Cada vez mais se procura
conhecer, quais as caraterísticas que despoleta o sucesso dos treinadores na
sua atividade profissional. Segundo Pacheco (2005) “…a preparação dos jogadores assume-se como um processo complexo, que
exige o domínio de um leque alargado de competências”. Na minha opinião,
este domínio de competências diz respeito a dois cenários: 1. o treino como um
meio de preparar os jogadores/equipa para a competição; 2. a forma como o jogo
é gerido, com base nos sucessivos acontecimentos.
Segundo o que tenho lido em
artigos científicos da especialidade, o treinador deve ter um domínio alargado
sobre algumas competências, no que diz respeito à sua atuação nos dois cenários
anteriormente enunciados. Neste artigo, vou dar especial ênfase às competências
afetas à relação do treinador com os diferentes agentes. Estas competências vão
ser explicadas sucintamente, através de uma divisão concetual. Apesar de as
apresentar separadas, considero que todas elas se relacionam, estabelecendo um
clima de dependência no que à atividade do treinador diz respeito.
1.
Competências
psicológicas
Será
fundamental que o treinador seja capaz de avaliar o perfil psicológico dos seus
jogadores. Além de traçar as suas características, deverá saber como é que o
jogador reage a diferentes estímulos. É com base nestes pressupostos, que se equilibra
a relação treinador-jogador. Assim, o treinador conseguirá perceber como deve
lidar com cada elemento da equipa, como motivá-lo, puni-lo, corrigi-lo, regular
o seu estado de ansiedade, aumentar ou diminuir os seus níveis de ativação,
etc.
2.
Competência
na comunicação
Todos nós
sabemos que o treinador tem de comunicar com diferentes agentes desportivos.
Desde a comunicação social até aos próprios jogadores, o treinador deverá ser
capaz de transmitir a mensagem desejada. Uma mensagem mal interpretada, por um
jogador, poderá colocar em causa o rendimento de uma equipa. Assim como, uma
mensagem pouco objetiva, poderá fazer com que a comunicação social, extrapole
para situações que ponham em causa a estabilidade do grupo de trabalho. Neste
sentido quando o treinador comunica com os diferentes agentes desportivos,
deverá sempre utilizar uma estratégia que leve a que o “eco” da sua mensagem, beneficie
o grupo de trabalho, sendo que esta deverá ser a sua principal preocupação.
Segundo Beswick (2001) “… treinar é um
acto de permanente comunicação, e os bons treinadores conseguem explicar
claramente o que pretendem dos atletas, tornando-os capazes de concretizar aquilo
que lhes é exigido.”.
3.
Competência
na liderança
Tendo em conta
aquilo que vamos observando dos melhores treinadores mundiais, a liderança é
considerada como um aspeto “vital”, à sobrevivência do treinador no meio
desportivo. A ação de liderar, na minha opinião, está diretamente relacionada
com a capacidade de influenciar. Influenciar, para que o jogador/equipa,
realize de uma forma motivada as tarefas propostas pelo treinador. Outra ideia
que me parece importante, é que o estilo de liderança do treinador, seja capaz
de aglutinar toda a equipa em torno das missões propostas para os diferentes
jogos e, fundamentalmente, para os objetivos do clube.
A capacidade
de encontrar novas soluções para os problemas relacionados com o jogo e treino,
pode ser uma forma de criar um ambiente carismático à volta do treinador. Hoje
em dia, muitos dos treinadores repetem aquilo que lhes é transmitido nas
formações, ou copiam exercícios ou formas de jogar de outros. Penso que um
treinador que promova situações novas, adaptadas ao contexto onde atua, pode
transmitir uma forte imagem de competência. Fundamental, é que o produto da sua
criatividade seja aceite e compreendido por todo o grupo de trabalho, para que
todos se envolvam nas suas ideias, resultando num esforço comum que leve à
vitória.
5.
Inteligência
emocional
Tendo em conta
as definições de inteligência emocional de Goleman (1999), associando-as às
funções do treinador, este deverá ser capaz de reconhecer os seus próprios
sentimentos e dos seus jogadores. Assim proporcionará um eficaz autocontrolo,
que por sua vez, não permitirá que as emoções do jogo, influenciem
negativamente a sua capacidade de tomar decisões sobre o mesmo.
Com certeza que sem perceber o
efeito de um determinado medicamento, o médico nunca poderá prescreve-lo para
chegar à cura de uma doença. O que muitas vezes não acontece no treino
desportivo!… Muitos utilizam determinadas metodologias, exercícios e formas de
estar, formas de comunicar e afins, sem perceber o seu efeito. Quando não se
percebe o seu efeito, dificilmente se acredita que traga rendimento! Dificilmente
se faz com que os outros acreditem que o efeito é profícuo!
REMATE
DA SEMANA: “Os ventos e as ondas estão
sempre do lado dos navegadores mais competentes”. Edward Gibbon
Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 4.09.2012
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