Parece-me consensual que para uma
equipa ter sucesso nos confrontos com os seus adversários, é fundamental que
esteja bem preparada, sendo que para isso haja rendimento nas unidades de
treino. Consideramos que o treino é o principal meio para aumentar o rendimento
da equipa no jogo.
É o treino que vai dar a conhecer os
comportamentos que a equipa deve ter nos diferentes momentos da competição. O
treino vai fazer com que a personalidade da equipa seja cada vez mais forte, proporcionando
um aumento da identificação com sua forma de jogar.
O treino não deverá ser encarado
como um fim, mas como um meio para atingir um determinado objetivo definido
pela estrutura do clube. Depois de um diagnóstico das potencialidades individuais
e coletivos da equipa, surgem uma serie de processos relacionados com a
planificação, integrando fatores como o modelo de jogo a adotar, as carências
a colmatar, as capacidades a potenciar e as características da competição com
que a equipa se vai deparar. Neste sentido, o treinador deverá preparar a sua
prescrição, identificando quais as componentes ativas dos exercícios que vão
levar a atingir os objetivos definidos. Estes objetivos, deverão estar em
permanente ajuste, à medida que a equipa evolui, tendo o treinador a obrigação
de fazer aumentar a complexidade e exigência do treino, de uma forma
proporcional ao percurso evolutivo da equipa.
Durante a competição o treino
apresenta algumas componentes ativas condicionadas pelo conhecimento do
adversário a defrontar. Equipas de alto nível integram nas suas equipas
técnicas recursos humanos responsáveis para analisar os adversários. Essa
análise dotará treinadores e jogadores com conhecimentos importantes, prevendo
situações que ocorrerão no jogo, preparando-os para dar resposta aos desafios
impostos. No meu ponto de vista, o treino deverá ser contextualizado, recriando o mais aproximadamente possível, essas
situações que decorrem no jogo. O ideal será chegar mesmo ao limite de recriar
contextos que representem os problemas impostos pelo adversário, aproveitando
ao máximo o trabalho realizado pelos técnicos de scouting. Quando o anteriormente
referido acontece, iremos atingir um nível de especificidade, que permitirá aos
jogadores transferir para a competição, os conteúdos abordados, levando a
equipa a atingir o máximo rendimento. José Mourinho deixa esta ideia bem clara
quando refere “Eu faço um estudo
detalhado do adversário para ajudar os jogadores. Para mim é imprescindível
saber como o treinador adversário reage, o tipo de substituições que faz, os
comportamentos padrão da equipa adversária… nós analisamos o adversário,
procuramos prever como se pode comportar contra nós e procuramos posicionar-nos
nalgumas zonas mais importantes do campo em função dos seus pontos fortes e
fracos. Mas isto são detalhes posicionais. Não mexem com os nossos princípios,
nem sequer com o nosso sistema.” O treinador português demonstra ainda que
este tipo de estudo do adversário apresenta um transfere importante para o
treino, quando refere “…logo no início da
semana comecei nos treinos a ensaiar as jogadas adversárias e a nossa forma de
as anular”.
Mesmo em treino, a competição deverá
estar maioritariamente presente, pois além de ser um meio de motivação dos
jogadores para desempenhar as tarefas propostas, é uma forma de fazer emergir o
conjunto de sentimentos e emoções presentes no jogo.
Assim, na minha opinião, deixa de
fazer sentido exercícios descontextualizados como correr na praia, pois o
transfere que se faz para o jogo é muito reduzido, para não dizer nenhum!
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