Segundo um estudo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES), Portugal é o quinto país mais exportador de jogadores
de futebol. O nosso país é um centro de valorização e integração de jogadores provenientes
da América Latina. Portugal, é detentor de uma importante porta de entrada na
Europa, sendo as provas que os seus clubes disputam, uma prestigiada montra
para a promoção de jogadores. São inúmeros os exemplos que podemos dar: Di Maria,
Hulk, Ramirez, David Luiz, Pepe, Deco, etc. Se olharmos para o atual campeonato português,
poderemos vislumbrar ainda vários candidatos a seguir o mesmo caminho, como é o
caso Jackson Martínez, Cardoso, Lima, James Rodrigues, entre outros.
Num outro estudo realizado pela
consultora estratégica de Bruxelas KEA European Affairs e pelo CDES, Centro de
Estudos do Direito e da Economia do Desporto, esta ideia é ainda mais
reforçada. O estudo apelida o nosso país de “hub”,
pois recebe jogadores que mais tarde são distribuídos pelas diferentes ligas
europeias ( http://ec.europa.eu/sport/library/documents/f-studies/study-transfers-final-rpt.pdf). Este
estudo refere que os “…jogadores são,
inicialmente, recrutados na América Latina, com quem Portugal mantém uma
relação especial. Recruta atletas jovens (24,2 anos) no Brasil, em particular
(60 jogadores recrutados em 2010), e o país é claramente uma entrada para o mercado
europeu. Muitos destes jogadores são, de facto, re-exportados, principalmente
para outros países europeus: foi esse o caso de 95 brasileiros em 2010”,
sintetiza o estudo intitulado “The Economic and Legal Aspects of Transfers of
Players”.
Segundo a investigação realizada, verifica-se que Portugal apresenta
caraterísticas privilegiadas para assumir o papel de centro de transferências,
tais como, a proximidade linguística e cultural, mas também, por se adaptar
facilmente ao sistema de ‘partilha de direitos económicos’, bastante difundido
na América do Sul.
Portugal é, portanto, altamente ativo no
sistema de transferências internacionais (14 jogadores estrangeiros por clube, 9,9 novas
entradas em média). Apenas 52%
dos jogadores são recrutados no mercado
nacional. Expatriados respondem por 55% dos jogadores em que 86% deles são não-europeus, onde
podemos incluir 130 brasileiros em
2010-11, ou seja, 8,2 em média por clube! Em
2011, o clube mais ativo (UD Leiria)
representaram 9,2% das transferências de
jogadores.
Relativamente às receitas
com exportação de jogadores, podemos observar que em 2010-11, o clube que mais faturou com a saída de futebolistas foi o S.L
Benfica, recebendo 51% do total da
receita de todos os clubes
portugueses (€ 85M com David Luíz, Ramirez e Di Maria),
ao passo que o clube que mais recrutou
foi o F.C. Porto tendo sido responsável por 45% do valor total pago por clubes portugueses. Além disso, o Benfica com a venda de três jogadores (David Luiz, Ramirez e Di Maria - €
85M), recebeu 48% de todas as receitas de transferências realizadas
na 1 ª divisão Português.
Depois de analisarmos estes
dados, poderá perceber porque é que os jogadores nacionais têm tanta
dificuldade em integrar planteis profissionais, principalmente os mais jovens. Como
refere o estudo em que me baseei para realizar este artigo, Portugal é “totalmente dependente de operações de
transferências”, sendo este, um fator extremamente importante para a
manutenção da saúde económica do futebol nacional. Mas, apesar do impacto das
trocas de jogadores entre os clubes até ser positivo no que diz respeito aos
resultados financeiros, isso não é impeditivo para que o resultado líquido da
liga portuguesa seja negativo, como refere o relatório.
Importante será equilibrar as receitas provenientes da transação de
jogadores, com a aposta no produto da formação nacional, para que não se corra
o risco de sermos obrigados a naturalizar grande parte dos jogadores que
integram a Seleção Nacional.
REMATE DA SEMANA: "Tenha cuidado com os custos pequenos! Uma
pequena fenda afunda grandes barcos." Benjamim Franklin
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 25.02.201
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