segunda-feira, 2 de julho de 2012

Penaltis: Panenka, Hélder Postiga e agora Pirlo!

No passado domingo, tivemos a oportunidade de assistir a mais um momento de magia, no que à marcação de penaltis diz respeito. Hélder Postiga já tinha sido protagonista de um “penalti à Panenka”, durante o euro 2004. Agora foi o experiente jogador italiano Pirlo o autor de tamanha obra de arte! Só um jogador com uma coragem desmedida, com um grande domínio sobre as emoções e com uma estrutura psicológica forte, decide converter uma grande penalidade desta forma. Ele próprio explica o que o levou a fazer isto:
«vi que o guarda-redes lançava-se bem e pensei em marcar desta forma, era mais fácil fazendo cair o guarda-redes. Quis também colocar um pouco de pressão sobre os ingleses». E não é que conseguiu! A verdade é que Ashley Young falhou o penalti seguinte, tendo sido um momento crucial para que a equipa italiana ficasse por cima emocionalmente… e desportivamente!


Segundo Golman (1995), quando vivemos um acontecimento semelhante a outro já vivenciado no passado, ao qual conotamos determinada emoção, temos tendência a associar-lhe o mesmo sentimento emocional já experimentado. Por esta razão, o jogador tem alterações negativas do estado emocional quando confrontado com situações nas quais teve insucesso, sentindo receio ou medo no confronto com essas situações.  

Visto isto, penso que Pirlo teve uma decisão inteligentíssima, fazendo evidenciar o trauma da Inglaterra nas grandes penalidades. Relembro que a equipa inglesa já disputou sete desempates em Europeus ou Mundiais e só ganhou um. De resto, há exatamente oito anos também foi eliminada desta forma por Portugal, no Euro 2004, como referi anteriormente, Hélder Postiga marcou uma grande penalidade da mesma forma. A marcação da grande penalidade por parte de Pirlo, poderá ter proporcionando que os jogadores ingleses, revivessem sentimentos de insucesso, mesmo depois de terem estado em vantagem, desencadeando assim, alguma perturbação emocional nos adversários. Como refere Damásio (2000), naturalmente um estado de grande perturbação emocional pode conduzir a decisões irracionais. A emoção faz parte dos processos de raciocínio e tomada de decisão.


REMATE DA SEMANA: Se soubermos que um obstáculo é intransponível, deixa de ser um obstáculo para se tornar um ponto de partida. (Juzsef Eorvos)

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 26.06.2012

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