quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Futebol: esquemas táticos | lances de bola parada| fases estáticas|…


O esquema tático, é a fase do jogo onde a bola é reposta em jogo após uma interrupção, que se pode justificar por vários motivos: saída de bola de terreno de jogo, falta, início de uma das partes jogos, etc. São momentos importantíssimos pois, alguns deles podem se tornar decisivos na criação de uma oportunidade de golo. De acordo com o investigador na área do futebol Hughes C., (1990) “Sabendo que as equipas de sucesso são mais eficazes nos lances de bola parada, que estes decidem muitas vezes um encontro e que são eles o fator singular mais importante para a obtenção de golos, como é possível que de uma forma geral, as equipas não estejam bem preparadas, como deveriam estar, para atacar através desses lances?”.

Concordando com o especialista que citei anteriormente, realmente esta é uma oportunidade singular que deve ser trabalhada com algum cuidado, pois repare: 1. A bola está parada e a equipa tem algum tempo para preparar a sua ação nas diferentes situações de esquema tático, facilitando a realização de combinações pré definidas nas sessões de treino; 2. As regras de jogo, obrigam o adversário a estar a uma distância, o que possibilita a que se tire vantagem numa relação espácio-temporal; 3. Normalmente a equipa poderá aumentar o número de jogadores perto das áreas de finalização; 4. O fato de ser uma situação mais “fechada”, permite que as situações de treino, aumentem a sincronização e coordenação de movimentos.

Para que tenha uma ideia mais concreta da importância dos lances de bola parada, veja o seguinte: o investigador Hughes (1990), através de estudos realizados, verificou que “entre 1966 e 1986 decorreram seis finais do Campeonato do Mundo onde foram marcados 27 golos, 13 dos quais foram conseguidos através de lances de bola parada, e outros cinco marcados logo a seguir a essa situação”. Em 2002 Taylor e a sua equipa de investigação, verificou que no Campeonato do Mundo Japão/Coreia do Sul, dos 161 golos marcados, 79 foram concretizados através de lances de bola parada, ou seja, 49% dos golos alcançados. Se mesmo depois destes dados ainda não ficou convencido, veja nas entrevistas dadas pelos treinadores, quantas vezes estes lances são referidos! Esteja atento!

Tal como noutros momentos de jogo, a análise do adversário, leva a que se descortine a forma como este aborda defensivamente os lances de bola parada. Sabendo esse padrão de atuação, o treinador poderá preparar a sua equipa e os esquemas táticos a adotar, no sentido de aumentar a rentabilidade dos mesmos, explorando os pontos fracos do adversário e evitar os pontos fortes. Assim, a equipa deverá ter uma forte capacidade de adaptação, e uma variabilidade de esquemas táticos preparados, que permitam que se adapte às caraterísticas do adversário, sem que para isso tenha que perder a sua própria identidade. Ou seja, temos de ter sempre presente que “o mais importante é sempre a nossa equipa e não o adversário” (Mourinho in Oliveira et. Al 2006).

Fundamental, é que no meio da preparação deste tipo de lances, os jogadores tenham liberdade de atuar em função das alterações que o contexto vai sofrendo. A preparação não poderá ser tão rigorosa que as movimentações sejam obrigatórias, como se um esquema gímnico se tratasse. Respeitado a liberdade, a criatividade e a capacidade de decisão dos jogadores, a abordagem aos lances nas situações de treino, devem levar a que o jogador compreenda que as movimentações padronizadas sejam caminhos a seguir, e que o jogador tem a possibilidade de ajustar a sua ação em função das ações de todos os intervenientes. Isto deve acontecer desta forma, pois em nenhuma situação de treino se consegue prever e representar o que vai acontecer nas diferentes situações de jogo. Se essa previsão não se consegue fazer de forma rigorosa, então, as ações de jogadores e equipa não podem ser definidas de forma rigorosamente geométrica.

FRASE DA SEMANA: “No silêncio mortal, todos os detalhes de repente se encaixaram, numa explosão de intuição”. Eclipse
Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 16.10.2012

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