portugal não pode… Das quatro maiores Ligas do Mundo, somos a única que não pode. O atual ministro que tutela o Desporto é um governante reformista. Esta regulação não interessa apenas ao futebol mas sim a todos os desportos…», afirmou, o novo presidente da Liga de Clubes, na sua tomada de posse.
Numa altura em que a sustentabilidade dos clubes não tem a mesma força que há uns anos a esta parte, parece-me insensato que não se abram as portas à entrada de capital externo pelas empresas de apostas online. Realmente não percebo! Se teimosamente queremos ser diferentes, ou se mais uma vez gostamos de privilegiar “Monopólios de Misericórdia” em detrimento, daquilo que realmente nos poderá trazer proveitos. Objetivamente, como diz o ditado o maior cego é aquele que não quer ver! Mas realmente devemos ser mesmo o país dos “Chicos espertos”, com uma inteligência de outra dimensão, que nem aproveitar o exemplo dos melhores do mundo conseguimos. Será que alguém sairá misericordiosamente prejudicado pela entrada no país das apostas online? Se sim, façam-se acordos para minimizar os prejuízos. Impedir o desenvolvimento do futebol e a sua sustentabilidade por birra, parece-me uma solução egoísta, de quem olha apenas para o seu umbigo, esquecendo-se que sem outros umbigos à nossa volta, o nosso deixa de fazer sentido e até poderá deixar de existir!
O que é certo é que segundo o Dr. Fernando Gomes presidente da Federação Portuguesa de Futebol, "o impacto no médio prazo será catastrófico em termos do futebol português, na medida em que nós sabemos que estas casas investem aproximadamente 20 milhões de euros [por época] em Portugal", referindo-se ao patrocínio dos clubes e publicidades nos órgãos de comunicação nacionais, sendo este investimento, também feito também nas modalidades amadoras.
Ponto de vista do cidadão: Apesar de tudo, este braço de ferro retrógrada, é de quem não faz a mínima ideia, de que o jogo do 1x2 já não é o que era! O jovem não sente necessidade de jogar no boletim, porque tem acesso a outras formas de aposta, mais práticas; e o menos jovem não está interessado em aprender a navegar na internet e usá-la como forma de arriscar os seus palpites. Assim, salvo raras excepções, com a entrada das apostas online, para o cidadão comum, tudo se manterá como anteriormente.
Discute-se ainda o controlo da idade dos apostadores, eu pergunto, esses mesmos riscos não se colocam aos jogos da Santa Casa que estão disponíveis on-line e até no telemóvel? O risco parece-me o mesmo!
Ponto de vista do estado: Eu percebo que são atividades que proporcionam a movimentação de centenas de milhões de euros no país, sem que os cofres do estado façam qualquer encaixe financeiro, mas eu pergunto, quantas empresas portuguesas operam no país, que estão sediadas noutras paragens, fugindo à máquina fiscal nacional? Não haverá alguma semelhança sobre o ponto de vista ético?
E em jeito de resumo…
1) Quer queiramos quer não, muitos portugueses continuarão a fazer as suas apostas online, sem regulamentação quem continuará a perder é quem não regulamenta!
Porque não se negoceia, a abertura de sedes destas empresas no nosso país?
2) Monopólios e contratos de exclusividade, no meu ponto de vista não se justifica, numa sociedade que quer ser competitiva!
3) Se o país não der um passo de modernização, os clubes portugueses perderão competitividade em relação a outros, que podem recorrer a este tipo de entrada de capital.
4) É importante perceber que o jogo, poderá ser um fenómeno que provoca adição (vício). É necessário abordar o assunto de forma pedagógica na sociedade, evitando que se torne prejudicial para muitas famílias, à semelhança do que muitas vezes acontece nos casos encobertos, dos senhores que gastam milhões de euros compulsivamente em casinos e afins. Esses sim, parece que interessam a todos, portanto não se estabelecem limites de apostas, proporcionam-se créditos e endividamento sem fim!
REMATE DA SEMANA: "A melhor aposta é apostar em si mesmo." (Arnold Glasow)
Artigo Publicado no Jornal tribuna Desportiva de 24.01.2012
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