O esquema tático, é a fase do jogo
onde a bola é reposta em jogo após uma interrupção, que se pode justificar por
vários motivos: saída de bola de terreno de jogo, falta, início de uma das
partes jogos, etc. São momentos importantíssimos pois, alguns deles podem se
tornar decisivos na criação de uma oportunidade de golo. De acordo com o investigador
na área do futebol Hughes C., (1990) “Sabendo
que as equipas de sucesso são mais eficazes nos lances de bola parada, que
estes decidem muitas vezes um encontro e que são eles o fator singular mais
importante para a obtenção de golos, como é possível que de uma forma geral, as
equipas não estejam bem preparadas, como deveriam estar, para atacar através
desses lances?”.
Concordando com o especialista que
citei anteriormente, realmente esta é uma oportunidade singular que deve ser
trabalhada com algum cuidado, pois repare: 1. A bola está parada e a equipa tem
algum tempo para preparar a sua ação nas diferentes situações de esquema tático,
facilitando a realização de combinações pré definidas nas sessões de treino; 2.
As regras de jogo, obrigam o adversário a estar a uma distância, o que
possibilita a que se tire vantagem numa relação espácio-temporal; 3. Normalmente
a equipa poderá aumentar o número de jogadores perto das áreas de finalização;
4. O fato de ser uma situação mais “fechada”, permite que as situações de
treino, aumentem a sincronização e coordenação de movimentos.
Para que tenha uma ideia mais
concreta da importância dos lances de bola parada, veja o seguinte: o
investigador Hughes (1990), através de estudos realizados, verificou que “entre 1966 e 1986 decorreram seis finais do
Campeonato do Mundo onde foram marcados 27 golos, 13 dos quais foram
conseguidos através de lances de bola parada, e outros cinco marcados logo a
seguir a essa situação”. Em 2002 Taylor e a sua equipa de investigação,
verificou que no Campeonato do Mundo Japão/Coreia do Sul, dos 161 golos
marcados, 79 foram concretizados através de lances de bola parada, ou seja, 49%
dos golos alcançados. Se mesmo depois destes dados ainda não ficou convencido,
veja nas entrevistas dadas pelos treinadores, quantas vezes estes lances são
referidos! Esteja atento!
Tal como noutros momentos de jogo,
a análise do adversário, leva a que se descortine a forma como este aborda
defensivamente os lances de bola parada. Sabendo esse padrão de atuação, o
treinador poderá preparar a sua equipa e os esquemas táticos a adotar, no
sentido de aumentar a rentabilidade dos mesmos, explorando os pontos fracos do
adversário e evitar os pontos fortes. Assim, a equipa deverá ter uma forte
capacidade de adaptação, e uma variabilidade de esquemas táticos preparados,
que permitam que se adapte às caraterísticas do adversário, sem que para isso
tenha que perder a sua própria identidade. Ou seja, temos de ter sempre
presente que “o mais importante é sempre
a nossa equipa e não o adversário” (Mourinho in Oliveira et. Al 2006).
Fundamental, é que no meio da
preparação deste tipo de lances, os jogadores tenham liberdade de atuar em
função das alterações que o contexto vai sofrendo. A preparação não poderá ser
tão rigorosa que as movimentações sejam obrigatórias, como se um esquema
gímnico se tratasse. Respeitado a liberdade, a criatividade e a capacidade de
decisão dos jogadores, a abordagem aos lances nas situações de treino, devem
levar a que o jogador compreenda que as movimentações padronizadas sejam
caminhos a seguir, e que o jogador tem a possibilidade de ajustar a sua ação em
função das ações de todos os intervenientes. Isto deve acontecer desta forma,
pois em nenhuma situação de treino se consegue prever e representar o que vai
acontecer nas diferentes situações de jogo. Se essa previsão não se consegue
fazer de forma rigorosa, então, as ações de jogadores e equipa não podem ser
definidas de forma rigorosamente geométrica.
FRASE
DA SEMANA: “No silêncio mortal, todos os
detalhes de repente se encaixaram, numa explosão de intuição”. Eclipse
Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 16.10.2012
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