Se o desporto espetáculo está envolvido
pelo grande interesse das populações, o desporto turismo apresenta um potencial
acrescentado por três importantes razões: 1) coloca o cliente como protagonista
da atividade, proporcionando um importante combate aos flagelos da sociedade
atual, hipertensão, obesidade, entre outros; 2) proporciona uma sinergia
económica entre diferentes setores como hotelaria, restauração, comércio
tradicional, entre outros; 3) promove a redução do stress do dia-a-dia, fazendo
com que o praticante se dissocie da rotina, sendo uma atividade equilibradora
ao nível psico-emocional, que lhe permite regressar para a sua atividade
laboral, num estado de predisposição mais elevado.
Dada a evolução que o turismo
desportivo teve nos últimos anos, deixou de ser uma atividade virada apenas
para uma sociedade elitista, podendo ser transversal a todas as classes
económicas, tornando-se um produto de consumo usual.
Segundo estudos recentes, quanto
maior o número de recursos desportivos possui uma região, maior probabilidade
tem de atrair turismo. Cada vez mais, quando um turista pondera onde passar as
suas férias, procura informações quanto às atividades que poderá realizar no
local e nas zonas periféricas.
Na nossa região existem vários
recursos disponíveis para a referida prática desportiva, entre eles a Serra da
Estrela. A exploração desportiva deste recurso natural, torna-se de certa forma
sazonal, pois a referência desportiva são os desportos de inverno, estando
estes dependentes das condições climatéricas. Outro constrangimento que impede
a prática desportiva neste fabuloso recurso é o facto de estar inserido num
Parque Natural, que de certa forma impede que haja uma legal utilização para a
prática desportiva, nomeadamente em desportos de aventura como a escalada,
percursos pedestres, BTT, corrida de orientação, estre outras.
Apesar de perceber que os locais
com mais potencial desportivo da Serra da Estrela estão localizados dentro do
Parque Natural, considero que isto não deve ser na sua totalidade impeditivo da
prática desportiva, mas sim, permitir a prática desportiva cuidada e
devidamente regulamentada, tendo sempre em consideração o fluxo de pessoas que
utilizam esse espaço e a frequência de utilização. Na verdade, o desportista de
Natureza é normalmente cuidadoso, pois disfruta de um espaço que por si é
também valorizado, querendo-o preservar para futuras utilizações.
Dada a sazonalidade dos desportos de inverno, dada a oferta
desportiva disponível seria importante pensar em otimização da utilização do
recurso natural Serra da Estrela, como forma de promover o turismo desportivo
através da criação de percursos pedestres, bike park, escola de escalada, entre
outros. Seria importante alguém pensar em disponibilizar on-line roteiros
gastronómicos, desportivos e culturais como um todo. Nesses mesmos roteiros
assinalar "pontos
desportivos", permitir o adequado acompanhamento da prática e
desenvolvimento dessas modalidades, fornecendo um conjunto de dados importantes
para a avaliação dos seus impactos no espaço natural. Será importante
regulamentar, para que o Parque Natural da Serra da Estrela tenha uma lógica de
proteção que também contemple a sustentabilidade da região.
Seria importante alguém pensar que ir a um estância
europeia a partir de Lisboa, fica tão caro como vir de Lisboa à Serra da
Estrela, dados os gastos de viagem (combustível, portagens, …), alojamento,
alimentação, atividades realizadas, entre outras. Seria importante continuar a lutar contra os ideais dos iluminados, que colocaram
pórticos nos únicos acessos dignos ao interior do país. Será importante
continuar a lutar pelo interior do país! E o desporto poderá ser um grande
argumento de luta quando associado ao turismo.
REMATE DA SEMANA: “Muitos que lutam pela igualdade, quando se
veem beneficiados pela inferioridade mudam de opinião rapidamente.” Juan Desidério
Artigo
publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 24.09.2013
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