quinta-feira, 25 de abril de 2013

Portugal um Centro de Transferências de Jogadores

Segundo um estudo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES), Portugal é o quinto país mais exportador de jogadores de futebol. O nosso país é um centro de valorização e integração de jogadores provenientes da América Latina. Portugal, é detentor de uma importante porta de entrada na Europa, sendo as provas que os seus clubes disputam, uma prestigiada montra para a promoção de jogadores. São inúmeros os exemplos que podemos dar: Di Maria, Hulk, Ramirez, David Luiz, Pepe, Deco, etc. Se olharmos para o atual campeonato português, poderemos vislumbrar ainda vários candidatos a seguir o mesmo caminho, como é o caso Jackson Martínez, Cardoso, Lima, James Rodrigues, entre outros.
 
Num outro estudo realizado pela consultora estratégica de Bruxelas KEA European Affairs e pelo CDES, Centro de Estudos do Direito e da Economia do Desporto, esta ideia é ainda mais reforçada. O estudo apelida o nosso país de “hub”, pois recebe jogadores que mais tarde são distribuídos pelas diferentes ligas europeias ( http://ec.europa.eu/sport/library/documents/f-studies/study-transfers-final-rpt.pdf). Este estudo refere que os “…jogadores são, inicialmente, recrutados na América Latina, com quem Portugal mantém uma relação especial. Recruta atletas jovens (24,2 anos) no Brasil, em particular (60 jogadores recrutados em 2010), e o país é claramente uma entrada para o mercado europeu. Muitos destes jogadores são, de facto, re-exportados, principalmente para outros países europeus: foi esse o caso de 95 brasileiros em 2010”, sintetiza o estudo intitulado “The Economic and Legal Aspects of Transfers of Players”.
 
Segundo a investigação realizada, verifica-se que Portugal apresenta caraterísticas privilegiadas para assumir o papel de centro de transferências, tais como, a proximidade linguística e cultural, mas também, por se adaptar facilmente ao sistema de ‘partilha de direitos económicos’, bastante difundido na América do Sul.
 
Portugal é, portanto, altamente ativo no sistema de transferências internacionais (14 jogadores estrangeiros por clube, 9,9 novas entradas em média). Apenas 52% dos jogadores são recrutados no mercado nacional. Expatriados respondem por 55% dos jogadores em que 86% deles são não-europeus, onde podemos incluir 130 brasileiros em 2010-11, ou seja, 8,2 em média por clube! Em 2011, o clube mais ativo (UD Leiria) representaram 9,2% das transferências de jogadores.
 
Relativamente às receitas com exportação de jogadores, podemos observar que em 2010-11, o clube que mais faturou com a saída de futebolistas foi o S.L Benfica, recebendo 51% do total da receita de todos os clubes portugueses (€ 85M com David Luíz, Ramirez e Di Maria), ao passo que o clube que mais recrutou foi o F.C. Porto tendo sido responsável ​​por 45% do valor total pago por clubes portugueses. Além disso, o Benfica com a venda de três jogadores (David Luiz, Ramirez e Di Maria - € 85M), recebeu 48% de todas as receitas de transferências realizadas na 1 ª divisão Português.
 
Depois de analisarmos estes dados, poderá perceber porque é que os jogadores nacionais têm tanta dificuldade em integrar planteis profissionais, principalmente os mais jovens. Como refere o estudo em que me baseei para realizar este artigo, Portugal é totalmente dependente de operações de transferências”, sendo este, um fator extremamente importante para a manutenção da saúde económica do futebol nacional. Mas, apesar do impacto das trocas de jogadores entre os clubes até ser positivo no que diz respeito aos resultados financeiros, isso não é impeditivo para que o resultado líquido da liga portuguesa seja negativo, como refere o relatório.
 
Importante será equilibrar as receitas provenientes da transação de jogadores, com a aposta no produto da formação nacional, para que não se corra o risco de sermos obrigados a naturalizar grande parte dos jogadores que integram a Seleção Nacional.
 
REMATE DA SEMANA: "Tenha cuidado com os custos pequenos! Uma pequena fenda afunda grandes barcos." Benjamim Franklin
 
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 25.02.201

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