Todos nós sabemos que Ricardo Sá
Pinto foi dos jogadores mais queridos pela massa associativa do Sporting Clube
de Portugal, tanto pela sua dedicação ao clube, como pela sua postura dentro de
campo, que lhe atribuiu o apelido de “Ricardo Coração de Leão”.
Como jogador, a sua carreira
profissional iniciou-se no Sport Comércio e Salgueiros, tendo sido transferido
para o Sporting em 1994. Passou depois pelo Real Sociedade (de 1997 a 1999),
tendo posteriormente voltado ao Sporting. Sá Pinto teve também a oportunidade
de representar a Seleção Nacional.
Para que veja a relação próxima
de Ricardo Sá Pinto com a massa associativa, quando mais tarde se transferiu
para o Standard de Liége, utilizou a camisola 76, em homenagem à claque
leonina, que foi fundada em 1976. Em sinal de reciprocidade a Juventude Leonina
também ostenta em todos os jogos uma tarja em honra do "Grande Capitão”.
Depois de ter passado pela função de diretor desportivo (2009/2010) que
abandona devido ao mediático caso com Liedson, onde se envolveu em agressões
física e verbais, decidiu enveredar pela carreira de treinador,
iniciando-se como adjunto do União de
Leiria. Passado um ano, a convite da nova direção do Sporting, assume-se como
treinador da equipa de juniores. A 13 de fevereiro de 2012, após despedimento
de Domingos Paciência, torna-se treinador da equipa profissional do seu clube
do coração.
Assim sendo, a carreira de Ricardo Sá Pinto ainda nem sequer completou 3
anos. Torna-se treinador de um grande, sem nunca ter assumido a liderança de um
outro clube de menor dimensão, o que é no mínimo estranho! A que isto se deve? Não
se sabe bem, mas que se torna prematuro, sem dúvida que sim!
Se comparar-mos com as carreiras dos seus adversários, constatamos o
seguinte:
- Vítor Pereira – Como treinador de formação: iniciados do
Padroense e F.C. Porto; Como treinador adjunto:
Gondomar, Arrifanense, Esmoriz e F.C. Porto. Como treinador principal:
Sanjoanense, Sporting de Espinho, Santa Clara e Por fim F.C. Porto. Conclusão
mais de 10 anos até chegar a técnico principal de um grande português.
- Jorge Jesus – Apenas como
treinador principal: Amora, Felgueiras, Estrela da Amadora, Vitória de Setúbal,
Guimarães, Moreirense, União de Leiria, Belenenses, Braga e finalmente o
Benfica. Conclusão, iniciou a sua carreira de treinador em 1989 e chegou ao
S.L. Benfica em 2009. 20 anos até chegar a técnico de um grande português.
José Mourinho em determinada altura, quando fez uma análise justificativa
da sua carreira de sucesso explicou: “as etapas sucederam-se de forma sustentada e
progressiva, nada foi abrupto.” Relembro que o melhor do mundo, apresenta
uma fase preparatória muito importante, nomeadamente como adjunto de grandes
treinadores como Van Gaal e Bobby Robson. Esteve também como técnico principal
de clubes de menor dimensão, até chegar ao F. C. Porto, onde o sucesso obtido
abriu-lhe as portas para uma carreira de sucesso pelas grandes ligas europeias.
Melhor exemplo de carreira progressiva e sustentada não pode haver.
Só me almeja especular
questionando, será que o n.º 76 de Juventude Leonina teve alguma culpa no
cartório?
Tendo em conta os exemplos
mencionados, e a noção que é necessário tempo para amadurecer, a forma como
Ricardo Sá Pinto chegou a técnico principal do Sporting, merece uma análise em
duas perspetivas: 1 - Uma clara coragem e vontade de ajudar o seu clube do
coração, apanhando aquele comboio que só passa uma vez, como se costuma dizer
na gíria do futebol! 2- Alguma irresponsabilidade de quem decide, atirando um
técnico que ainda não possui uma carreira consolidada, diretamente para o meio
dos leões! Bem ou mal, o tempo e os resultados nos irão dizer. Vamos ver quanto
tempo vai aguentar a corda bamba!
Artigo publicado no Jornal Tribuna Desportiva de 25.09.2012
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