segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Competências relacionais do treinador


Cada vez mais se procura conhecer, quais as caraterísticas que despoleta o sucesso dos treinadores na sua atividade profissional. Segundo Pacheco (2005) “…a preparação dos jogadores assume-se como um processo complexo, que exige o domínio de um leque alargado de competências”. Na minha opinião, este domínio de competências diz respeito a dois cenários: 1. o treino como um meio de preparar os jogadores/equipa para a competição; 2. a forma como o jogo é gerido, com base nos sucessivos acontecimentos.

Segundo o que tenho lido em artigos científicos da especialidade, o treinador deve ter um domínio alargado sobre algumas competências, no que diz respeito à sua atuação nos dois cenários anteriormente enunciados. Neste artigo, vou dar especial ênfase às competências afetas à relação do treinador com os diferentes agentes. Estas competências vão ser explicadas sucintamente, através de uma divisão concetual. Apesar de as apresentar separadas, considero que todas elas se relacionam, estabelecendo um clima de dependência no que à atividade do treinador diz respeito.

1.       Competências psicológicas

Será fundamental que o treinador seja capaz de avaliar o perfil psicológico dos seus jogadores. Além de traçar as suas características, deverá saber como é que o jogador reage a diferentes estímulos. É com base nestes pressupostos, que se equilibra a relação treinador-jogador. Assim, o treinador conseguirá perceber como deve lidar com cada elemento da equipa, como motivá-lo, puni-lo, corrigi-lo, regular o seu estado de ansiedade, aumentar ou diminuir os seus níveis de ativação, etc.

2.       Competência na comunicação

Todos nós sabemos que o treinador tem de comunicar com diferentes agentes desportivos. Desde a comunicação social até aos próprios jogadores, o treinador deverá ser capaz de transmitir a mensagem desejada. Uma mensagem mal interpretada, por um jogador, poderá colocar em causa o rendimento de uma equipa. Assim como, uma mensagem pouco objetiva, poderá fazer com que a comunicação social, extrapole para situações que ponham em causa a estabilidade do grupo de trabalho. Neste sentido quando o treinador comunica com os diferentes agentes desportivos, deverá sempre utilizar uma estratégia que leve a que o “eco” da sua mensagem, beneficie o grupo de trabalho, sendo que esta deverá ser a sua principal preocupação. Segundo Beswick (2001) “… treinar é um acto de permanente comunicação, e os bons treinadores conseguem explicar claramente o que pretendem dos atletas, tornando-os capazes de concretizar aquilo que lhes é exigido.”.

3.       Competência na liderança

Tendo em conta aquilo que vamos observando dos melhores treinadores mundiais, a liderança é considerada como um aspeto “vital”, à sobrevivência do treinador no meio desportivo. A ação de liderar, na minha opinião, está diretamente relacionada com a capacidade de influenciar. Influenciar, para que o jogador/equipa, realize de uma forma motivada as tarefas propostas pelo treinador. Outra ideia que me parece importante, é que o estilo de liderança do treinador, seja capaz de aglutinar toda a equipa em torno das missões propostas para os diferentes jogos e, fundamentalmente, para os objetivos do clube.

 4.       Criatividade

A capacidade de encontrar novas soluções para os problemas relacionados com o jogo e treino, pode ser uma forma de criar um ambiente carismático à volta do treinador. Hoje em dia, muitos dos treinadores repetem aquilo que lhes é transmitido nas formações, ou copiam exercícios ou formas de jogar de outros. Penso que um treinador que promova situações novas, adaptadas ao contexto onde atua, pode transmitir uma forte imagem de competência. Fundamental, é que o produto da sua criatividade seja aceite e compreendido por todo o grupo de trabalho, para que todos se envolvam nas suas ideias, resultando num esforço comum que leve à vitória.

5.       Inteligência emocional

Tendo em conta as definições de inteligência emocional de Goleman (1999), associando-as às funções do treinador, este deverá ser capaz de reconhecer os seus próprios sentimentos e dos seus jogadores. Assim proporcionará um eficaz autocontrolo, que por sua vez, não permitirá que as emoções do jogo, influenciem negativamente a sua capacidade de tomar decisões sobre o mesmo.

 Reconhecendo a importância destas competências, parece-me fundamental que o treinador seja igual a si mesmo, tendo em conta que deve sempre fazer alguns ajustes, com base nos instrumentos e conhecimentos disponíveis, como aqueles que acabei de referir. Muitos olham para modelos de treinadores e tentam copiar as suas formas de atuação. Penso que uma cópia nunca consegue ser igual ao original, nem tão pouco melhor que o original!

Com certeza que sem perceber o efeito de um determinado medicamento, o médico nunca poderá prescreve-lo para chegar à cura de uma doença. O que muitas vezes não acontece no treino desportivo!… Muitos utilizam determinadas metodologias, exercícios e formas de estar, formas de comunicar e afins, sem perceber o seu efeito. Quando não se percebe o seu efeito, dificilmente se acredita que traga rendimento! Dificilmente se faz com que os outros acreditem que o efeito é profícuo!

REMATE DA SEMANA: “Os ventos e as ondas estão sempre do lado dos navegadores mais competentes”. Edward Gibbon

Artigo Publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 4.09.2012

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