O tema que vos trago esta semana
relaciona-se com a ansiedade. Na sequência do clássico Benfica - Porto do
passado domingo, podemos constatar que alguns jogadores cometem erros neste
tipo de jogos que noutros, com equipas consideradas mais acessíveis, não
cometeriam. Além de ter sido um encontro entre rivais, era um jogo que poderia
posicionar uma ou outra equipa, no topo da tabela classificativa. Por esses
motivos e mais alguns, com certeza que a carga emocional da competição
aumentou, proporcionando um consequente aumento da ansiedade sentida pelos
intervenientes, que resultou nalguns erros de ordem técnico-tática.
Segundo Cruz (1996), a ansiedade
nas atividades desportivas, é uma resposta à perceção de ameaça, que pode
ocorrer tanto nos momentos de aprendizagem (treinos), como nos momentos onde
essa aprendizagem é posta em prática (jogos). Alguns investigadores
internacionais, especialistas em psicologia do desporto referem que a ansiedade
na competição é despoletada por dois elementos, a incerteza sobre o que irá
acontecer e a importância do resultado. Sentimentos como medo, nervosismo,
tensão, apreensão podem levar a estados de ansiedade, que proporcionam um nível
de ativação excessivo dos jogadores, impossibilitando que desempenhem a sua
tarefa, tal como são capazes de o fazer em situação mais tranquilas.
Nestes momentos, o treinador e
equipa técnica deverão fazer uma análise emocional do estado dos jogadores, no
sentido de realizarem uma intervenção, através do diálogo ou outra forma de
comunicação, levando a que o jogador volte a estar num equilíbrio emocional que
proporcione o máximo rendimento durante a competição. Alerto que este trabalho
realizado por parte da equipa técnica, é executado ao longo de toda a semana.
Uma equipa técnica competente conhece tão bem os seus jogadores, que consegue prever
de certa forma, como poderão encarar um jogo com as caraterísticas de um
clássico, realizando assim uma intervenção pré competitiva individualizada e
coletiva, para eliminar ou reduzir o seu estado de ansiedade.
A literatura da
especialidade refere que poderão ser múltiplos os sintomas de ansiedade, como
por exemplo, as palpitações, tensão muscular, sensação de fadiga,
irritabilidade, boca seca, mão e pés suados, desejo de urinar, tremuras e
contrações musculares, hiperventilação, perda de memória, dificuldade de
concentração, etc. Basta um deste sintomas aparecerem, que naturalmente a
probabilidade do jogador tomar uma decisão errada aumenta. Dando um exemplo,
imagine que o movimento para realizar um passe para um colega de equipa,
necessita de uma determinada tensão muscular, para que o realize em precisão.
Se existe um fator que aumenta essa tensão muscular, neste caso a ansiedade,
obviamente que a consequência será uma diminuição da precisão desse mesmo passe,
por haver uma tensão muscular desregulada. Segundo Román, S. (2003), a tática e a técnica não mudam de uma semana para outra, mas as
reações psicológicas sim.
Com
base no referido anteriormente, verificamos que o treinador deve ser um gestor
de níveis de ativação de jogadores, encontrando estratégias para diminui-la
quando é excessiva e aumentando-a quando é reduzida.
Artigo
publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 15.01.2013
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