quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Ansiedade condiciona… e de que maneira!

O tema que vos trago esta semana relaciona-se com a ansiedade. Na sequência do clássico Benfica - Porto do passado domingo, podemos constatar que alguns jogadores cometem erros neste tipo de jogos que noutros, com equipas consideradas mais acessíveis, não cometeriam. Além de ter sido um encontro entre rivais, era um jogo que poderia posicionar uma ou outra equipa, no topo da tabela classificativa. Por esses motivos e mais alguns, com certeza que a carga emocional da competição aumentou, proporcionando um consequente aumento da ansiedade sentida pelos intervenientes, que resultou nalguns erros de ordem técnico-tática.
Segundo Cruz (1996), a ansiedade nas atividades desportivas, é uma resposta à perceção de ameaça, que pode ocorrer tanto nos momentos de aprendizagem (treinos), como nos momentos onde essa aprendizagem é posta em prática (jogos). Alguns investigadores internacionais, especialistas em psicologia do desporto referem que a ansiedade na competição é despoletada por dois elementos, a incerteza sobre o que irá acontecer e a importância do resultado. Sentimentos como medo, nervosismo, tensão, apreensão podem levar a estados de ansiedade, que proporcionam um nível de ativação excessivo dos jogadores, impossibilitando que desempenhem a sua tarefa, tal como são capazes de o fazer em situação mais tranquilas.
Nestes momentos, o treinador e equipa técnica deverão fazer uma análise emocional do estado dos jogadores, no sentido de realizarem uma intervenção, através do diálogo ou outra forma de comunicação, levando a que o jogador volte a estar num equilíbrio emocional que proporcione o máximo rendimento durante a competição. Alerto que este trabalho realizado por parte da equipa técnica, é executado ao longo de toda a semana. Uma equipa técnica competente conhece tão bem os seus jogadores, que consegue prever de certa forma, como poderão encarar um jogo com as caraterísticas de um clássico, realizando assim uma intervenção pré competitiva individualizada e coletiva, para eliminar ou reduzir o seu estado de ansiedade.
A literatura da especialidade refere que poderão ser múltiplos os sintomas de ansiedade, como por exemplo, as palpitações, tensão muscular, sensação de fadiga, irritabilidade, boca seca, mão e pés suados, desejo de urinar, tremuras e contrações musculares, hiperventilação, perda de memória, dificuldade de concentração, etc. Basta um deste sintomas aparecerem, que naturalmente a probabilidade do jogador tomar uma decisão errada aumenta. Dando um exemplo, imagine que o movimento para realizar um passe para um colega de equipa, necessita de uma determinada tensão muscular, para que o realize em precisão. Se existe um fator que aumenta essa tensão muscular, neste caso a ansiedade, obviamente que a consequência será uma diminuição da precisão desse mesmo passe, por haver uma tensão muscular desregulada. Segundo Román, S. (2003), a tática e a técnica não mudam de uma semana para outra, mas as reações psicológicas sim.
 
Com base no referido anteriormente, verificamos que o treinador deve ser um gestor de níveis de ativação de jogadores, encontrando estratégias para diminui-la quando é excessiva e aumentando-a quando é reduzida. 
FRASE DA SEMANA: “Nada é tão lamentável e nocivo como antecipar desgraças.” Sêneca
Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 15.01.2013

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